Diretor do CTI lista prioridades em entrevista

Publicado em 10 de agosto de 2011 às 14h38min

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Contribuir para o crescimento do setor de TI é uma das prioridades da gestão do novo diretor do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), Victor Mammana, informa o Informe Abipti. O boletim, divulgado pela Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti), traz entrevista com o diretor.
Quais serão as prioridades da sua gestão?
O MCT [agora MCTI, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação] estabeleceu uma agenda agressiva para a área de tecnologia da informação, acelerando o processo de consolidação de políticas públicas em áreas pertinentes à atuação do CTI Renato Archer, como software, displays, microeletrônica, acessibilidade, tratamento de resíduos eletrônicos, tecnologia social, entre tantas outras.
O nosso papel principal é oferecer suporte a estas políticas públicas de forma que possamos aprofundar a nossa contribuição para o crescimento do setor de TI [tecnologia da informação]. Esse alinhamento que buscarei imprimir é compatível com a história do CTI Renato Archer, que há quase 30 anos vem apoiando a formulação e a execução de políticas públicas.
O senhor poderia citar algumas das áreas que foram contempladas com a atuação do CTI?
Nós fomos pioneiros na demonstração de um sistema de votação eletrônica no final da década de 1980. Também tivemos um papel importantíssimo na consolidação do sistema de Emissores de Cupons Fiscais durante toda a década de 1990. Toda a indústria de software do país foi beneficiada pelas metodologias de qualificação de software criadas no CTI Renato Archer. Na área de saúde, fomos pioneiros na utilização de tecnologias 3D para o planejamento de cirurgias, tendo desenvolvido o primeiro programa brasileiro do setor no final da década de 1990. O CTI Renato Archer desenvolveu soluções de empacotamento para muitas indústrias do setor eletroeletrônico, contribuindo para a sua nucleação no País. Apoiamos fortemente as políticas de microeletrônica brasileiras desde 1982, tendo conquistado liderança nacional na área de processos e projetos de circuitos integrados. Mais recentemente, a partir de 2008, o CTI Renato Archer teve atuação importantíssima na Política de Desenvolvimento Produtivo, contribuindo para a atração de empresas do setor de displays para o País. Também, recentemente, o CTI Renato Archer liderou a execução do Projeto Ambientronic, que busca promover uma solução sistêmica para o problema dos resíduos eletrônicos no país. Portanto, durante a minha gestão procurarei dar ênfase na vocação histórica do CTI Renato Archer, ou seja, de apoiador na formulação e execução de políticas públicas na área de tecnologia da informação.
Qual é o orçamento do CTI para este ano? Que tipo de ações serão contempladas?
O CTI Renato Archer tem um orçamento anual de aproximadamente R$ 15 milhões, os quais têm origem em recursos da União, sempre sujeitos a contingenciamentos. Além disso, em torno de R$ 15 milhões são levantados com projetos desenvolvidos em parceria com a iniciativa privada e órgãos de fomento, por meio de uma atuação conjunta com a sua fundação de apoio, a Facti. Essa razão recursos públicos/recursos privados mostra que o CTI Renato Archer tem uma sustentabilidade elevada para uma instituição pública. Nossa ação principal no contexto orçamentário é elevar o montante de recursos oriundos de projetos, através da ampliação da interação de nossas divisões de pesquisa com o setor industrial e com o próprio governo federal.
A Divisão de Qualificação e Análise de Produtos Eletrônicos do CTI Renato Archer obteve, recentemente, a aprovação de seu processo de acreditação pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). O que esse reconhecimento representa para o centro e qual a sua importância?
Com essa acreditação, o Inmetro autoriza o CTI Renato Archer a atestar a conformidade de placas de circuitos impressos, atendendo aos requisitos da norma técnica IPC 6012. Esta conquista agrega maior credibilidade e valor aos serviços realizados pelo laboratório que, a partir de então, passou a fazer parte da Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios (RBC) do instituto e a utilizar o símbolo de acreditação do Inmetro junto à logomarca do CTI.
Além disso, toda a atuação do laboratório de qualificação do CTI Renato Archer agora está de acordo com a Norma ABNT NBR ISO/IEC 17025, significando que seguimos os padrões gerenciais e técnicos para a implementação do Sistema de Gestão da Qualidade. Projetos e demandas neste tema podem ser direcionados para o nosso colega Marcos Pimentel (email: [email protected], ou no telefone 19 3746-6059), que liderou o processo de acreditação.
Na sua opinião, quais são os principais desafios da indústria eletroeletrônica nacional?
No momento, o maior risco é conjuntural e está associado à desvalorização do dólar. Com isso, o setor está enfrentando os produtos importados numa situação de franca desvantagem. Independentemente desta questão conjuntural, o fato é que a indústria eletrônica precisa enfrentar seus problemas estruturais históricos. A principal medida é adensar a cadeia produtiva associada. Na verdade, sua atividade industrial ainda está restrita à montagem de kits, havendo algumas louváveis exceções. O adensamento da cadeia produtiva promove um benefício inegável à competitividade e sustentabilidade, significando capacidade de produzir e inovar em materiais e insumos, inovar em projeto e inovar em bens de capital, condição indispensável para a produção de componentes cada vez mais complexos e, portanto, sistemas eletrônicos cada vez mais inovadores.
Quais são os riscos para o setor caso isso não ocorra?
Sem esta capacidade, a atividade industrial fica muito vulnerável à competição externa e dependente de incentivos, incapaz de introduzir novos produtos e serviços por não dominar o ciclo de inovação. Felizmente, há mais de quatro anos o país vem retomando sua política industrial para componentes, através de uma articulação intensa entre o governo e o setor produtivo, traduzida na Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP). Quatro anos pode parecer muito tempo, mas a verdade é que a estruturação de uma cadeia produtiva complexa como a de componentes exige longos anos de esforços para que todos os seus elos encontrem sustentabilidade.
O centro lançou recentemente a pedra fundamental do Parque Tecnológico CTI-Tec. Quando a iniciativa deverá ser inaugurada e qual é a sua importância para o desenvolvimento científico e tecnológico do País?
Todas as ações para instalar o Parque Tecnológico CTI-Tec estão prontas, o terreno já está disponível e os recursos já foram disponibilizados pela Finep. No momento, estamos aguardando a finalização de alguns detalhes documentais referentes ao registro do terreno no Patrimônio da União para iniciar as obras. O CTI-Tec inaugura um novo modelo de parque tecnológico em que a disponibilização de infraestrutura tradicional para empresas é complementada pelo oferecimento de apoio no amplo repertório de competências em tecnologia da informação consolidado no CTI Renato Archer. Ou seja, é o ambiente ideal para pequenas, médias e grandes empresas que buscam um bom substrato para produzir suas inovações.

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