Ministra da Saúde anuncia investimento de R$ 440 milhões em CT&I para melhora do SUS

Publicado em 12 de julho de 2024 às 10h31min

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A ministra da Saúde, Nísia Trindade, integrou a programação da 76ª Reunião Anual da SBPC, em conferência realizada na última terça-feira (09/07).  Em sua apresentação ela afirmou que um dos desafios da sua pasta ministerial é a modernização do SUS (Sistema Único de Saúde), que só é possível por meio da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Para isso, o órgão planeja investir R$ 443 milhões em 10 chamadas de fomento à pesquisa.

“O objetivo é transformar a Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde em uma política de Estado, visando a transformar o próprio setor sanitário em um vetor de desenvolvimento”, explicou a ministra. Trindade afirmou que o investimento em CT&I direcionado à Saúde também atende a recomendações recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de estudiosos da área de Pesquisa & Desenvolvimento, como a economista italiana Mariana Mazzucato.

A ministra ressaltou que a visão de investimentos em pesquisa parte também do entendimento das vulnerabilidades do SUS, como a sua forte dependência de vacinas, insumos e equipamentos vindos do exterior, algo que foi bastante percebido durante a pandemia de covid-19. “Lembrando que mais de 90% dos insumos farmacêuticos ativos usados aqui no Brasil são importados, que apenas 50% dos equipamentos médicos são de produção nacional e que temos um déficit na balança comercial de R$ 20 bilhões. Essas questões devem ser base para um avanço nessa política de saúde e, também, na política do Complexo Econômico-Industrial.”

Trindade falou, ainda, sobre os investimentos já anunciados do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que envolverão R$ 8,9 bilhões no Complexo Econômico-Industrial da Saúde, numa parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

A ministra explicou a importância dos debates acerca da Saúde partirem de uma visão econômica, pois, apesar de ser uma pasta direcionada a aspectos sociais, a construção de políticas públicas sempre esbarra nas questões orçamentárias.

“No Brasil, o setor de Saúde representa 1/3 das pesquisas científicas no País, 10% do Produto Interno Bruno (PIB) e 9 milhões de empregos diretos gerados. Nesse momento em que se discute tanto pisos das da Educação e da Saúde, é importante sempre lembrarmos da visão da Saúde como uma política social fundamental no nosso País e uma política de inclusão para a redução de desigualdades, assim como uma política de desenvolvimento com implicações positivas.”

As políticas voltadas à região amazônica também foram destacadas. Trindade disse que organizou um grupo de discussão com organizações locais, universidades e institutos de pesquisa e que, nos próximos dias, o Ministério divulgará um relatório com resultados.

“Muitas vezes, não estamos atentos às diferenças que têm a ver com questões dos ecossistemas e da própria sazonalidade das doenças. Falamos de diversidade regional, mas instituímos um calendário único de vacinação, por exemplo. Então, desde o ano passado, nós estamos atendendo a uma demanda histórica e fazendo calendários que considerem essa sazonalidade diferencial das doenças transmissíveis, por exemplo.”

O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, elogiou o reconhecimento que a ministra dá à CT&I em sua gestão. “Nísia Trindade tem uma trajetória parecida com a da SBPC. É uma cientista social de primeira e alguém que milita há muito tempo pela melhora da saúde no Brasil. Nós temos uma ministra notável, que tem admiração total da comunidade científica”, ponderou.

A ministra, por sua vez, frisou a importância da Reunião Anual da SBPC nos debates políticos. “No ano passado, eu também estive na Reunião Anual da SBPC na condição de ministra da Saúde, mas vir à Reunião Anual é algo que faço há mais de 40 anos, desde que eu era estudante da graduação. Estar nessa posição de ministra aqui não faz com que eu sinta um estranhamento por essa posição, mas eu sinto um deslocamento de perspectiva, sem perder de vista a importância que tem a comunidade científica e a importância das discussões desse fórum sobre Ciência, Democracia e Desenvolvimento”, concluiu.

 

Fonte: SBPC

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