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ADURN-Sindicato
Publicado em 09 de dezembro de 2024 às 12h41min
Tag(s): DItadura Militar
Na última sexta-feira, 6 de dezembro, o ADURN-Sindicato participou da cerimônia de colação de grau post-mortem de dois ex-estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) assassinados pela Ditadura Militar, Emmanuel Bezerra dos Santos e José Silton Pinheiro. A entidade foi representada pelas diretoras Vilma Vitor, Ruthinéia Diógenes e Fernanda Gurgel, e pelos diretores Dárlio Inácio, Dimitri Taurino e Wellington Duarte.
A ocasião aconteceu no auditório da Reitoria da UFRN, com o espaço lotado pelo público em geral, representantes de movimentos sociais e estudantis, entidades sindicais e familiares e amigos das vítimas. O momento foi aclamado pela plateia de maneira emocionante, tendo em vista a importância das duas figuras não somente para a comunidade acadêmica da universidade, mas, sobretudo, para a representação concreta de pessoas que lutam e defendem - com suas vidas - o direito à democracia no Brasil.
O evento não apenas reconheceu as trajetórias interrompidas de Emmanuel e José Silton, mas também denunciou o longo silêncio mantido por muitas instituições frente às perseguições e torturas da ditadura. A professora e diretora do ADURN-Sindicato, Fernanda Gurgel, destaca que a cerimônia “é muito importante para que a comunidade geral e a comunidade universitária sigam relembrando e conhecendo a história dessas duas pessoas que contribuíram para a construção da história do nosso país e que lutaram em nome da democracia”.
Dimitri Taurino, também diretor no sindicato, reforça a participação do ADURN em atividades como esta, afirmando que é vívida “a necessidade de lutarmos cada dia em função da nossa democracia”. Além disso, Taurino reflete que o momento serviu como uma “reparação histórica e do mínimo de justiça para eles [Emmanuel e José Silton], para seus familiares e para toda a comunidade acadêmica”.
O professor aposentado da UFRN, historiador e cientista social, Willington Germano, esteve presente na cerimônia de colação de grau, e na oportunidade pontuou ter sido colega de turma de Emmanuel Bezerra, quando ainda estudavam no Colégio Atheneu Norte-Riograndense e contemporâneos no curso de Sociologia Política durante a faculdade. Ele destacou, de modo emocionado, que o dia 6 de dezembro de 2024 foi “um dia histórico. Um momento de reparação da memória de pessoas que tiveram suas vidas destruídas pelo Regime Militar Ditatorial”.
Germano enfatiza ainda que “os fantasmas [Ditadura Militar] do passado continuam a nos assustar por tudo que estamos vivendo aqui nos últimos tempos”, e também relembra o quanto aqueles 21 anos foram truculentos para toda a sociedade brasileira: “um período em que universidades foram invadidas, um período em que existia uma espécie de polícia política no interior da universidade. E, portanto, essa foi uma sessão muito emocionante, com um auditório repleto e que nos faz ver que a luta pela democracia é uma luta permanente, perene!”.
A diretora do ADURN-Sindicato, Vilma Vitor, por sua vez, expressou que "para quem viveu final da infância, toda juventude, e início da vida adulta sob vigilância, cerceada e de certa forma preterida, sob a alcunha de comunista, por ter militado, na pastoral da juventude, movimento da igreja católica, na Associação dos orientadores educacionais do RN (ASSOERN), e Associação dos professores da UFRN (ADURN), hoje sindicato, essa celebração é por demais importante para fazer justiça, e reparar arrobos do estado, em um regime de exceção", finalizou.
Sobre Emmanuel Bezerra e José Silton
Emmanuel Bezerra, estudante de Ciências Sociais da UFRN, e José Silton, aluno de Pedagogia também da instituição, tiveram suas vidas interrompidas pela violência militar do Estado brasileiro.
Militante do Partido Comunista Revolucionário (PCR), Emmanuel foi preso, torturado e morto em 1973. José Silton, perseguido pelo regime, morreu em 1972 durante uma operação do DOI-CODI e seu corpo permanece desaparecido até hoje.
Livro dos 60 anos do Golpe Civil-Militar no RN
No dia 19 de dezembro, no Auditório da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM/UFRN), às 9h, será lançado o livro “60 anos do Golpe Civil-Militar No Rio Grande do Norte” de autoria da professora Maria da Conceição Fraga e João Maria de Sousa Fraga, em conjunto com outros pesquisadores, historiadores, jornalistas, advogados e sociólogos. A obra é organizada pela Aipê Editoria e Caravela e Selo Cultural.
O registro conta a história das seis décadas do Golpe de 64, os 45 anos da Anistia (1979) e os 40 anos do movimento Diretas Já (1985). Com 17 capítulos, a autora Conceição Fraga detalha que a ideia é reunir visões distintas, de áreas distintas sobre o mesmo acontecimento, tanto em Natal, como também no município de Macau.
Além disso, o manuscrito reúne diversos(as) pesquisadores(as) para estudar a legislação como fonte; a imprensa, o patrimônio histórico, a participação das mulheres e dos(as) estudantes da UFRN e a trajetória de figuras importantes como Djalma Maranhão, Luciano Almeida, Glênio Sá e o ex-deputado Luiz Maranhão.