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Publicado em 18 de abril de 2023 às 12h10min
Tag(s): CUT Violência nas escolas
Os professores da rede municipal de Natal (RN), foram surpreendidos com a aprovação de um projeto de lei que obriga a colocação de vigilância armada em escolas da rede pública da cidade
scrito por: Concita Alves ( CUT-RN)
De autoria da vereadora Nina Souza (PDT), o projeto lei que obriga a colocação de vigilância armada em escolas da rede pública da rede municipal de ensino de Natal (RN), foi protocolado na Câmara em dezembro do ano passado, mas até entrar em votação, só havia passado pela Comissão de Justiça, mesmo assim foi aprovado na última quarta-feira (12), em regime de urgência com a realização das duas votações necessárias numa única sessão.
Para Bruno Vital, professor e coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (Sinte/RN) a questão da segurança armada é bem preocupante.
“Primeiro quero lamentar, porque enquanto profissionais que estão na escola, nós não fomos convidados a fazer esse debate. Essa discussão tem se alastrado e nos perguntado sobre a necessidade de ter segurança ou não. Acredito que vamos precisar ter um reforço com acompanhamento. Tem a ideia das rondas, por exemplo, estarem nas escolas”, avaliou Bruno, em entrevista ao Saiba Mais.
Em sua justificativa, a autora do projeto, afirmou que a urgência do tema para que a votação ocorresse sem debates. Porém, é justamente a urgência, somada à falta de estrutura no setor de segurança pública, que preocupa o coordenador do Observatório da Violência (Obvio), Oswaldo Negrão, que também é professor de Ciências da Saúde da UFRN. A Obvio foi criada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para monitorar e catalogar os dados de violência criminal no estado.
“É um grande equívoco pensar na solução da segurança pública e do enfrentamento de ações violentas com o armamento das instituições escolares. As crianças, adolescentes e profissionais da educação serão revistadas individualmente? Teremos detectores de metal em funcionamento em cada estabelecimento de ensino? , questiona.
“A situação da violência é preocupante, prossegue, mas precisamos de estratégias que estimulem a cultura da paz e da não agressão. Ações que abrangem o âmbito escolar e educacional devem ser tomadas a partir do debate com educadores e especialistas da área e não de forma impulsiva. Considerando a fragilidade dos investimentos na educação no município, qual é o financeiro e operacional de medidas como essa? São vários elementos que apontam a enorme fragilidade de uma proposta como essa”, avalia
Como alerta, o coordenador do Sinte/RN lembra de um episódio ocorrido recentemente envolvendo um segurança da Secretaria do Estado de Educação e um estudante que participava de uma manifestação no local.
“Nós tivemos um episódio recente que vocês noticiaram de um segurança lá na Secretaria de Educação que puxou a arma para um estudante que estava participando de um protesto. As pessoas vão para a escola com que preparação para lidar com a diversidade que a escola tem, com os estudantes que estão lá?. A gente sabe que há um cenário de insegurança muito grande, mas precisamos debater melhor essa questão porque tem até utilização de pessoas, inclusive segurança privada, conforme a lei prevê, que não têm nenhum vínculo com a rede. Tudo isso é muito preocupante e, ao invés de prevenir, pode gerar outras situações de maior violência”, pondera Bruno Vital.
Fonte: CUT