Dieese: 88% das negociações salariais tiveram aumento real no 1º semestre

Publicado em 30 de agosto de 2010 às 16h39min

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Durante o primeiro semestre deste ano, 97% das 290 negociações salariais registradas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) conquistaram reajustes iguais ou superiores à inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado supera os obtidos nos dois últimos anos: 93% do total em 2009 e 87%, em 2008. Cerca de 88% das 290 negociações salariais registraram aumentos reais nos salários, ou seja, o reajuste foi superior à inflação. O resultado supera em 10 pontos percentuais os acordos obtidos em 2008 e 2009. Os dados foram divulgados pelo Dieese na quinta-feira (26), na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd).
Desse montante, aproximadamente 63% resultaram em ganhos reais de até 2% acima da inflação - em 2009 eram 64% e, em 2008, 65%. Em torno de 25% conquistaram aumentos reais superiores a 2%. Em 2009 eram 12% e, em 2008, 11%.
Segundo o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, o cenário econômico contribuiu muito para a evolução dos acordos com os sindicatos. Dentre os motivos que levaram ao resultado destacam-se quatro: a retomada da economia, a estabilidade da inflação, a valorização do salário-mínimo e o aumento da formalização do emprego.
Quanto aos reajustes acima de 3% da inflação, 12% das 290 negociações os conseguiram. Em 2009 foram 5% e, em 2008, 4%. Já o número de aumentos acima de 5% triplicou entre 2009 e 2010, passando de cinco para 16 acordos.
Silvestre, como é conhecido, ressalta que apenas 3% das negociações não zeraram a inflação, ou seja, não a cobriu. Das que obtiveram reajustes inferiores ao INPC, acumularam perdas entre 0,01% e 1% por conta da inflação em baixa.
A reposição da inflação é essencial nas relações trabalhistas para recompor o poder de compra, já que a inflação acaba ajustando os preços de um ano para outro. Porém, só se pode considerar que houve aumento de fato no salário quando o reajuste supera o INPC, pois, então, o consumidor tem condições de incrementar seu poder de compra.
"Embora nos primeiros seis meses deste ano esteja havendo evolução nas negociações, os ganhos reais, ou seja, o que gera melhores condições de consumo ao trabalhador, ainda estão abaixo do PIB (Produto Interno Bruto). A economia cresce, em média, entre 4% e 4,5% ao ano", aponta.
Para a análise do primeiro semestre são considerados os acordos selados entre sindicatos e categorias que têm suas data-bases de janeiro a junho. Encontram-se os segmentos da construção civil, transportes, alimentação, calçados e rede privada de ensino.
Para o segundo semestre serão levadas em conta as negociações com metalúrgicos, bancários, químicos, comerciários, petroleiros e jornalistas. "Por serem categorias de peso, é provável que os percentuais de reajustes salariais dos últimos seis meses do ano mantenham ou superem os 97%", afirma o coordenador.
"Embora estes índices não levem em conta outros fatores que integram os acordos salariais, como a redução de carga horária e demais benefícios, eles demonstram que o Brasil esta seguindo um caminho positivo, em que o crescimento econômico está associado ao desenvolvimento social. Os números do Dieese refletem as políticas públicas introduzidas pelo governo com a valorização do salário mínimo. Além do fortalecimento dos sindicatos", analisou o presidente do Sindpd e da CGTB Nacional, Antonio Neto.
O setor da tecnologia da informação, representado pelo SINDPD, é um dos exemplos do conjunto de negociações divulgadas pelo Dieese. O aumento salarial da categoria conquistado na convenção coletiva desse ano foi de 6%, valor que chega a ser 2% maior do que a inflação no mesmo período. Além disso, o sindicato garantiu outros benefícios importantes para os trabalhadores como a redução da carga horária, que passou de 44 para 40 horas semanais, e descontos de 30% em convênios médicos.


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