Finep financiará pesquisas para a Copa e vai virar banco

Publicado em 12 de abril de 2011 às 17h22min

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A informação foi dada pelo superintendente da área de subvenção e cooperação da Finep, Murilo Azevedo Guimarães, na palestra Linhas de Financiamento da Finep para Empresas, dentro do seminário Motores do Desenvolvimento. No evento, Guimarães falou sobre o crescimento dos investimentos em pesquisas cientificas e as mudanças de mentalidade do País em relação a importância da inovação tecnológica para o desenvolvimento.
Um dado apresentado por ele, que pode dimensionar o avanço na política de incentivos à ciência e tecnologia nos últimos anos, é o total financiado pela Finep. O volume de recursos destinados a financiamento de pesquisas científicas cresceu 25 vezes entre 2000 e 2010. A expectativa de investimentos para este ano, segundo Guimarães, é de cerca de R$ 4 bilhões - financiados em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES).
Pelos dados apresentados na palestra é possível perceber que a maior parte dos recursos ainda se destina a pesquisas do Sul e Sudeste - apenas 10% vão para o Nordeste - e para as grandes empresas. "A participação das micro e pequenas empresas ainda é ínfima no setor de ciência e tecnologia", disse Guimarães.
Alguns pontos, apontados por ele, são considerados fundamentais para o desenvolvimento da cultura da inovação no País. O primeiro desses pontos é o fim da burocracia no financiamento e um maior estímulo a participação das empresas privadas nesse processo. Para isso, citou o programa Inova Brasil que tem capacidade de financiar projetos de grande porte - que vão de R$ 1 milhão a R$ 50 milhões e se destina a grandes e médias empresas.
Horas antes, no debate anterior, Amaro Sales (Fiern) havia externado a preocupação em como micros e pequenas empresas terem acesso à inovação. Guimarães disse que "mesmo as pequenas e micro e aquelas que foram abertas recentemente também podem captar recursos. Temos um programa destinado a financiar empresas com menos de dois anos de funcionamento e a intenção é estimular a inovação desde o início da atividade", afirmou.
Outro projeto citado por ele foi a linha de financiamento que propõe ao setor empresarial levar um pesquisador pra dentro das empresas e a financiadora paga o salário desse pesquisador enquanto ele desenvolve novos produtos ou processos.
Guimarães ressaltou, ainda, a importância da participação da iniciativa privada nos processos de inovação e pesquisa científica e garantiu que a Finep tem condições de ajudar nesse processo - seja qual for o tamanho da empresa e sua área de atuação.
Novo modelo vai agilizar os financiamentos - O Banco Central expediu autorização prévia (carta patente) do para que a Finep se transforme em um banco público para financiar empresas e instituições de pesquisa que desenvolvam projetos de inovação. A mudança deve demorar de dois a três anos. Com a alteração de status, a financiadora funcionará nos moldes do BNDES e poderá levantar mais recursos para empréstimos e captar mais verbas do que as que são destinadas hoje à área pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
A informação foi dada esta semana em Brasília (DF) pelo assessor especial do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Reinaldo Ferraz, em seminário sobre inovação e competitividade no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Apesar do contingenciamento de mais de R$ 50 bilhões, anunciado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para toda a administração federal, a Finep conseguiu este ano aumentar em 50% a sua previsão orçamentária (chegando a R$ 6 bilhões). O dinheiro foi obtido com o aporte de mais R$ 1,75 bilhão do Programa de Sustentação do Investimento (PSI, do BNDES) e mais R$ 220 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Os recursos serão usados para contratar cerca de 120 projetos de pesquisa e desenvolvimento. As prioridades são para projetos de energia, saúde, tecnologia da informação e comunicação.
"Criamos um ativo de conhecimentos sobre o RN" - O terceiro ano de seminários consolida o projeto Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte como "um fórum informal, de instituições e pessoas que pensam o desenvolvimento do estado a longo prazo". A avaliação é do deputado federal e presidente da Tribuna do Norte, Henrique Eduardo, na abertura do 9º seminário (Inovação e Tecnologia), destacando o caráter apartidário e independente do projeto.
Rejeitando a concepção de que o governo deve "pensar por todos e decidir sozinho", o deputado ressaltou que o maior ganho do projeto "não é tanto o que as reflexões durante os seminários possam ter feito de prático, de concreto" para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte; mas sim ter criado o hábito da sociedade discutir suas potencialidades, os problemas e o futuro que desejam.
"A ideia que move os Motores é a convicção dos seus patrocinadores de que a sociedade deve pensar, avaliar situações identificar projetos, possibilidades, mostrar a si mesmo e às autoridades constituídas que está viva, ativa, vigilante dos seus problemas, com os olhos no futuro", disse Eduardo.
O grande ganho dos seminários já realizados acrescentou o deputado, foi a criação de um "ativo de conhecimentos" sobre como e sobre que bases o desenvolvimento do Rio Grande do Norte pode ser planejado e realizado. O mérito da construção desse ativo, lembrou ele, é dos idealizadores e dos parceiros públicos e privados do projeto, acrescentando que esse sucesso também impõe a necessidade de uma autocritica.
"O conhecimento da nossa realidade, formulado peça contribuição dos especialistas que vieram se juntar a nós (...) não chega as comunidade do interior do estado, de modo a envolvê-las, conscientizando-as dos nossos desafios".
O deputado propõe levar, por meio de oficinas temáticas, o conhecimento gerado pelo projeto Motores do Desenvolvimento às regiões do interior potiguar. A ideia é sediar, em cidades polos, discussões sobre os potenciais econômicos de cada uma delas (mineração no Seridó; petróleo no Oeste; fruticultura no Vale do Açu etc).
Energia eólica pode viabilizar parque local - O professor José Raimundo Braga Coelho, integrante da equipe de gestão do Parque Tecnológico de São José dos Campos, São Paulo e 1º Tesoureiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), encerrou o ciclo de palestras, mostrando que o Motores do Desenvolvimento também é um espaço de troca. Trouxe do interior de São Paulo, a ideia de montar grandes parques tecnológicos em outros estados.
Coelho se propôs a discutir a possibilidade de instalar um parque tecnológico no RN, voltado principalmente a geração de energia eólica. "O parque tecnológico não tem modelo. O de São José dos Campos é totalmente diferente de todos os outros do Brasil. Este modelo não deve ser copiado. O que deve ser copiado é a ideia. A gente só aprende, fazendo", provocou.
Ele detalhou como funciona o parque de São José dos Campos e mostrou como montar um. Primeiro, cria-se o parque, com autorização do município. Depois, atraem-se as grandes empresas. Em seguida, as médias e pequenas. Por fim, escolas e institutos de pesquisa. Foi assim que começou o de São José dos Campos, que hoje ocupa uma área de 25 milhões de m² numa cidade onde moram 600 mil habitantes, uma das densidades mais baixas do estado. A instalação do parque aumentou, inclusive, o número de vagas públicas na graduação. Até 2006, só havia 200 vagas, 120 voltadas para aviação e 80, para odontologia. Agora, são mais de 1,6 mil.
Hoje, o parque, criado em 2006, congrega vários centros de tecnologia - com destaque para Aviação, Energia e Recursos Hídricos - institutos de pesquisa e ensino e empresas privadas. Tudo isso começou com apenas uma ideia. Para concretizá-la, antes foi necessário convencer a população, como explica Coelho. "Se a população não sente a necessidade de usar Ciência e Tecnologia para o seu desenvolvimento, o que você fizer, não importa o que seja não terá sucesso". Ele concluiu afirmando que no Seminário se deparou com duas situações inusitadas e positivas. "Primeiro, um seminário sobre inovação, considerado mais empresarial, realizado por um jornal. Segundo, o fato de ser realizado numa universidade".

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