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Publicado em 22 de agosto de 2011 às 09h14min
Tag(s): Educação
É hora do intervalo na escola estadual Jornalista David Nasser, no Capão Redondo, em São Paulo. Ao perceber que um amigo estava sendo ofendido - de novo - por termos como "bicha" e "viadinho", Amanda Soares do Nascimento, 13, resolveu partir para a briga. O grupo agressor revidou e, para não apanhar, Amanda e o amigo sairam correndo. Depois, eles tiveram de ser "escoltados" por um professor para evitar qualquer tipo de vingança. A cena, que era comum há um ano, virou caso raro.
Atualmente, vítimas e agressores fazem parte do mesmo grupo e divulgam pela escola a importância da tolerância e do respeito pela diferença. Dois estudantes de cada classe são escolhidos para integrar esse tipo de esquadrão contra o bullying e outras violências na escola. A ideia é resultado da combinação de dois programas -- o JCC (Jovens Construindo a Cidadania), promovido pela PM (Polícia Militar) e outro, da secretaria estadual de Educação, que institui a figura do professor-mediador [de conflitos] -- por meio de dois profissionais: a professora-mediadora Fabiana Laurentino da Silva e o policial militar Fausto Alves Ramalho.
Pode crer
Os alunos desenvolvem discussões, produção de propagandas e apresentações culturais. Para pôr fim aos maus-tratos, o teatro e a música mostraram-se bastante eficientes. O funk, ritmo apreciado por muitos, ganhou uma letra específica para o tema, redigida pelos próprios alunos. Diz um trecho: “a amizade é muito boa, estamos na escola para aprender. O bullying é muito errado e nisso você pode crer”.
Além de acalmar os ânimos, o contato com a arte e o fato de encontrar meios de se expressar revelou alguns talentos. Gustavo Soares da Rocha, 15, por exemplo, é o centro das atenções com as músicas que toca para difundir ideias de tolerância. Antes do programa, o garoto era o terror da escola -- com histórico de depredação do prédio e brigas com os colegas. "[Fazia aquilo] para fazer graça e ganhar respeito dos outros", conta. "Mas tem outras maneiras de fazer isso", explica.
Até agosto deste ano, o grupo se reunia em horário de aula, mas passou a fazer parte do conjunto de atividades extracurriculares. Os professores e a direção avaliaram que os estudantes não podiam abrir mão desse tempo em classe, apredendo as matérias do currículo.
De agressor a exemplo
Combinando as iniciativas, Ramalho e Fabiana têm trabalhado para tornar os causadores dos maus-tratos em combatentes da violência. Eles aproveitam o potencial de liderança e mobilização dos antigos agressores, usando essas características para evitar o bullying.
Maria Luiza Goes, 13, já experimentou os dois lados. Pernambucana, a menina debochava dos colegas estudiosos, perseguindo-os e chamando-os de "nerds" quando morava no Nordeste. Quando chegou à capital paulista, ela passou à posição oposta: não cons. “Fui chamada de nerd várias vezes”, conta. Depois de ter entrado no grupo, ela, que já havia se arrependido do que fazia na antiga escola, tenta passar sua experiência aos outros para que a história não se repita.
A história de Laiane Lopes Neres, 12, é parecida: ela já foi vítima e agressora. Ao representar uma personagem que se enforca por causa das seguidas agressões, a aluna se emociona e chora ao lembrar dos sentimentos que vieram à tona. “Nunca imaginei como seria estar numa situação assim”, afirma.
Diálogo
O grupo sabe de cor o que é bullying: “agressões físicas ou verbais repetidas que podem levar à depressão e até ao suicídio”. A definição, burocrática, fica outras cores com casos como o de Mateus da Conceição, 13, que fala pelos cotovelos e não tem problemas para se expressar em público. Quem o vê hoje em dia não imagina que já sofreu depressão, parou até de comer e cogitou o suicídio. “Era tão humilhado que perdi a vontade de tudo”, conta. Para descontar a tristeza que sentia, resolveu atazanar um colega. “Puxava o cabelo dele, batia até deixar a cara roxa. Hoje vejo que coisa horrível eu fiz”, conta.
Para esses alunos, o grupo anti-bullying representou o fim de uma longa e triste história. “Agora sei que nunca deveria ter partido para a agressão”, diz Amanda. A intenção é justamente essa: substituir a violência pelo diálogo na resolução dos conflitos entre as crianças e os jovens -- conflitos esses que sempre vão existir.
“Queremos também mostrar à vítima que ela tem com quem contar dentro da escola”, diz Fabiana que sempre tenta colocar agressores e vítimas frente a frente para ajudá-los a resolver os conflitos. Muitas dessas duplas acabam se tornando amigos, como é o caso de Juliana Neres, 15, e Gustavo Soares da Rocha, 15. O garoto costumava xingá-la "por causa dos cadarços coloridos que [ela] usava". Atualmente, eles não se desgrudam e têm o hábito de realizar longos duelos ao estilo Harry Potter.
A turma está pensando agora em promover uma passeata pelo bairro para promover a luta contra o bullying. Eles querem até chamar uma fanfarra para animar a caminhada. Também negociam uma participação no programa “Altas Horas”, da Rede Globo, para mostrar o trabalho desenvolvido. “Vamos levar a discussão a outras escolas e até a países estrangeiros, pois o bullying não é um problema só do Brasil”, diz um dos alunos, apoiado em seguida pelos outros.