Publicado em 19 de setembro de 2023 às 12h16min
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Neste 19 de setembro, o mundo comemora 102 anos de nascimento do mais importante educador, pedagogo e filósofo brasileiro. Paulo Freire é uma figura emblemática e fundamental para a educação do nosso país. Para mais, sua importância transcende as fronteiras do Brasil e teve um impacto global a partir da criação e desenvolvimento de sua abordagem revolucionária chamada "Educação Popular", que buscava a libertação dos oprimidos por meio do conhecimento.
A infância de Paulo Freire foi marcada pela pobreza no Nordeste do Brasil, experiência que o sensibilizou para as desigualdades sociais. Graduado em Direito, Freire descobriu sua paixão pela educação enquanto trabalhava como professor de português em Pernambuco. Ele percebeu que o ensino tradicional muitas vezes reproduzia as desigualdades sociais, e isso o motivou a buscar alternativas.
Uma das maiores realizações de Freire no Brasil ocorreu em 1963, quando o pedagogo comandou, a pedido do então governador Aluízio Alves, uma experiência de alfabetização em Angicos, interior do Rio Grande do Norte.
O professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Paulo Palhano, conta que ao chegar em Angicos, Paulo Freire faz o reconhecimento dos locais possíveis de ter salas de aula: “Ele sobe à torre da igreja, verifica esses espaços e encontra espaços para fazer salas de aula na delegacia da cidade, na igreja, em alpendres das casas. E nesses lugares são desenvolvidas aulas para muitas famílias. Em 45 dias o método da alfabetização na concepção de Paulo Freire é desenvolvido, e alfabetiza 300 homens e mulheres camponesas”.
A abordagem do pedagogo estava centrada no diálogo e na conscientização. Ele acreditava que a educação deveria capacitar as pessoas a compreenderem criticamente sua realidade e a lutar por uma sociedade mais justa. Sua obra mais famosa, "Pedagogia do Oprimido", descreveu essa abordagem e teve um impacto significativo em movimentos de Educação Popular em todo o mundo.
Paulo Freire: A educação é política
Ao longo de sua vida, Freire desafiou regimes autoritários e opressivos, incluindo o período em que o Brasil estava sob a ditadura militar. Suas convicções políticas e seu compromisso com a democracia o levaram a enfrentar perseguições. A ideia da alfabetização como um processo de conscientização fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados pela ditadura militar, mas ele nunca exitou em sua defesa por uma educação igualitária dando continuidade ao seu trabalho.
“[Ele] vai para o exílio e lá no exílio, em diversos países, também desenvolve seu método. Escreve muitos livros. Retorna ao Brasil para ser secretário de Educação de São Paulo no governo da paraibana Luiza Erundina, desenvolvendo um excelente trabalho, mas mesmo assim, Paulo Freire continua fazendo as suas conferências nas universidades para os movimentos sociais, especialmente o movimento dos professores”, explica Paulo Palhano.
Paulo Freire: Legado Vivo
Embora Freire tenha falecido em 1997, sua influência na educação e na política continuou a ser alvo de debates e controvérsias, principalmente durante o governo Bolsonaro. O ex-presidente e seus apoiadores expressaram repetidamente críticas à pedagogia Freireana, rotulando-a como ideológica e prejudicial à educação. Isso se traduziu em ações políticas concretas, incluindo a revisão ou eliminação de políticas educacionais que incorporavam os princípios do educador.
Os ataques que Paulo Freire sofreu apenas destacam a relevância contínua de suas ideias e a necessidade de defender uma educação crítica e inclusiva. Freire acreditava que a política e a educação eram intrinsecamente interligadas. Ele via a educação como uma ferramenta para a conscientização e a mobilização política, instruindo as pessoas a entenderem e desafiarem as estruturas de poder injustas.
“Paulo Freire vai cultivar nos seus livros publicados, artigos e conferências, a pronúncia para o mundo da educação libertadora. Ganhou diversos títulos das universidades e instituições do mundo. Portanto, Paulo Freire vive na memória brasileira e na memória do mundo”, reflete o professor Paulo.
Tais pensamentos são referência para o ADURN-Sindicato. Para o presidente do ADURN-Sindicato, Oswaldo Negrão, o pensamento freireano nos ensinou que a educação é um ato de liberdade; que o aprendizado deve ser uma jornada colaborativa e que a luta contra a opressão começa com a mente iluminada.
“Dessa forma, enquanto celebramos seus 102 anos, renovamos nosso compromisso com os valores que ele defendeu. Continuaremos a buscar uma educação libertadora, uma sociedade mais justa e igualitária, e a transformação através do conhecimento. Paulo Freire permanece vivo nos movimentos sociais e em salas de aula, e sua influência continuará a moldar um futuro mais brilhante para todos nós”, afirmou Negrão.
