EUA: Trabalhadores de Wisconsin saem às ruas em defesa de seus direitos e sindicatos

Publicado em 25 de fevereiro de 2011 às 11h53min

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A mobilização popular junto ao Capitólio de Madison, estado de Wisconsin, Centro-Leste dos EUA, continua cheia de vigor. Essa luta começou quando o governador Scott Walker, membro do ultradireitista Tea Party, apresentou o seu "orçamento retificativo", que não só reduz drasticamente as regalias, mas também elimina os direitos consagrados em contratos coletivos de 175 mil trabalhadores do setor público daquele estado.
Desde 14 de fevereiro, milhares de trabalhadores ocuparam o Capitólio para impedir a aprovação desta lei que constitui um atentado à organização laboral. Falando no sábado (9), perante a maior concentração desta semana, com 100 mil pessoas, Mahlon Mitchell, do Sindicato dos Bombeiros Profissionais de Wisconsin (PFW), disse: "O momento é agora. Não podemos esmorecer porque estamos na estaca zero, e aquilo que acontecer irá afetar toda a gente. Temos de ser fortes, uma frente unida".
Manifestante no estado de Wisconsin se inspira nos protestos ocorridos no Egito
Diante da pressão, os deputados democratas do Estado americano de Wisconsin concordaram na madrugada desta quinta-feira (24) em limitar o debate sobre um projeto de lei que prevê acabar com o uso de sindicatos na barganha por benefícios para trabalhadores públicos. Medidas similares estão sendo avaliadas em outros Estados do meio-oeste e levaram centenas de trabalhadores e simpatizantes às ruas.
No início da tarde, o racista e antitrabalhista Tea Party organizou uma contra-manifestação na escadaria do Capitólio. Aderiram cerca de duas mil pessoas, protegidas por mais de 500 polícias bem armados, mas foram cercados pela multidão que ali estava em apoio aos trabalhadores.
O governador Walker e os legisladores de Wisconsin foram inundados com e-mails, telefonemas e foram feitas centenas de visitas aos respectivos gabinetes. Praticamente todos os principais sindicatos utilizaram os seus sites na Internet e as redes sociais para divulgar mensagens. Inscrições como "Egito? Wisconsin?" ou "Marche como um egípcio" traduzem o espírito dos manifestantes inspirados pelo povo egípcio. A luta massiva convenceu 14 senadores do partido democrático a sair do estado, o que inviabilizou a votação final da lei.
País toma partido
A batalha sobre os direitos trabalhistas está se espalhando por todo o país, ao passo em que os republicanos (agora maioria em vários estados) tentam reverter o deficit do Orçamento. Os esforços republicanos levaram a grandes protestos de sindicatos e de seus apoiadores e democratas em Wisconsin e Indiana fugiram para bloquear a medida – membros dos sindicatos são uma grande base eleitoral dos democratas e seu apoio será crucial nas eleições de 2012.
A passagem da lei na Câmera dos Deputados seriam uma grande vitória para os republicanos, mas a medida ainda precisa ser aprovada no Senado. Democratas da Casa chegaram a fugir na semana passada para evitar o voto. Oficiais da polícia de fronteira foram enviados às casas de vários senadores democratas para tentar forçá-los a voltar à sessão, mas os legisladores não podem ser presos por não comparecer.
Os republicanos precisam de ao menos um democrata presente para abrir a votação da lei. O senador democrata Jon Erpenbach, que estava em Chicago, disse que todos os 14 senadores estão fora do Estado e não vão voltar até que os republicanos estejam dispostos a fazer um acordo.
Em Indiana, os democratas conseguiram acabar na terça-feira (22) com uma lei republicana que proibiria estabelecer como condição para contratação fazer parte de um sindicato. Eles agora tentam derrubar outras partes da agenda do governador republicano Mitch Daniels, incluindo a proibição de barganhas coletivas de professores.

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