Após 52 anos, Cargo de Reitor da UFRN será ocupado por uma Mulher

Publicado em 18 de outubro de 2010 às 10h50min

Tag(s): Eleições na UFRN



Pela primeira vez, nos 52 anos de história da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, uma mulher assumirá o mais alto posto de comando da instituição. As duas chapas inscritas para o pleito da UFRN são: ‘Novas Conquistas’ formada pelas professoras Ângela Paiva Cruz e Fátima Ximenes e a ‘Novo Olhar para a UFRN’, com os professores Arlete Araújo e Manoel Lucas.
Ambas vêem com naturalidade a chegada de uma mulher ao cargo de reitora. Elas encaram com a missão com responsabilidade e concordam que, independente do gênero, o importante é dar respostas aos atuais problemas da universidade.
A nova reitora da UFRN terá o desafio de administrar uma instituição com orçamento de R$ 1 bilhão – superior ao de muitos municípios do Estado. Mas ambas se dizem preparadas para, não só gerir como ampliar os horizontes da entidades, que é considerada a segunda melhor do Nordeste.
Para Ângela Cruz – que atualmente é vice-reitora da UFRN – o grande desafio é continuar o processo de crescimento da instituição com qualidade. “Para isso vamos alargar a interlocução da UFRN com órgãos e institutos que fomentam a pesquisa para garantir que os cursos de graduação e pós continuem sendo referências nacionais e até internacionais”, diz a candidata a reitora pela Novas Conquistas.
Já Arlete Araújo acredita que o grande desafio para a próxima gestão é fazer a universidade mais humana, plural e democrática. “Isso tudo sem perder de vista o processo de consolidação do crescimento da UFRN, que tem problemas semelhantes aos de cidades de médio porte - como questões sociais e transporte”, diz a candidata a reitora da Novo Olhar para a UFRN.
Expansão da UFRN
“Essa expansão criou uma universidade dentro de outra. É como se fosse a UFRN nova dentro de uma antiga. É preciso uniformizar a estrutura que já tínhamos com essa que estamos construindo. Para isso, é preciso revisar o nosso Plano Diretor. Não é apenas construir, é criar infraestrutura. Pensar na universidade como um todo. Por exemplo, não temos estacionamento suficiente para a quantidade de carros que circulam na UFRN, o restaurante universitário não atende satisfatoriamente a demanda atual. Tudo isso precisa ser visto”, sugere Arlete.
Ângela Cruz defende a renovação permanente dos profissionais e dos cursos da instituição. “Recentemente, graças ao REUNI, estamos com um novo curso de bacharelado, que é o Ciência e Tecnologia. É possível ampliar esse modelo para outras áreas. Sem contar que com a ampliação do número de alunos, vamos aumentar também o nosso quadro de docentes e, consequentemente, a estrutura da instituição”, propõe Ângela.
Orçamento
Nesse ponto o desafio da próxima reitora será, além de captar mais recurso, aplicá-lo de forma uniforme nas diferentes áreas de ensino da instituição.
“A UFRN já possui uma descentralização, onde cada centro de ensino tem autonomia sobre os seus recursos. Mas pretendemos elaborar uma nova matriz orçamentária com os percentuais que ficarão com a administração central e com cada área, que poderá captar novos recursos”, diz Ângela.
Segundo Arlete, as diferenças entre os repasses das áreas de ensino são históricas. “Algumas, como é o caso da Tecnológica, recebem mais recursos em virtude da natureza das pesquisas do que outras. Mas nós propomos uma ‘política de solidariedade’ entre as áreas para tentar manter um equilíbrio. Essas diferenças não vão desaparecer, mas vamos buscar amenizá-las”, diz Arlete.
Inclusão Social
Esse também é destaque entre as propostas das duas chapas. A professora Ângela defende a continuidade da política de inclusão social que vem sendo desenvolvida pela UFRN.
“Nós já temos um forte política de inclusão social, a isenção da taxa do vestibular para estudantes de baixa renda, cursinho preparatórios gratuitos para alunos de escolas públicas e o argumento de inclusão, que possibilita o ingresso de estudantes em cursos que antes só os alunos da rede privada tinham acesso, como Medicina e Direito”, fala Ângela.
Ainda segundo ela, tem se discutido bastante o uso das cotas raciais na UFRN, mas a diversidade étnica do RN não justifica esse tipo de política. É preciso focar na questão social.
Para a professora Arlete ainda é preciso se discutir muito a questão das cotas raciais, que para ela tem aspectos positivos e negativos. “A universidade tem que está aberta as todas as demandas e é preciso manter políticas de inclusão, mas acredito que elas devem ser transitórias, para corrigir um problema atual, pois essa deficiência deve ser tratada ainda na escola e não apenas na universidade. Mas diante do cenário. Vejo que o argumento de inclusão tem apresentado bons resultados e vamos mantê-lo, além de avaliar outras possibilidades”, diz.
Pleito
O processo para definir a nova reitora da UFRN segue os moldes da eleição presidencial. No próximo dia 10 de novembro a comunidade acadêmica é quem definirá aquela que vai administrar a instituição nos próximos quatro anos. E caso seja necessário um segundo turno haverá uma nova consulta no dia 24 de novembro.
“Na segunda-feira vamos homologar as chapas e pelo que vemos, vamos ter eleições tranquilas porque as duas candidatas são bastante envolvidas, além de terem um bom nível”, explica o presidente da comissão eleitoral, professor Nilsen Carvalho.
A comissão também vai realizar, debates entre as candidatas. As discussões serão nos campi de Caicó, Currais Novos, Santa Cruz, Natal e um transmitido pela TV Universitária. As datas ainda serão definidas pela comissão.
“As chapas também terão direito a seis minutos diários na TVU e FMU para que a comunidade acadêmica tome conhecimento das propostas”, diz Nilsen Carvalho.
Estarão aptos para votar os professores, os técnicos administrativos, servidores e alunos regularmente inscritos e matriculados na instituição, inclusive os dos cursos a distancia da pós-graduação.
Jornal Tribuna do Norte

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