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Publicado em 03 de maio de 2011 às 10h18min
Tag(s): Greve dos professores
O Governo do Estado não irá atender às reivindicações que motivaram a paralisação de professores e servidores iniciada ontem. A secretária estadual de Educação e Cultura, Betânia Ramalho, declarou que o Executivo não tem condições financeiras de satisfazer o pedido do sindicato, que luta pelo cumprimento do plano de carreira assim como do piso estabelecido nacionalmente. “A melhor saída é sentar para conversar, de modo que os alunos não saiam prejudicados”, disse a secretária.
Ontem à tarde, Batânia Ramalho recebeu representes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte/RN). Ela, mais uma vez, convidou os professores para a mesa de negociação, mas colocou uma condição: o Governo do Estado só negocia com a volta às aulas. A Seec havia requisitado através de nota um prazo de 120 dias para viabilizar a discussão e o cumprimento das leis trabalhistas; em assembléia, sindicato votou pela greve na sexta-feira passada.
Betânia recebeu em seu gabinete os representantes do protesto e se mostrou surpresa pelo caminho tomado. “Fiquei surpresa com a falta de boa vontade dos professores em decidirem pela greve. Enviei nota quarta-feira passada para discutir questões contraditórias e hoje [ontem] fui informada de tal decisão”, comentou a secretária, ressaltando que o momento é de sentar e construir saídas.
Ela, que considera justo os avanços alcançados pela categoria, chama atenção pela falta de discussão na aprovação do piso nacional dos professores. “Aprovaram a lei sem ser realizado um estudo de impacto e adequação orçamentária. Estamos recorrendo ao Ministério da Educação para tentar honrar o compromisso. Estamos enfrentando muitos problemas pela Lei de Responsabilidade Fiscal”. A Governadora Rosalba Ciarlini conseguiu agendar para amanhã uma reunião com o ministro Fernando Hadad para tratar desse tema.
Do outro lado, a coordenadora do Sinte/RN, Fátima Cardoso, esclarece a motivação da greve. “Queremos uma equiparação de salários pagos no âmbito estadual e que não é aplicado para profissionais da educação. Nossa prioridade é que se cumpra o plano de carreira”. Segundo ela, há uma defasagem em mais de 100% no pagamento dos profissionais de educação em comparação às demais áreas do Governo.
Cardoso exemplifica: profissionais formados chegam a receber R$ 2.550 de piso no Estado, enquanto os professores possuem um salário de R$ 937. A expectativa da coordenadora era de que a Seec apresentasse hoje uma proposta que leve em conta esse nível salarial.
Fátima conta que a situação se tornou insustentável depois que o Governo pediu mais 120 dias para negociar. “O pedido de prolongamento não foi visto com bons olhos e assembleia optou pela paralisação. Já havíamos passado 120 dias negociando e tivemos o bom senso de não começar o ano letivo em greve”.
A opção pela greve não encontrou apoio total dos profissionais da educação do Estado. Na tradicional escola Atheneu, localizada no bairro de Petrópolis, metade dos professores “furaram” a paralisação e prosseguiram normalmente com as aulas. A diretora da instituição, Marcelle de Lucena, afirmou que muitas outras escolas não estão demonstrando adesão ao movimento.
“Estamos reorganizando o horário para que os professores que não aderiram a greve possam vir dar as aulas”, contou Marcelle. Indagada sobre a sua posição quanto a opção pela greve, Fátima Cardoso desconversou. “O sindicato optou pela paralisação e vamos agora atrás desses direitos”.
Professores - Salários, em comparação com o Piso Nacional e Plano de Cargos
Professores - 30 horas
1 - Hoje no RN: R$ 664,00
2 - O que está previsto no: - Piso Nacional R$ 890,00 - Plano de Cargos e Salários –R$ 1.530,00
*informações da Secretaria de Educação/RN
Mais de 50 mil alunos não renovaram matrículas
Os profissionais de educação aproveitaram a oportunidade de discussão para comentar a decisão de fechamento de mais de 300 escolas por parte do Governo do Estado. Para a coordenadora do Sinte/RN, Fátima Cardoso, a atitude comprova a ausência de planejamento educacional.Segundo o sindicato, mais de 50 mil alunos não renovaram a matrícula na rede estadual este ano.
“É possível que alguma parte desse número tenha ido para a rede municipal. Mas boa parte representa abandono escolar”, disse Fátima. Ela esclarece que cabe ao Executivo combater essa tendência e começar a investir na modalidade profissionalizante aliada a educação de ensino médio.
A secretária estadual de educação, Betânia Ramalho, tentou rebater as constatações alegando que boa parte das escolas já estavam abandonadas e a sua assinatura apenas oficializou a extinção. “Os municípios ampliaram os serviços prestados e acabaram por esvaziar algumas escolas mais isoladas de algumas cidades. Mais de 200 instituições ainda estão sob análise”, declarou Ramalho.
Um total de 346 escolas já passaram ou estão passando por vistoria da secretaria para se optar ou não pela extinção. Já está tramitando o processo relativo a 76 instituições e mais 270 aguardam o início do procedimento. Sete unidades já foram extintas, sendo uma delas em Natal, Escola Estadual Professor Bartolomeu Fagundes. As demais ficam no interior, em cidades comom Martins, Bodó, Rafael Godeiro, Antônio Martins, Frutuoso Gomes e Umarizal.