Professores da Uefs (BA) em greve ironizam o governador e raspam barba em protesto

Publicado em 09 de maio de 2011 às 10h32min

Tag(s): Greve dos professores



Os professores da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) fizeram uma manifestação na manhã de hoje (06) no centro comercial de Feira de Santana marcada por um “barbear coletivo” parodiando a “venda” da barba pelo governador Jaques Wagner (PT).
Em greve há 26 dias, os professores estão reivindicando do governo do estado a retirada de uma cláusula do acordo salarial que congela seus salários até 2014 e a revogação do Decreto 12.583/11 que contingencia verbas no serviço público. Durante a manifestação, os grevistas esclareceram a população divulgando a situação do movimento, inclusive a suspensão do pagamento dos salários do mês de abril. A disposição dos professores é de continuar em greve em defesa de melhores salários, de mais verbas e da autonomia universitária. “A UEFS é um importante patrimônio do povo baiano e não deixaremos que o governo a trate com tanto descaso”, afirma a professora Sarah Rios, do Comando de Greve da Uefs.
Na manhã de hoje o governo, representado pela Secretaria de Educação, Secretaria de Relações Institucionais e Secretaria de Administração, recebeu representantes dos professores das quatro universidades estaduais em greve. Segundo o coordenador da Associação dos Docentes da Uefs (Adufs), Jucelho Dantas o governo não irá retirar a cláusula restritiva, mas se comprometeu a modificar a cláusula e enviar nova proposta até as 17h desta sexta. Professores que compõem o Fórum das Associações Docentes (ADs) estão reunidos em Salvador avaliando as atividades da manhã e aguardando essa resposta do governo.
A tentativa do governo de encerrar a greve com o corte dos salários dos professores da Uefs, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) não teve sucesso. Nas duas últimas universidades a greve já dura 29 dias. Os salários dos professores da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) não foram cortados, pois aderiram a greve no dia 26 de abril. “Não vamos nos amedrontar com a atitude arbitrária e inconstitucional do governo de desrespeitar o direito de greve. Continuaremos firmes na luta, pois só assim conquistaremos nossas reivindicações”, relata Jucelho.
As negociações entre o governo e os professores, que resultaram no acordo da incorporação da gratificação CET (Condições Especiais de Trabalho) ao salário base, duraram mais de um ano. Os professores, demonstrando muita capacidade de negociação, aceitaram o pagamento da incorporação de forma parcelada até 2014. No entanto, no dia da assinatura do Acordo o governo surpreendeu a categoria incluindo no documento a cláusula restritiva.
Segundo o professor Jucelho, o que está impedindo a assinatura do acordo não é o parcelamento da incorporação da CET, mas a imposição do governo para que a categoria passe quatro anos sem qualquer melhoria salarial. “O governo está divulgando a incorporação da CET como se isso significasse uma grande melhora nos nossos salários e não é verdade. A CET significa um aumento de 12 a 18%, a depender da classe em que se encontra o professor, ao final dos quatro anos, o que é muito pouco se lembrarmos que as Universidades estaduais da Bahia recebem um dos piores salários do Nordeste. Estados com arrecadação de impostos bem menor pagam muito melhor aos professores de suas Universidades, a exemplo do Ceará, da Paraíba e do Piauí”, finaliza Jucelho.

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