Homenagem à Marcha das Margaridas evidencia demanda por igualdade

Publicado em 16 de agosto de 2023 às 10h42min

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Faro destacou algumas das bandeiras da 7ª Marcha das Margaridas: democracia participativa, soberania popular, autonomia das mulheres, acesso à terra, foco na biodiversidade, mais participação feminina na política, universalização da internet e uma vida livre de violência, de racismo e sexismo.

— Hoje, celebramos a esperança e a fraternidade. Lutamos por justiça com a certeza de que seremos ouvidos, pois juntos somos mais fortes — registrou o senador, autor do requerimento (RQS 383/2023) para a sessão especial, aprovado no final do mês de junho.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, ressaltou que a participação feminina foi essencial para a eleição do presidente Lula. Segundo Teixeira, o governo vê a pauta feminina como prioritária. Ele citou algumas ações do governo em prol das mulheres, como a criação do Pronaf Mulher (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), lembrando que a presença feminina é acentuada dentro da agricultura familiar.

— O importante é continuar a marcha, a marcha para mudar o Brasil e para construir um bem viver. A revolução é ecológica e feminina — definiu o ministro.

Igualdade

Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, a marcha é um movimento legítimo de reinvindicação. A ministra destacou a Lei da Igualdade Salarial (Lei 14.611, de 2023), sancionada no início do mês passado, como uma forma de fazer valer a luta pela igualdade. Segundo a ministra, as mulheres marcham há décadas pela liberdade e contra a cultura do estupro e da violência. Ela prometeu “caminhar junto” com as trabalhadoras rurais e implementar políticas públicas voltadas para as mulheres.

— Precisamos tirar o ódio que colocaram neste país. Precisamos de paz neste país. Precisamos de um país que respeite as mulheres e que saiba dialogar — pediu a ministra.

A coordenadora da Marcha das Margaridas, Mazé Morais, agradeceu a homenagem do Senado. Ela disse que a diversidade das mulheres do campo e da floresta é que faz o movimento ser especial. Para Mazé, a marcha busca uma construção coletiva em prol da igualdade e de maior participação feminina na política. Afirmou esperar que o Senado e a Câmara dos Deputados atendam as reivindicações das mulheres da Marcha das Margaridas.

— Marchamos por soberania e por democracia popular. Não somos apenas milhares de mulheres em Brasília, mas milhões de mulheres no Brasil que lutam pela reconstrução do país e pelo bem viver — declarou Mazé.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) lembrou que a igualdade entre homens e mulheres é prevista na Constituição de 1988. Ele disse que, a exemplo do pastor e ativista norte-americano Martin Luther King, tem o sonho de nenhum brasileiro ser julgado pelo gênero, pela cor da pele ou por sua orientação sexual.

— Tenho fé em Deus de que um dia vou subir na Tribuna e afirmar que tenho orgulho de ser brasileiro. Pois no país que eu ajudei a construir todos somos iguais perante a lei —enfatizou Contarato.

A coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, Sônia Coelho, defendeu mais protagonismo para as mulheres negras e indígenas e para as trabalhadoras do campo, das florestas e das águas. Ela pediu mais mobilização social em favor de uma alimentação mais saudável, natural e livre de veneno. Na mesma linha, a coordenadora do Greenpeace Brasil, Luiza Lima, criticou iniciativas legislativas que liberam o uso de mais agrotóxicos e afirmou que a agenda ambiental não pode ser dissociada da agricultura familiar.

Inspiração

O senador Paulo Paim (PT-RS) ressaltou a presença de mulheres de todas as regiões do país, que vieram a Brasília para fazer uma "linda caminhada" em busca de direitos. O senador anunciou que o projeto que inclui a agricultora Margarida Alves no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria (PLC 63/2018) será votado no Plenário nesta terça ou quarta-feira (16). Margarida Alves é quem dá nome à marcha. Paim também defendeu a igualdade entre homens e mulheres e disse que a equidade de salários deveria ser natural.

A senadora Leila Barros (PDT-DF) falou sobre a unidade das senadoras em favor das pautas femininas. Ela contou ter sido influenciada pela Marcha das Margaridas, quando teve contato com o movimento em 2016, época em que era secretária de Esportes do Distrito Federal. De acordo com a senadora, as margaridas a ajudaram a ter convicção na sua luta política. Ela disse que a Marcha das Margaridas ajuda a inspirar todas as meninas e as mulheres do país.

— A mensagem que vocês deixam é que devemos continuar lutando. De coração, quero dizer que estarei aqui, sempre de portas abertas — declarou Leila, emocionada.

A senadora Augusta Brito (PT-CE) se disse feliz pelo fato de a primeira sessão por ela presidida ser para homenagear a Marcha das Margaridas. Para a senadora, além de respeito, as mulheres pedem oportunidades. A senadora Zenaide Maia (PSD-RN) disse que as mulheres da marcha "enchem os olhos", ao quebrar barreiras e lutar pelos direitos femininos. Segundo Zenaide, a memória de Margarida Alves motiva as mulheres a entender que a situação de pobreza e desigualdade pode ser mudada.

— Não vamos permitir retrocessos. Temos que participar da política, sim! Vamos à luta, sim! Uma segura a outra e sempre! —reforçou Zenaide.

Os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE), Sergio Petecão (PSD-AC), Otto Alencar (PSD-BA) e Weverton (PDT-MA) e os deputados José Guimarães (PT-CE), Guilherme Boulos (Psol-SP), Dilvanda Faro (PT-PA), Maria do Rosário (PT-RS), Juliana Cardoso (PT-SP), Erika Kokay (PT-DF), Célia Xakriabá (Psol-MG) e Alice Portugal (PCdoB-BA), entre outros parlamentares, também participaram da homenagem. Deputadas estaduais, vereadores, trabalhadoras rurais, representantes de entidades ligadas ao campo e às mulheres também acompanharam a sessão especial.

A marcha

A 7ª Marcha das Margaridas começou nesta terça e termina nesta quarta-feira (16), em Brasília. O tema deste ano é “Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”. O movimento, que surgiu no ano 2000, reúne mulheres trabalhadoras rurais do campo e da floresta em busca de visibilidade, reconhecimento social e político e cidadania plena. A marcha é feita a cada quatro anos em agosto, mês da morte da sindicalista e agricultora Margarida Alves, assassinada na frente de sua família em 1983. A estimativa é que a marcha mais recente, em 2019, tenha reunido cerca de 100 mil mulheres em Brasília. O mesmo número é esperado para este ano.

Fonte: Agência Senado

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