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Publicado em 03 de maio de 2023 às 14h38min
Tag(s): Bolsonaro Fraude Pandemia de coronavírus
O esquema montado para fraudar a carteira de vacinação em benefício do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seus familiares e assessores usou dois sistemas exclusivos do Ministério da Saúde e do SUS. O Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). Os suspeitos teriam inserido dados falsos para atestar que Bolsonaro, sua filha de 12 anos, Laura Bolsonaro, seu então ajudante de ordens Mauro Cid, esposa e filha foram vacinados.
Criado para os gestores envolvidos no programa nacional de vacinação, o SI-PNI permite o acessso a informações e registros referentes a vacinas aplicadas. E também o quantitativo populacional vacinado e também o controle do estoque de imunos necessário para a distribuição.
Já a RNDS, como o nome diz, é uma plataforma nacional de integração de dados do Conect SUS. Seu objetivo é permitir que os laboratórios de análises clínicas compartilhem os resultados de exames de detecção da covid.
Manobra de Bolsonaro para entrar nos EUA
O objetivo da inserção desses dados fraudulentos era a emissão de certificados falsos para circulação em locais que exigem a vacinação. É o caso dos Estados Unidos, para onde Bolsonaro viajou em 30 dezembro, ainda antes do final de seu mandato com familiares e assessores. E lá permaneceu por cerca de três meses. O país exige o certificado.
Nas palavras da PF, “as fraudes tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante. Qual seja, a condição de imunizado contra a covid-19 dos beneficiários”. E a inserção de dados falsos em sistemas de informação, segundo a instituição, pode ser configurada como crime. Assim como a infração a medidas sanitárias preventivas e associação criminosa.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a operação deflagrada nesta quarta-feira, no âmbito do inquérito que investiga milícias digitais. Os policiais prenderam assessores do ex-presidente. Entre eles, o próprio coronel Mauro Cid, o mesmo envolvido no escândalo das joias. Investigações apontam que ele incluiu dados falsos nos sistemas do Ministério da Saúde.
Bolsonaro vacinado em UBS no Peruche?
O mesmo teria feito o secretário de governo de Duque de Caxias (RJ), o advogado João Carlos Brecha, que até a prisão nesta quarta-feira afirmava não ter nenhuma ligação com o ex-presidente. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, a Justiça investiga Brecha por ter inserido dados falsos na carteira de vacinação de Bolsonaro.
Para isso, teria acessado o sistema do ConectSus e inserido os dados de vacinação no Estado do Rio de Janeiro em outubro de 2022, entre o primeiro e o segundo turno da eleição. O caso vinha sendo apurado pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Em fevereiro, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Carvalho, afirmou que havia no sistema do Ministério da Saúde um registro de vacinação do ex-presidente contra covid. A suposta vacina teria sido aplicada em 19 de julho de 2021, na UBS do Parque Peruche, zona norte de São Paulo. No entanto, ele segue afirmando que não se vacinou. A possível adulteração do cartão de vacinação é decisivo sobre a manutenção, ou não, do sigilo de 100 anos imposto por Bolsonaro.
Fonte: Rede Brasil Atual