Grupos excluídos foram às ruas de Natal e soltaram o Grito: “Você tem fome e sede de quê?

Publicado em 08 de setembro de 2023 às 09h44min

Tag(s): Direitos Humanos Manifestação Protesto



 

“Um grito de libertação. Vida em primeiro lugar”. Foi com essa convicção que o coordenador do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Marcos Antônio, se uniu a centenas de vozes por Justiça Social na 29ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas. Movimentos sociais, sindicais, estudantis, dos povos negros, LGBTQIA+, mulheres, populações rurais, periféricas e em situação de rua. Setores da população que, ao longo de toda a história, foram deixados de lado ganharam as ruas da capital potiguar na manhã desta quinta-feira (7) e soltaram o grito: “você tem fome e sede de quê?”.

“Nós acreditamos que é possível incluir todos e todas numa sociedade mais justa. Enquanto há muitos prédios abandonados em nosso país, existem muitas famílias sem casa para morar”, ressaltou Marcos durante a marcha em Natal. Com bandeiras, faixas, cartazes, artes, música e palavras de ordem, manifestantes saíram em caminhada da praça do Teatro Alberto Maranhão até a praça da Praia do Meio.

Desde 1995, movimentos populares, grupos da sociedade civil organizada e ordens religiosas se unem no dia 7 de setembro contra as mais variadas formas de exclusão. O tema da primeira edição, “Vida em primeiro lugar”, se tornou permanente nesses últimos 29 anos. Em 2023, a luta contra a fome ganha força com o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A expectativa, agora, é que o país volte a sair do “Mapa da Fome” e que a reivindicação pelo direito à alimentação digna, regular, de qualidade e em quantidade suficiente seja efetivada.

“Estamos mobilizados nas capitais de todo o Brasil para dizer que temos fome por terra, por alimentação saudável, por emprego, por educação, por Democracia”, pontuou Erica Rodrigues, Coordenadora Nacional do MST.

Em Natal, o Grito também reivindicou a prisão de Bolsonaro, o fim da violência policial e criminalização do povo pobre, o retorno dos trabalhos da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, a revogação do arcabouço fiscal e do novo ensino médio, e a contrariedade ao Marco Temporal.

“Mais uma vez estamos aqui no 7 de setembro, data histórica da classe trabalhadora e dos estudantes, para subverter a ordem e colocar o retrato da independência como sendo um Grito dos Excluídos”, afirmou a estudante de Psicologia da UFRN, Ana Beatriz de Sá, militante do Movimento Correnteza e da Unidade Popular pelo Socialismo (UP).

O grito chamou a atenção da sociedade, dos trabalhadores ambulantes, motoristas, aqueles que estavam curtindo o dia de lazer na praia para problemáticas presentes nas comunidades.

“Um grito coletivo, um grito pela reconstrução do Brasil. Mas essa reconstrução passa por Justiça Social, passa pelo direito de existir. Nós queremos a juventude viva, as mulheres vivas, a população LGBTQIA+ viva”, enfatizou a deputada estadual Divaneide Basílio (PT-RN).

Num contraponto ao Grito da Independência, a 29ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas levaram para as ruas e praças da capital potiguar as vozes silenciadas que vêm dos campos, porões e periferias da sociedade.

“Os movimentos sociais comemoram e levantam as bandeiras do povo, de melhores salários, de reforma agrária, de igualdade social, da luta das mulheres, da população LGBT, por moradia”, avaliou o vereador de Natal, Robério Paulino (PSOL).

Manifestação no Forte

Num dia simbólico de luta dos grupos excluídos, os povos indígenas do Rio Grande do Norte fizeram um protesto na construção do Forte dos Reis Magos. A contrariedade ao Marco temporal, que representa uma ameaça à vida as populações indígenas de todo país foi gravada nos muros de uma estrutura construída por mão de obra escravizada de negros e indígenas.

“Não ao PL/2903” e “Aqui é terra indígena”, gravaram os indígenas potiguares na edificação militar.

Depois de travar uma árdua luta com a historiografia, que afirma que os povos indígenas do Rio Grande do Norte foram dizimados, um total de 16 comunidades indígenas do estado buscam a demarcação de suas terras e a garantia de direitos constitucionais.

O Rio Grande do Norte, único estado do Brasil sem território demarcado e uma das últimas unidades da Federação a ter suas populações oficialmente registradas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

 

Fonte: Saiba Mais 

ADURN Sindicato
84 3211 9236 [email protected]