Paralisação da UnB, com 178 dias, é a maior da história da universidade

Publicado em 10 de setembro de 2010 às 11h50min

Tag(s): Ensino Superior



A Universidade de Brasília (UnB) enfrenta a mais longa greve de sua história e a mais duradoura paralisação já registrada em uma universidade pública no país. Ao todo, os funcionários da instituição estão com serviços básicos — como os oferecidos pela biblioteca — paralisados há 178 dias. Até então, o recorde havia sido registrado em 1991, quando os servidores cruzaram os braços por 107 dias. Em 2007, a paralisação durou 101 dias. A greve é também a mais longa já registrada no Brasil, ultrapassando a campeã até então, que ocorreu na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e que durou 170 dias, terminando no início de 2002.
Para alunos e professores, a situação é sinal de prejuízo. Desde 23 de março, os universitários não têm acesso à Biblioteca Central do Estudante (BCE) e nem aos equipamentos eletrônicos utilizados na apresentação de trabalhos acadêmicos. Os grupos de pesquisa e as aulas práticas no laboratório, por sua vez, enfrentam problemas por falta de materiais, que estão trancafiados em almoxarifados controlados pelos grevistas. Sem contar os departamentos que sofrem com a falta de papel e até mesmo tinta para impressoras. Agora, o medo dos estudantes é que a continuidade da paralisação possa atrapalhar o processo de matrículas do próximo semestre. O trabalho, assim como o encerramento do período de aulas, depende diretamente do trabalho dos servidores. Os alunos estão de férias desde a última semana e devem voltar aos estudos no próximo dia 27.
“Eu já deixei de receber dez caixas de material de uma pesquisa que desenvolvo por causa da greve. Tenho uma pesquisa esperando e acabei tendo que comprar tudo por fora. Tenho certeza de que essa situação não aconteceu só comigo e que boa parte do que está parado vai acabar se perdendo se continuar armazenado de forma indevida”, considera o professor de Biologia Celular da UnB Marcelo Hermes Lima. O docente critica o movimento e ressalta o prejuízo para os universitários. “A maioria dos departamentos não tem espaços para os estudantes. Se eles não têm a biblioteca, acabam ficando sem opção, é um absurdo isso. Eles não podem agir assim com algo que é um espaço público.”
Sem previsão
Desde 16 de março, os 2,4 mil técnico-administrativos decidiram cruzar os braços diante do corte na concessão da Unidade de Referência de Preço (URP), incorporada ao salário da categoria em 1989. Agora, eles buscam uma posição do Supremo Tribunal Federal (STF) para reaver a parcela que corresponde a 26,5% da remuneração. Depois de mais de cinco meses de greve, cerca de 60% dos técnicos já voltaram ao trabalho, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação da Universidade de Brasília (Sintfub), Cosmo Balbino. Mesmo assim parte dos serviços ainda não foram retomados. “Não temos acesso aos livros. Acaba que todo o material que temos são aqueles textos que os professores deixam nas pastas das disciplinas para que possamos tirar cópias”, lamenta Ariel Lins, 18 anos, estudante do primeiro semestre do curso de museologia
Balbino adianta, no entanto, que não há qualquer previsão para o fim da greve e que o início do próximo semestre deve ser conturbado com o número reduzido de funcionários. “Parte de tudo isso é feito por servidores terceirizados. Da mesma forma que está sendo complicado fechar o semestre, também será difícil fazer o processo de matrícula nas disciplinas”, considera. As matrículas devem começar em 17 de setembro.
Correio Braziliense
 

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