Com pedidos de “sem anistia”, população vai às ruas de Natal em ato contra terrorismo de bolsonaristas

Publicado em 10 de janeiro de 2023 às 09h32min

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Movimentos sociais, entidades estudantis, partidos políticos, centrais sindicais e pessoas independentes marcharam na noite desta segunda-feira (9) em Natal contra as ameaças golpistas de bolsonaristas, que executaram uma ação terrorista no dia anterior em Brasília. 

O ato foi marcado para às 18h no Midway Mall e caminhou até a altura da Igreja Universal. Cartazes exibiam mensagens em defesa da democracia e pediam o fim do “vandalismo fascista”, além da prisão do ex-presidente Bolsonaro e seus aliados. Uma intervenção artística ainda ironizava a diferença nas atuações da polícia nos atos protagonizados pela esquerda e pela direita. Nos gritos, manifestantes entoavam pedidos como “sem anistia, povo na rua pela democracia”.

No ato, estiveram segmentos como sem-teto, sem-terra, docentes da educação básica e superior, bancários, técnicos de enfermagem, dentre outros. O professor Oswaldo Negrão, presidente do Sindicato dos Professores da UFRN (Adurn-Sindicato), classificou o ato dos bolsonaristas como “absurdo”.

Foto: Vlademir Alexandre

“A gente nunca tinha passado por uma experiência dessa desde a redemocratização do país. O ataque aos poderes estabelecidos, ao Executivo, ao Legislativo e Judiciário, no momento que eles invadem os palácios e fazem aquela destruição das artes e documentos, revela a falta de respeito que esses terroristas têm com o Estado Democrático de Direito”, criticou.

“Aquele discurso que eles tinham de família, propriedade, tradição e religiosidade todo cai por terra porque eles não são cristãos. Eles seguem um falso profeta e na verdade o que querem é justamente uma decisão que é totalmente antidemocrática”, continuou Negrão.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) levou cerca de 100 assentados para a manifestação. Erica Rodrigues, da direção estadual do movimento, falou sobre a importância de unir a luta sem-terra à causa antifascista:

“O MST está mobilizado em todo o Brasil, no campo e na cidade, repudiando o que aconteceu ontem (8). Foi um atentado contra o povo brasileiro e com o governo que o povo brasileiro escolheu. Então a gente vem denunciar principalmente e pede que todos os criminosos sejam punidos, principalmente quem financiou”, disse.

Grupo faz intervenção artística

Foto: Luana Tayze/Ascom Brisa Bracchi

Vestindo uma camisa da Seleção e com uma máscara de porco, o psicólogo Yuri Paes, 31, imitava os extremistas bolsonaristas e trazia um cartaz pendurado ao corpo com algumas alternativas marcadas. Entre as opções de “sim” e “não”, o “não” prevalecia em relação à repressão, tiros e ameaças. O “sim” estava marcado apenas na opção de escolta. 

Já sua parceira Marina Dantas, 30, professora e militante do coletivo feminista Amélias, estava caracterizada como uma ativista de esquerda e outro cartaz com o “sim” para a repressão, tiros e ameaças. Segundo Paes, o objetivo da ação era conseguir dialogar com o povo.

“A gente entende que para conseguir atingir esse objetivo, a gente tem que utilizar as diversas formas que a população e o povo brasileiro conseguiram desenvolver. A cultura e a arte são uma forma prioritária de conseguir estabelecer diálogo com o povo, por isso a gente tem feito essa intervenção como uma forma de conseguir expandir também o diálogo”, afirmou.

Do interior à capital

Uma das organizadoras da manifestação antifascista foi Luh Vieira, presidenta da União Estadual dos Estudantes (UEE-RN) e aluna da Uern Mossoró. Ela enfrentou a viagem de mais de 200km para o ato unitário em Natal, que reuniu também estudantes da região metropolitana.

“O ato foi pensado em unidade porque o combate ao fascismo é uma pauta que une todo o povo potiguar e todo o povo brasileiro que é pobre, que é da classe trabalhadora, as mulheres, os negros e negras, LGBTs. O que movimenta a gente é a defesa da democracia”, ressaltou.

Lorena de Miranda e Alex Monteiro, diretores da Regif | Foto: Valcidney Soares

Alex Monteiro, estudante do IFRN Ceará-Mirim, foi outro a se manifestar contra a tentativa de golpe de extrema-direita. Presidente da Rede de Grêmios do IFRN (Regif), afirmou que é “muito importante se organizar nesse momento, porque esse golpe foi anunciado há quatro anos”, em referência à eleição de Bolsonaro.

Policial antifascista rechaça atuação da PM-DF

Liderança do Movimento Policiais Antifascismo, o civil Pedro Paulo Mattos, conhecido como Pedro Chê, criticou a “predileção” da PM-DF ao não conter os extremistas da Esplanada dos Ministérios. 

Uma investigação foi aberta pelo Ministério Público Federal (MPF) nesta segunda (9) para apurar a possível omissão do comandante da PM-DF, coronel Fábio Augusto Vieira, e demais autoridades envolvidas nas manifestações golpistas.

“A polícia tem que respeitar a lei, o ordenamento jurídico. O que aconteceu ontem foi uma predileção. Foi patético ver colegas policiais chamando os golpistas para dentro dos prédios públicos. Isso não existe”, sentenciou.

“Não cabe desculpa pelo que aconteceu. Tem que responsabilizar os culpados, sejam eles quem forem, e eu tenho confiança de que o governo federal entendeu a gravidade e vai ajudar e vai fazer a sua parte, o judiciário também, pra que essas pessoas sejam identificadas”, pontuou o policial. 

Foto: Valcidney Soares

Inicialmente, a manifestação em Natal estava prevista para caminhar até a altura da Árvore de Mirassol. O percurso, entretanto, foi encurtado e finalizou na altura da Igreja Universal. Segundo uma das organizadoras, foi acertado com a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) que o protesto se encerraria naquele local, sob pena de multa. Um dos partidos da organização, a Unidade Popular(UP), se colocou contra e defendeu seguir o trajeto original, mas foi voto vencido. 

Não houve invasão a prédios públicos ou depredação no ato dos movimentos populares, ao contrário do registrado na invasão dos bolsonaristas em Brasília.

Fonte: Saiba Mais

ADURN Sindicato
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