“80% das matrículas estão no setor privado”, alerta professor da UFRN sobre luta por ensino gratuito e universal

Publicado em 25 de abril de 2023 às 10h25min

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O ano de 2023 começou com novo presidente da República e muitos desafios para a educação em todos os níveis. Esse foi um dos temas discutidos no Balbúrdia desta terça (25), que trouxe o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e presidente do Sindicato dos Docentes da UFRN (ADURN-Sindicato), Oswaldo Negrão.

Ele comentou sobre os sete anos sem reajuste dos servidores públicos federais que resultou num acumulado de 46% de perdas.

“O reajuste de 9% ameniza o problema porque entendemos que os recursos orçamentários foram pactuados no ano anterior com o parlamento e que o reajuste foi colocado dentro dos recursos reservados na Pec de transição, com reajuste linear para todas as carreiras”, comenta Negrão sobre o congelamento dos salários durante os anos dos governos Temer e Bolsonaro e sobre a perspectiva de reajustes futuros.

Em maio serão retomadas as mesas setoriais no sistema federal. Desde Temer não havia possibilidade de negociação. A primeira vez que adentrei o Ministério da Educação e de Ciência e Tecnologia foi agora, em janeiro. Pra vocês verem a mudança de paradigma, a virada de chave. O reajuste não é tudo aquilo que a gente gostaria, mas é bastante material dentro da realidade posta”, avalia Oswaldo Negrão, presidente do ADURN-Sindicato.

Valorização é possível?

A perspectiva é discutir a reestruturação da carreira do magistério superior e pensar em estratégias de valorização do magistério e docência porque elas vêm sendo aviltadas e atacadas. A UFRN virou o ano devendo R$ 14 milhões, principalmente, ao setor terceirizado da Universidade. Na minha sala, por exemplo, quando ligava o os computadores, aparecia uma mensagem dizendo que o meu Windows 2007 estava vencido e não poderia mais ser renovado. Obviamente, isso não acontecia apenas comigo”, relata Negrão sobre a estratégia de sucateamento do ensino superior.

Erros e acertos do MEC

O professor da UFRN também comentou sobre a atuação do Mec em relação ao Novo Ensino Médio, avaliado como um equívoco que precisa ser corrigido.

O próprio Lula nos alertou na posse do novo Ministro do Trabalho que o sindicalista tem que sindicalizar e o governo governar. Eu não preciso de tapinha nas costas, mas que vocês façam as críticas necessárias para que nós possamos avançar e reconstruir o país. O Mec tem acertado, mas também errado bastante também, como no caso do novo ensino Médio, que é um problema bastante grave e é uma herança do governo Temer. Precisamos ter muito cuidado e atenção para que esse prejuízo não recaia sobre os estudantes, principalmente, das cidades pequenas, que é a maioria do estado brasileiro”.

Privatizações

A Pec 32 como estava estabelecida não tem força para ser implementada, mas ainda vivemos uma agenda neoliberal e precisamos ter essa clareza. Não temos maioria, nem no Senado nem na Câmara. O governo Lula não terá maioria para aprovar qualquer medida facilmente e o exemplo está aí na CPI do 8 de janeiro. A agenda neoliberal está posta e o Novo Ensino Médio é o reflexo disso, é uma proposta estratégica de reformulação, mas que não tem na educação a maior preocupação, infelizmente”, alerta.

Essa preocupação continua no magistério superior, quando avaliamos que 80% das matrículas estão no setor privado. É uma disputa forte e contundente. Uma tendência de que a iniciativa privada domine, também, o ensino superior, por isso a nossa luta de pensar num ensino superior gratuito e universal”, defende Oswaldo Negrão.

Confira o programa na íntegra:

Educacão universitaria: os desafios da nova gestão do MEC – YouTube

 

Fonte: Saiba Mais

ADURN Sindicato
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