Lembrar para não esquecer: Ditadura Nunca Mais!

Publicado em 27 de março de 2024 às 14h04min

Tag(s): Democracia DItadura Militar



Sob o lema "Ditadura nunca mais!", os movimentos sociais e sindicatos estão organizando atos de rua em alusão ao dia 31 de março. Nesta data, há 60 anos, tanques e tropas militares ocupavam as avenidas, marcando o início de uma ditadura que assombrou o Brasil por 21 anos. Esse fato não apenas marcou uma interrupção brutal da democracia, mas também deixou um legado de violações dos direitos humanos, censura e repressão que ainda reverbera nas estruturas sociais e políticas do nosso país.

Para entender melhor a necessidade de rememorar esse acontecimento, o ADURN-Sindicato conversou com o professor emérito, sociólogo e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Willington Germano. 

"É muito importante nesse momento da história brasileira relembrar o que foi feito em 1964. Porque naquele período houve um golpe de Estado, um golpe militar. Eram tanques e tropas militares nas ruas, nos espaços públicos", observa o professor, destacando a gravidade dos acontecimentos que marcaram o início de uma das épocas mais sombrias da história do Brasil.

 "Durante o período do presidente reformista João Goulart existiram muitas mobilizações populares em todo o Brasil e na América Latina. Lutas por reformas sociais; o movimento camponês, o movimento estudantil muito forte, o movimento dos trabalhadores muito forte. Então, houve uma mobilização muito grande no país, em favor das reformas na sociedade brasileira", contextualiza. 

Essa efervescência social, contudo, despertou a indignação das elites e dos militares, bem como dos interesses estrangeiros, como destaca o professor: "Isso provocou uma indignação da elite, dos militares e do Império Americano."

O Golpe Militar, portanto, não foi apenas um evento isolado na história do Brasil, mas parte de um contexto maior de repressão e autoritarismo que assolou a América Latina na época. "É importante relembrar esse período porque o Golpe Militar implantou uma ditadura que durou 21 anos. Ou seja, quase 1/4 de século. Ninguém governou mais o país no século XX, do que os militares e seus aliados civis", observa Germano.

As consequências desse regime autoritário ainda reverberam até hoje, particularmente no campo da educação. "Vale a pena lembrar que a universidade e a educação foram duramente atingidas por essa trágica página da história brasileira. Invasões de forças militares nas universidades... A censura no ensino; prisões, cassações, fechamentos de centros acadêmicos, diretorias acadêmicas," destaca o professor, ressaltando a interferência de um regime militar na comunidade acadêmica e intelectual.

Em meio a essas lembranças sombrias, é necessário fazer um chamado à ação e à resistência. O Golpe Militar de 1964 serve não apenas como um lembrete doloroso do passado, mas também como um alerta para os perigos que a democracia enfrenta hoje. "Por tudo isso, esse fato deve ser lembrado para que ele não se repita e para que a democracia brasileira se fortaleça, se consolide. Ditadura nunca mais! Nunca mais aquilo que aconteceu com presos, com militantes, com censura à imprensa, com censura à cultura e com censura à educação!", conclui Willington. 

Confira as atividades já programadas para debater o tema em Natal.

01 DE ABRIL

Ato público “60 anos do golpe civil militar: ditadura nunca mais”

Local: Praça Pedro Velho

Hora: 16h

Lançamento do 1º episódio das Séries Vermelhas

Iniciativa do DHNET

Local: Cervejaria Resistência

Hora: 19h

02 DE ABRIL

2ª Semana Nacional de Jornalismo – ABI: 60 anos do golpe

Hora: 15h

Local: Auditório do Decom

Debatedoras: Jana Sá e Ceiça Fraga

04 e 05 DE ABRIL - UFRN

DEBATE: 60 anos depois, a reedição do golpe. Semelhanças e diferenças

04 DE ABRIL

(1964-2024) 60 anos depois: semelhanças e diferenças

Hora: 19 horas

Local: Auditório do Instituto Ágora/CCHLA

Mediador - Professor Gabriel Vitulo

Mesa:

Professora Sônia Meneses Silva

Professor Haroldo Loguercio Carvalho

Historiador Alexandre Albuquerque Maranhão

05 DE ABRIL

60 anos do golpe de estado de 1964, memória histórica e memória social

Hora: 9 horas

Local: Auditório do Instituto Ágora/CCHLA

Mediador: Professor César Sanson

Mesa:

Professora Sônia Meneses Silva

Professor Haroldo Loguercio Carvalho

João Arthur Santa Cruz (irmão de Fernando Santa Cruz, desaparecido político)

Juliana Silva (Direitos Humanos/RN)

05 DE ABRIL

Exibição e debate do filme documentário “Não foi acidente, mataram meu pai”

Hora: 19 h

Local: Auditório da BCZM

Mediador: Professor Gilmar Santana

Debatedoras: Jornalista e diretora do filme Jana Sá; graduanda em Psicologia da UFRN Ana Beatriz Sá; filha e neta, respectivamente, de Glênio Sá

09 DE ABRIL

Debate sobre o golpe civil militar de 1964

Hora: 14h30

Local: Câmara Municipal de Natal

Expositores: Ceiça Fraga; Francisco Carlos e Jana Sá

O debate será realizado em uma reunião da comissão de Direitos Humanos

ADURN Sindicato
84 3211 9236 [email protected]