NEABI: Valorizar as Culturas Afro-brasileira e Indígena na UFRN

Publicado em 18 de novembro de 2024 às 16h40min

Tag(s): Educação Novembro negro UFRN



A criação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígena da Universidade Federal do Rio Grande do Norte representa mais um passo no processo de valorização e fortalecimento das culturas afro-brasileiras e indígenas dentro do ambiente universitário. Este núcleo, tão esperado por estudantes, pesquisadores e representantes dos movimentos negros e indígenas, oferece um espaço de estudo, de transformação institucional e social. Em uma universidade historicamente embranquecida, a chegada do NEABI torna-se fundamental para a inclusão, representatividade e reflexão crítica sobre as questões raciais e étnicas que impactam a sociedade.

No episódio de hoje, discutiremos o papel do NEABI – Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas na UFRN – e sua importância na valorização das culturas afro-brasileira e indígena dentro do ambiente universitário. Para isso conversamos com Jeferson Farias, estudante de Ciências Sociais e coordenador do DCE da UFRN, que compartilhou a importância do núcleo para os estudantes: “Os impactos que o núcleo gerou na vida acadêmica dos estudantes envolvidos, a gente pode tirar a experiência dos Campos que já tem implementado. O NEABI se consolida como uma ferramenta muito importante na construção e no fortalecimento desses estudantes, a ideia de pertencimento desses estudantes nesses espaços, porque eles vão estar sendo pensados a partir desses estudantes, do seu território, da sua identidade enquanto pessoa negra indígena”, explica Jeferson. 

“Dentro da Universidade, estamos no processo de implementação do núcleo. Mas eu, como estudante, estou por trás e envolvido, sinto que minha vida já mudou bastante, porque acreditamos que estamos construindo de fato algo que vai mudar a realidade da Universidade transformando ela num lugar mais inclusivo ideia de pertencimento”, continua. 

A criação do NEABI, no entanto, não ocorreu de forma simples. O núcleo é fruto de uma demanda iniciada em 2017, durante o primeiro Encontro de Negros, Negras e Cotistas da UFRN.  Renato Santos, doutorando em Políticas Públicas pesquisador das políticas de ações afirmativas para a população negra, destaca que a criação do núcleo é resultado de uma luta coletiva: “Essa pauta surge em 2017 no 1° Encontro de Negros, Negras e Cotistas da UFRN que foi organizada pelo DCE. Esse encontro entregou a gestão da Universidade uma carta, nessa carta uma das reivindicações era justamente a criação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros, justamente porque já naquela época, em outras instituições, esse núcleo cumpria um papel fundamental de organizar o debate sobre a questão étnico-racial dentro da universidade. E agora, após o segundo Encontro, que aconteceu no ano de 2023, mais uma vez o DCE entrega a carta à Reitoria da Universidade reivindicando a criação do NEABI. Esse núcleo está sendo construído por várias professoras e professores, com participação das pesquisadoras e pesquisadores negras e negros e com a representação do movimento negro a partir do DCE”, disse. 

Além de criar um ambiente de pertencimento e valorização das identidades raciais e culturais, o NEABI pretende abrir novos caminhos para a produção de conhecimento e pesquisa, como explica Renato: "Eu ingressei na universidade em 2013, e aquele foi o primeiro ano em que a lei de cotas para graduação foi implementada no Brasil. Eu faço parte da geração de jovens negros que entrou pela primeira vez na universidade e desde o começo do meu curso eu investigo a questão Negra, mas nunca houve na UFRN algo que desce um elo ao conjunto dessas pesquisadoras e pesquisadores, então pesquisar a questão afro-brasileira e indígena sempre foi uma experiência muito solitária na UFRN. A partir da criação do NEABI, essa experiência será não individual, mas profundamente coletiva a partir da articulação do conjunto das áreas que investigam a questão Negra, reunindo pesquisadores e pesquisadores que fazem esse debate para que a gente possa construir o conhecimento sobre a questão étnica-Racial a partir de uma relação de troca das diversas áreas de conhecimento.”

Segundo Renato Santos, a implementação do NEABI é um marco para a UFRN, sendo um passo importante para o fortalecimento de políticas de inclusão e diversidade na educação superior, mas também contribuindo para toda a sociedade. “A universidade é um espaço central de formação das pessoas que vão atuar em toda sociedade, então é da Universidade que saem as enfermeiras, os enfermeiros, as professoras e professores, que saem médicos, que saem engenheiros, que saem advogados. Então, ter um Núcleo de Estudos afro-brasileiros e indígenas dentro da UFRN significa levar esse debate para o conjunto do Rio Grande do Norte a partir das pessoas que estarão atuando no conjunto dos serviços. E além disso, é fazer com que o conhecimento que é construído dentro da Universidade seja pautado a partir daquilo que muitas vezes foi negado como um saber, que são as tradições a história os saberes populares do povo negro e dos povos indígenas. Então, essa é uma conquista muito grande para toda a sociedade Potiguar, não só para dentro da UFRN."

Por fim, Renato Santos explica quais são os próximos passos e projetos do núcleo para fortalecer o papel da universidade na promoção da igualdade racial: “A gente está no processo protagonizado por professoras, professores, estudantes, pesquisadoras e pesquisadores, representações de movimento negro, justamente de oficializar a existência do NEABI. Esse é um processo burocrático dentro da universidade e que é precisa ser construída algumas documentações, que precisam passar pelas instâncias superiores da universidade, e a expectativa é que muito em breve a gente tenha um Núcleo de Estudos que reúna o conjunto das pessoas que estão com o compromisso diário de construir saber a partir dessa ótica dos povos negros e indígenas e desses saberes que muitas vezes nos disseram que não cabiam dentro da Universidade. Então, é um momento de muita alegria, mas também de muita organização para que o núcleo funcione, que esteja ativo, atuante e que organize debate dentro da Universidade, porque é organizada bate dentro da Universidade é necessariamente organizar o debate no conjunto da sociedade”, finalizou. 

A implementação do NEABI na UFRN significa mais que a criação de um núcleo de estudos. Ela representa um avanço na luta pela equidade racial e valorização dos saberes afro-brasileiros e indígenas, reafirmando a universidade como um espaço para todos e todas.

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