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Publicado em 01 de março de 2023 às 14h07min
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 160 milhões de pessoas sofriam com doenças relacionadas ao trabalho em 2016. Além disso, a pesquisa também apontou que naquele ano as lesões e doenças relacionadas ao trabalho provocaram a morte de 1,9 milhão de pessoas. O estudo levou em consideração diversos fatores de risco ocupacional - o principal deles foi a exposição a longas horas de trabalho, que estava associada a cerca de 750.000 mortes.
Na área de ensino, que desde a Reforma do Ensino Médio observa trabalhadores e trabalhadoras da educação aumentarem as jornadas laborais, fator essencial para ampliar os riscos de adoecimento, o cenário vem se agravando.
Neste 28 de fevereiro, Dia Internacional de Combate às Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e por Distúrbios Osteomusculares (Dort), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) alerta para a necessidade de implementação de condições dignas de trabalho como forma essencial de prevenção.
A reestruturação e reorganização das formas de trabalho, com redução de tempo de descanso, introdução de novas tecnologias, cobranças excessivas por resultados e queda nas remunerações promovem uma epidemia de doenças ligadas às atividades profissionais.
Dentre os sintomas mais comuns de LER/Dort estão as dores localizadas especialmente nos membros superiores e dedos, a dificuldade de movimentação, a redução na amplitude do movimento, as dificuldades para o uso dos membros, particularmente das mãos, e, mais raramente, áreas de hipotrofia ou atrofia. Além de fraqueza, cansaço, peso, dormência, formigamento, sensação de diminuição, perda ou aumento de temperatura e sensibilidade.
Ao defender a revogação a reforma do ensino médio, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), aponta que a medida aprofunda a exposição de trabalhadores e trabalhadoras ao esforço repetitivo.
A secretária nacional da CNTE de saúde do trabalhador e da trabalhadora da educação, Francisca Seixas, destaca que a necessidade de assumir os chamados itinerários formativos faz com que o aumento do número de aulas associado a ações que acompanham essa atividade, como o preenchimento de mais diários digitais, expande o número de pessoas afetadas.
O cenário preocupante é comprovado por estudos como “Novas formas de trabalhar, novos modos de adoecer”, que a confederação produziu em 2021 a partir de uma pesquisa realizada com 714 profissionais da educação.
A pesquisa realizada no auge da pandemia apontou que a falta de profissionais, o contínuo processo de deslegitimação da autoridade apoiado em ataques da extrema-direita como o projeto Escola sem Partido e a perda da autonomia com a transformação dos educadores e educadoras em tarefeiros têm adoecido toda a categoria.
Para a dirigente, a saída para que as escolas sejam locais de saúde e não de sofrimento passa obrigatoriamente pela implementação da Lei do Piso, uma conquista ainda em disputa no país.
“Não há saúde sem a recomposição dos direitos da classe trabalhadora, sem emprego com jornada adequada e com salário digno. A aplicação da Lei do Piso, associada à revogação da reforma do ensino médio, que não cumpre nada do que propôs, nem foca na formação geral para o ensino superior, nem forma especialistas, porque é muito genérico, é essencial para uma educação qualificada e que ofereça dignidade às trabalhadoras e trabalhadores”, defende.
Fonte: CNTE