SBPC debate as trajetórias das mulheres negras para combater o silenciamento

Publicado em 12 de julho de 2024 às 15h52min

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Com o objetivo de conhecer a trajetória e experiência de mulheres negras em diáspora do continente americano, a temática “Ciranda de Saberes: Mulheres negras atlânticas em diáspora e suas trajetórias” teve um destaque especial no terceiro dia da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal do Pará (UFPA). O tema foi inspirado na reflexão da intelectual e ativista brasileira Lélia González, que se destacou ao reivindicar a diferença como mulher negra e americana. 

A ciranda é um convite para o debate e as reflexões sobre trajetórias e experiência de mulheres negras, com base nos tempos e espaços e nas vivências distintas. A ciranda aglutina ativistas e pensadoras que têm promovido ações junto aos discentes e ao movimento social, bem como produzir trabalhos que merecem cada vez mais ser apreciados e debatidos.  A atividade na Tenda Afro e Indígena teve como facilitadora a professora Ana Célia Guedes, do Instituto Federal do Pará (IFPA), e as expositoras Mônica Conrado (UFPA) e Fátima Matos, do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa), que debateram a experiência de mulheres negras para a construção de uma sociedade menos sexista e mais educativa.

“Falar de pobreza e de miséria significa pensar que as mulheres negras têm muito que contar, fazer e mostrar que queremos respeito, porque o colonizador branco continua fornecendo uma outra sub-informação sobre nós. Hoje nós, mulheres do movimento, que já viemos de uma sociedade empobrecida, também estamos inseridas na academia, embora ainda careçamos estar permanentemente na visibilidade na cena política desse país. E essa é uma questão a se pensar”, disse Fátima Matos, ativista do Cedenpa. 

União contra o silenciamento

Ao falar sobre sua trajetória como acadêmica e feminista negra, a professora da UFPA Mônica Conrado pontuou a importância da luta contra o silenciamento de experiências, bem como o combate ao racismo e ao sexismo que são sempre colocados como se fossem pontuais. 

“Quando nascemos, parece que nós estamos carimbadas para determinadas possibilidades de experiências de vivências específicas. Então o que a gente precisa, com base nas nossas próprias experiências, é o tempo todo gritar e criar fissuras nesta estrutura social da qual nós fazemos parte. Entender que essas situações são crimes de racismo, não episódios ou pontuais, mas sim que marcam toda a nossa vivência, faz parte de toda a nossa existência e do lugar de onde nos encontramos nos espaços sociais”, sublinhou a professora Mônica Conrado.

Para finalizar, a professora Zélia Amador de Deus, diretora da Assessoria de Diversidade e Inclusão Social (Adis/UFPA), ressaltou que “é importantíssima a organização das mulheres, porque elas se trazem para cima, não só o feminismo negro, mas também elas trazem para cima todas as lutas dos grupos oprimidos pelo sistema capitalista”.

Por Nilmara de Melo, da Comissão Local de Comunicação da 76ª da Reunião Anual da SBPC

Fonte: SBPC

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