A votação estará disponível na segunda-feira, 22/11, às 08h.
Olá professor (a), seja bem-vindo (a) ao ADURN-Sindicato! Sua chegada é muito importante para o fortalecimento do Sindicato.
Para se filiar é necessário realizar 2 passos:
Você deve imprimir e preencher Ficha de Sindicalização e Autorização de Débito (abaixo), assinar, digitalizar e nos devolver neste e-mail: [email protected].
Ficha de sindicalização Autorização de DébitoAutorizar o desconto no seu contracheque na sua área no SIGEPE e que é de 1% do seu VB (Vencimento Básico).
Tutorial do SIGEPEFicamos a disposição para qualquer esclarecimento.
ADURN-Sindicato
Publicado em 07 de fevereiro de 2011 às 12h29min
Tag(s): Exposição
Há uma semana, no Cairo, o artista egípcio Khaled Hafez perdeu seu amigo, o também artista Ahmed Basiouny. Ele morreu sufocado pelas bombas de gás lacrimogêneo, no auge da repressão às manifestações populares pela renúncia do presidente Hosni Mubarak, no poder no Egito desde 1981. Basiouny, de 32 anos, era professor de pintura e videoarte na Universidade de Helwan e está entre os mais de 300 mortos da atual crise política egípcia, pelo fim do regime de Mubarak, considerado ditatorial.
"Uma jovem geração, que usa o Facebook, foi às ruas", diz Khaled Hafez ao Estado, por telefone. Nascido em 1963, ele se manifesta com os "novos", como diz, otimista quanto ao "futuro democrático" em seu país. Por isso, nesse momento, o artista não teve como sair do Cairo para vir ao Brasil, já que integra a exposição Miragens - Arte Contemporânea no Mundo Islâmico, que será inaugurada na quarta-feira no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
As pinturas e vídeos de Hafez tratam da questão da identidade egípcia, combinando o embate entre antiguidade e contemporaneidade, tradição e consumo. "Não é de religião que se trata a luta atual no Egito, mas de política", continua ele.
"Existe uma pertinência nas obras de Hafez, que falam de insatisfações ao contexto social e político", diz Ania Rodríguez, curadora da mostra, já apresentada no Rio e que depois irá a Brasília, e idealizada por Rodolfo Athayde.
Miragens reúne 58 obras de 19 artistas (Lucia Koch é a única brasileira), alguns deles, muito conhecidos no circuito europeu e americano. Outros são apresentados como novos no cenário artístico, o que ainda aguça a curiosidade pela atual produção de artistas com raízes no eixo norte da África-Oriente Médio. De qualquer forma, a curadora reforça o intuito de se "desfazer uma imagem preconcebida", construída e estereotipada que se tem do mundo islâmico. "A mostra é uma miragem para se entender mais a realidade e dilemas através das obras desses artistas."
Conflitos. A iraniana Shirin Neshat, que vive nos EUA desde a década de 1970, é, por exemplo, um dos grandes destaques do circuito internacional. Em 2002, ela teve sua produção apresentada de forma ampla no Brasil, com uma mostra individual no Rio e com uma bela participação na 25.ª Bienal de São Paulo.
Agora, em Miragens, Shirin Neshat comparece com fotografias dos anos 1990 nas quais fala da condição da mulher muçulmana. São retratos em que a figura feminina é representada por fragmentados (só um pedaço de seu rosto ou por sua mão) e esses detalhes de seus corpos têm a pele desenhada com a tradicional caligrafia persa. Elas convivem com armas, estão em silêncio.
Outra iraniana conhecida, Shadi Ghadirian, está representada por obras da série fotográfica Ghajar. Referindo-se à estética do retrato posado do século 19 (em sépia), a artista fotografa muçulmanas com objetos banais do cotidiano.
"O gênero é colocado como anacrônico e na imagem os elementos têm de conviver", descreve Ania Rodríguez. Basicamente, os conflitos colocados nos trabalhos se referem a uma "preocupação latente de necessidade de diálogo, urgência da vida contemporânea", continua a curadora.
Verbo e paródia. Além de um segmento dedicado a vídeos, em que se pode destacar as criações do artista turco Halil Altindere, participante, em 2007, da 12.ª Documenta de Kassel, a palavra (referida na maioria das vezes pela caligrafia) é uma constante na mostra.
O marroquino Mounir Fatmi criou a peça Entre Linhas (2010), em que um grande disco de corte tem esculpidas partes de capítulo do Alcorão que trata da pureza. "Existe um contraste entre aspereza do instrumento e sutileza da palavra", afirma Ania. Já a máquina de escrever do argelino Kamel Yahioui tem balas de revólveres formando o seu teclado. O anglo-paquistanês Shezad Dawood, ainda, exibe obras em que o nome de Alá está escrito em néon.
Há a paródia também, que requer "a nossa cumplicidade, um sorriso", diz Ania. Supermuçulmano, do turco Sener Ozmen, um dos "desconhecidos" citados pela curadora, é uma série de fotos de 2003 de um Super-Homem que tira sua capa vermelha e a coloca no chão para fazer suas preces.
O Estado de S.Paulo