Pesquisadores brasileiros anunciam descoberta de nova espécie de artrópode

Publicado em 11 de agosto de 2011 às 09h43min

Tag(s): Ciência



O anúncio da Seira ritae, como foi classificada a nova espécie, aparece na edição de junho da revista Zoologia, editada pela Sociedade Brasileira de Zoologia.
Douglas Zeppelini, professor da Universidade Estadual da Paraíba e Bruno Cavalcante Bellini, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ambos bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), descobriram uma nova espécie de artrópode, animal invertebrado, da ordem Collembola.
As amostras de Seira ritae foram coletadas junto à vegetação das dunas de areia na Praia do Bessa, em João Pessoa, capital da Paraíba . Collembola representa uma ordem do reino animal constituída por pequenos artrópodes que medem menos de 10 milímetros e são encontrados em todo o mundo, no solo, em árvores, folhiços e vários outros ambientes. Caracterizam-se por se alimentar de bactérias, atuar como dispersores de fungos e auxiliar na decomposição de matéria orgânica.
A Seira Lubbock, com 25 espécies classificados no Brasil, é um gênero predominantemente tropical de Entomobryidae , a maior família da Collembola. Ela é encontrada especialmente no Nordeste , onde 15 espécimes de Seira já foram relatadas, sendo oito descritas pelos professores Douglas Zeppelini e Bruno Bellini, nos últimos cinco anos . Além da abundância, o tamanho minúsculo é outro fator que dificulta a descrição dos colêmbolos.
Zeppelini afirma que indicadores provenientes da descoberta podem servir como uma ferramenta prática de avaliação ambiental, além de auxiliar na criação de políticas públicas em favor da conservação. A nova espécie do ártropode foi encontrada em uma praia altamente urbanizada, onde Zeppelini desenvolve, via Organização Não Governamental (ONG) Associação Guajiru - Ciência - Educação - Meio Ambiente, o Projeto Tartarugas Urbanas (PTU) que visa a conservação de tartarugas marinhas que desovam nesta praia.
Segundo ele, a existência de tartarugas marinhas nessa área já é uma surpresa, tendo em vista que a urbanização extingue as tartarugas locais. Mas a existência de espécies de solo endêmicas, como collembolos ou ácaros, é definitivamente uma forte indicação da qualidade ambiental. "Quanto melhor conhecermos a diversidade da região, melhor poderemos direcionar os esforços para conservação. Além disso, quando a população toma conhecimento da diversidade do lugar onde vive, passa a valorizar mais essa área. Sendo assim, podemos estabelecer estratégias de educação ambiental e manejo do ambiente costeiro para assegurar a manutenção da diversidade" enfatiza.
As pesquisas acerca dos collembolos já se desenvolvem há vários anos e, recentemente, o pesquisador tem se destacado em suas investigações. O trabalho já contou com várias parcerias internacionais como pesquisadores do Instituto de História Natural de Illinois e do Conservatório Natural de Arkansas, ambos dos Estados Unidos.
Os pesquisadores também produziram o livro "Introdução ao Estudo dos Collembola", um manual para iniciar alunos ao estudo dos Collembola. "Procuramos preparar um livro abrangente e prático, sem ser muito extenso e detalhado, porém com um bom volume de informações sobre taxonomia, ecologia, evolução e sistemática do grupo além de métodos de preparação do material, tudo voltado para os iniciantes na disciplina" finaliza o pesquisador.
(Ascom do CNPq)

Jornal da Ciência

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