Contra o Homo delinquens e pela democracia

Publicado em 11 de janeiro de 2023 às 09h24min

Tag(s): Democracia



Diante dos acontecimentos bárbaros, ocorridos no último dia 08 em Brasília, o Instituto Humanitas os repudia e reafirma seu compromisso incondicional com uma democracia política plena, bem como reitera sua vocação em defesa de um humanismo civilizado, capaz de despertar consciência crítica na sociedade por cabeças bem-feitas através de uma formação ética, filosófica, política, artística e literária. Um humanismo herdeiro de intelectuais generalistas, problematizadores, criadores de conceitos e de controvérsias estratégicas na agenda civilizatória.

Com as experiências da pandemia e de governos anocráticos (Trump e Bolsonaro), nunca o Estado, a Ciência, a Filosofia e as Letras foram tão importantes para a luta contra a tragédia letal da Covid-19, como também resistências sísifas aos fundamentalismos religioso, político e militar de extrema-direita.

O coquetel necropolítico trocou vacina por cloroquina, trocou livros por armas e relativizou o papel ético e moral da verdade. Os acontecimentos de Brasília são tributários desta necropolítica bolsonarista geradora de Homo delinquens pertencentes a uma massa de acossamento. Esse tipo de massa tem comportamento violento e é treinada para matar, pois tem como meta principal a eliminação do outro.

Como uma malta, os bolsonaristas se fecham ao diverso e usam símbolos, discursos de ódio e da destruição. Comprometendo, assim, a democracia.

Aos Homo delinquens bolsonaristas interessa o rumor do medo e a desinformação através das plataformas digitais entre grupos religiosos, militares, empresários do agronegócio, representantes de clubes de tiro e de caça. Tudo isso se expressa nas cenas bárbaras de destruição do patrimônio ou de monumentos públicos da República brasileira. Cenas incivilizadas e golpistas.

Como afirma Bárbara Walter, governantes como Jair Bolsonaro, no Brasil, Órban, na Hungria e Erdogan, na Turquia, são legítimos representantes de uma anocracia. Tais nações não seriam autocracias absolutas nem democracias plenas, mas uma zona intermediária.

Consoante ao regime anocrático, podemos citar a perseguição às liberdades de opinião, uso contínuo de dispositivos tecnológicos e a propagação de desinformação em plataformas digitais, como o WhatsApp e o Telegram. Assim a infocracia respalda esse novo regime político. Especialmente por discursos e ações políticas na esfera pública por enxames dos Homo delinquens.

Por tais razões, o Instituto Humanitas repudia veemente os atos golpistas e de destruição do dia 08 de janeiro e manter-se-á vigilante na defesa de uma democracia plena.

Instituto Humanitas – UFRN.

10 de janeiro de 2023

 

Fonte: Instituto Humanitas

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