Base plural faz centrais sindicais desistirem de buscar candidato único

Publicado em 09 de março de 2010 às 11h21min

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi, nem a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, e a inauguração da nova sede da Força Sindical, em São Paulo, foi marcada pela decisão de que as seis centrais sindicais terão liberdade para apoiar diferentes candidatos nas eleições presidenciais deste ano.
Assim, a ideia antes consensual, aprovada em reunião entre CUT, Força Sindical, UGT, NCST, CTB e CGTB em janeiro, de que as seis entidades apoiariam o mesmo candidato, foi por água abaixo.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) tem posição fechada para a campanha presidencial - o presidente da CUT, Artur Henrique, iniciou seu discurso ontem pela manhã com um "Bom Dilma" - mas centrais como a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) lidam com disputas internas.
Na UGT, segundo Marcos Afonso de Oliveira, secretário de Comunicação da entidade, há em sindicatos importantes ligados à central "forte influência" do PPS, partido que faz oposição ao governo federal. O presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, declara voto em Dilma, mas o primeiro vice-presidente, Melquíades Araújo, é filiado ao PSDB.
"A Força tem gente de vários partidos. A grande maioria vai apoiar a Dilma, mas nosso vice-presidente, por exemplo, vai votar no candidato do PSDB", disse Paulinho. Ele não acredita que o atual governador de São Paulo, José Serra (PSDB), será candidato.
"O Serra ainda não anunciou a candidatura porque tem dúvidas. Vai ser muito difícil alguém ganhar da Dilma, que é a minha candidata", afirma. O presidente da Força, que também é deputado federal pelo PDT, pertenceu, como vice-presidente, à chapa de Ciro Gomes nas eleições de 2002, e em 2006 apoiou Geraldo Alckmin (PSDB) para presidente.
No evento que inaugurou a sede da Força, os presidentes das seis centrais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho fizeram coro pela manutenção do repasse do imposto sindical. A contribuição, cobrada de todo trabalhador sindicalizado, passou a ser, desde 2008, repartida com as centrais.
Nos últimos dois anos, foram repassados R$ 146,6 milhões às centrais. A sede inaugurada ontem foi a décima lançada no Estado de São Paulo desde 2008, e os custos de compra e reforma, segundo informou a Força, foram de R$ 6 milhões.
"Nós levantamos essa sede", diz Paulinho, "com dinheiro do imposto sindical". Segundo o dirigente, a entidade não cobra mais mensalidade dos sindicatos ligados à central. "A Força hoje vive do imposto sindical", afirmou.
Como informou o Valor na última sexta-feira (5), inaugurar sedes foi o principal fim dado pela Força ao dinheiro repassado pelo governo. Domingo (7), líderes das outras centrais afirmaram que pretendem seguir o mesmo rumo.
"Em um ano e meio também vamos comprar nossa sede", afirmou Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), entidade que recebe o equivalente a um quinto do dinheiro da Força - no ano passado, a CTB recebeu R$ 4,6 milhões do Governo, enquanto a Força levou R$ 22,6 milhões.
Todos os dirigentes se disseram "confiantes" em relação à votação no Supremo Tribunal Federal (STF) que definirá se esses repasses são constitucionais.

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