Audiência avalia necessidades de investimento na educação para atração de docentes

Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 10h25min

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Na quarta-feira, 11 de dezembro, a Comissão de Educação (CE) da Câmara dos Deputados promoveu mais uma audiência pública para avaliar as causas do apagão docente no país. Representantes do poder público e dos educadores, como a CNTE, participaram do evento e destacaram fatores como a valorização dos profissionais, financiamento público e formação inicial de qualidade como urgentes no processo de atratividade para a carreira.

“São vários os desafios que um país com os nossos marcadores históricos, raciais, de gênero, geográfico e de classe se apresenta quando pensamos em educação”, mencionou a deputada Professora Luciene Cavalcante (PSOL-SP), requerente da audiência. 

Dados do Censo da Educação Superior de 2022, divulgado pelo Inep, revelam que 58% dos alunos de cursos de licenciatura, para a formação de educadores, abandonaram a faculdade antes da conclusão. O número representa a maior taxa de evasão da década.

Além disso, o descumprimento do piso por parte dos gestores federativos e a falta de estímulos para ingresso e permanência na carreira foram mencionados pelos debatedores como questões de extremo prejuízo à atratividade.

“Darcy Ribeiro dizia que a crise na educação, na verdade, é um projeto de poder de alguns grupos que mandam há séculos no país. Algo estratégico para a manutenção da desigualdade que enfrentamos é o não investimento nas escolas públicas de qualidade”, apontou. 

“A política pública da educação é aquela que vai ser decisiva na superação dessas desigualdades. No contexto das escolas, a figura do professor da educação básica é majoritariamente composta por mulheres. São elas que garantem todos os dias o acesso à educação no nosso país... Qualquer país que pensa em desenvolvimento e justiça social precisa investir em educação, mas sem professores não há escola ou futuro em desenvolvimento”, completou. 

Ataques políticos

A secretária de Finanças da CNTE, Rosilene Corrêa, conta que há dez anos essa já era uma preocupação da educação pública em todo o mundo. Entretanto, nos últimos anos, a situação se agravou em um ritmo acelerado. No Brasil, ela aponta que foi algo ainda mais inflamado por ataques brutais à imagem dos professores feitos pelas últimas gestões políticas do país.

“Isso também tem a ver com o desinteresse da nossa juventude com a profissão. Queremos ter para as nossas vidas uma profissão que nos respeite, em que tenhamos uma autoestima, orgulho de dizer que somos professores, que nossas famílias tenham orgulho de ter um professor na família. Infelizmente, todo esse ataque que foi feito ainda persiste. Dentro do próprio Congresso Nacional, por exemplo, temos muitos inimigos da educação pública e dos professores que estão o tempo todo incitando discursos que deixam isso claro”, lamentou.

Segundo a dirigente, índices apontam que o país necessita de pelo menos 200 mil professores para suprir o déficit. “Se formos levar em conta que nas redes estaduais temos mais de 50% dos educadores em contrato temporário, isso já comprova a ausência, pois o professor que está ali está instável na profissão”, disse.

A qualidade da graduação inicial que forma os docentes também foi apontada como um fator prejudicial aos trabalhadores que estão ingressando na carreira. Para a dirigente, muitos cursos oferecidos, principalmente na modalidade EaD, não conseguem preparar os novos professores para a realidade das escolas.

“Deixam a desejar, de forma que o profissional se sente em condições de permanência”, relatou Rosilene. 

Para ela, é urgente serem aplicadas diretrizes de incentivo aos profissionais que estão ingressando e que já trabalham. 

“Não tem como pensar em qualidade da educação sem investimento. E investimento não é apenas pagar bem ao professor, valorizando apenas o profissional do magistério. É preciso valorizar todos aqueles profissionais que trabalham na escola. Educação não pode ser um setor colocado em pacote de gastos, educação não é gasto, é investimento! Essa casa precisa colocar a educação como prioridade e possibilitar que o Plano Nacional de Educação (PNE) dos próximos dez anos avance em todas as suas metas”, finalizou.

Fonte: CNTE

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