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Publicado em 30 de dezembro de 2010 às 11h56min
Tag(s): Sindicalismo
O movimento sindical brasileiro exerceu papel de destaque no cenário político nacional ao longo de 2010. A realização da 2ª Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat), no dia 1º de junho, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, foi um grande marco. O evento, que reuniu cerca de 30 mil lideranças do movimento sindical — ligadas à CUT, à Força Sindical, à CTB, à Nova Central e à CGTB — demonstrou a força e o poder da união da classe trabalhadora.
Reunidos em torno da construção de uma agenda da classe trabalhadora para um projeto nacional de desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho, o movimento sindicalista mostrou a importância de exercer um papel de protagonismo na política nacional.
Quase 30 anos após a realização da 1ª Conclat, em agosto de 1981,a conferência aprovou a Agenda da Classe Trabalhadora, documento aclamado pelas cinco centrais sindicais composto de seis eixos estratégicos para um novo projeto nacional de desenvolvimento: crescimento com distribuição de renda e fortalecimento do mercado interno; valorização do trabalho decente com igualdade e inclusão social; garantia do Estado como promotor do desenvolvimento socioeconômico e ambiental; democracia com efetiva participação popular; soberania e integração internacional; direitos sindicais e negociação coletiva.
No Brasil, o protagonismo dos trabalhadores, que cresce, está associado à necessidade de lutar por um novo projeto nacional de desenvolvimento, como a Conclat proclama nos seus principais documentos. É um novo projeto que só poderá vingar pelas mãos da classe trabalhadora, que é quem tem interesses concretos em viabilizá-lo
Se há três décadas, trabalhadores e dirigentes sindicais lutavam para abrir espaço político — contra a ditadura militar e seus aliados —, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, à Presidência da República, em 2002, indica que a resistência do movimento sindical cresceu e avançou. As recentes vitórias do movimento dão um caráter novo à luta, que atinge um alto patamar. Se antes a tônica era a resistência, agora os trabalhadores passam a ter força propositiva.
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil foi a entidade responsável pelo movimento de unidade das centrais sindicais.
Como explicou o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), “todo o sistema que tem um máquina muito sofisticada, muito avançada, precisa de uma parte chamada inteligência do sistema. Esta parte é onde dá a liga do sistema. Sem esta peça nada funciona e a CTB trabalhou como a liga que permitiu que esse conjunto de centrais sindicais fizesse esse debate político mais consequente formando a unidade das centrais. A CTB é isso uma central que luta com inteligência e firmeza para unir todos os trabalhadores de todas as correntes”.
De acordo presidente da CTB, Wagner Gomes, a unidade foi uma das grandes virtudes da Conclat. “Desde a fundação da CTB, há três anos, nós iniciamos um debate com as centrais sobre a possibilidade de realizar esse encontro. Além de mostrarmos a unidade dos trabalhadores, também deixamos clara a nossa intenção de participar do destino do Brasil”.
Eleições 2010
A elaboração da Agenda da Classe Trabalhadora também criou instrumentos para o fortalecimento do movimento sindical na sucessão presidencial deste ano. Embora a maioria dos dirigentes sindicais do país tenham manifestado adesão à candidatura de Dilma Rousseff, a 2ª Conclat não deliberou apoios. Seu principal objetivo foi influenciar nos programas de governo dos presidenciáveis, com base nas 249 reivindicações do documento.
Segundo Wagner Gomes, esta foi a primeira vez que os trabalhadores apresentaram, durante as eleições, um documento contendo propostas de governo para a desenvolvimento do país. “A agenda possui os grandes assuntos do Brasil. O tema principal é o desenvolvimento do Brasil com a valorização do trabalho e distribuição de renda. Também tratamos a defesa da soberania e as reformas — que em nosso entendimento — devem ser feitas. Pela primeira vez, os trabalhadores não ficaram apenas assistindo as eleições. Jogamos um papel importante desde o primeiro turno”.
Outras iniciativas
Para o presidente da CTB, o movimento sindical também liderou de outros importantes debates como a recuperação do salário mínimo, a redução da jornada de trabalho — sem redução salarial — e a luta no campo da economia para a redução das taxas de juros. “As centrais passaram o ano debatendo e mobilizando os trabalhadores em cima desses temas. Essas três questões, aliadas à necessidade de reformas estruturais são fundamentais para o Brasil se preparar para o futuro. Achamos que as políticas compensatórias jogam o seu papel, mas país tem que fazer reformas sob pena de ficar para trás”.
Atuação e perspectivas do movimento sindical
O protagonismo dos trabalhadores nos mais variados assuntos de relevância nacional também demonstra o fortalecimento do movimento nos últimos anos. “Temos manifestado nossa opinião em todas as temáticas importantes para o país” afirma Wagner Gomes.
Mais uma vez, em 2011, as centrais devem se unir com o objetivo de divulgar a Agenda da Classe Trabalhadora por todo o país. “Achamos que esse documento é algo inédito e muito importante para o movimento sindical. A ideia é fazer milhões de cópias e distribuí-los as portas de fábricas e comércios de todo o Brasil. O trabalhador precisa conhecer as nossas opiniões”.