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Publicado em 01 de setembro de 2011 às 10h52min
Tag(s): Cultura
"O Gato Lúdico não é uma banda, não é uma lenda, apenas se propõe a abrir fendas e rasgar vendas". A afirmação é dos próprios Vicente Vitoriano, Carlos e Artemilson, que juntos formam a trupe que embalou os últimos dias do desbunde cultural natalense. Sinônimo de música autoral, humor irônico, poesia marginal e momentos performáticos, o Gato Lúdico reaparece em duas ocasiões esta semana: na sexta-feira (2), às 20h30, participa do projeto Cantando e Conversando, no Zen Bar em Pium; e domingo (4), às 17h, abre a programação da Casa da Ribeira na sétima edição do Circuito Cultural com o espetáculo "Skullambation Society".
Entre os apoiadores do projeto estão a ADURN, IFRN, Funcern, SINASEFE, ServGrafica, Paulinho Freire, SindSaúde-RN, Moacir Barros, SINTSEF e Flamma. Para o presidente da ADURN, João Bosco de Araújo, a criação de eventos culturais como esse é de extrema importância. "Dar apoio a esses projetos que evidenciam o talento de gente da nossa terra é de fundamental importância para a evolução na valorização da cultura no nosso estado"
No Zen Bar, o ingresso custa R$ 5 e terá intermediação do poeta e professor João 'da Rua' Batista de Moraes Neto; enquanto na Ribeira a entrada é gratuita e o trio se apresenta acompanhado de baixo, guitarra e bateria. "Serão dois momentos bem distintos, complementares" avisa Vicente Vitoriano, adiantando que na sexta o show será conduzido pelo bate papo. "Já no domingo, estaremos com todas as vidas no palco", complementa Artemilson Lima, em clara alusão às sete vidas dos gatos.
O grupo também anunciou que vai, finalmente, registrar sua performance: o show da Casa da Ribeira será gravado para a posterior produção de um DVD. O Gato Lúdico é da época que não se sintonizava FM em Natal, e equipamentos audiovisuais não eram tão populares - o que significa pouco registro histórico sobre as performances que marcaram toda uma geração.
Para quem não conhece a dupla, saiba que os 'pós-ripongas' de ontem são hoje respeitáveis professores quando estão longe dos holofotes - o artista plástico Vicente Vitoriano é professor do curso de Artes Visuais do Deart/UFRN e Artemilson Lima dá aulas de História no IFRN. O terceiro Gato Lúdico na ativa, Carlos Lima, é ator profissional e não participou da entrevista por falta de brecha na agenda pessoal.
Conspiração a favor
Desdobramento sonoro da cia teatral Nuvem Verde, a proposta de levar ao palco canções autorais surgiu em 1982 durante o Primeiro Festival de Música e Poesia da UFRN, e chegou a participar de três edições do Festival de Artes de Natal, o saudoso Festival do Forte, em 1982, 83 e 84. Encerrou seu primeiro ciclo em 1995 e está de volta desde março deste ano, quando fez aparição especial durante o Dia da Poesia. O universo conspirou a favor desse retorno: "Quando recebi o convite de Carlos Gurgel para participarmos do evento, lembrei da vontade antiga do Artemilson em levar o Gato Lúdico mais uma vez aos palcos", contou Vitoriano. "Ele dizia que tínhamos que gravar as músicas, deixar registrado, e comecei a reformatar nosso repertório".
Originalmente formado por Vicente, Carlos e Jaime Lúcio Figueiredo, falecido em 2007, sobrou para Artemilson encarar a vaga deixada pelo ilustre amigo. "Não pensei duas vezes quando Vicente entrou em contato. Tive um convívio muito próximo com o Gato, tocava e cantava com o grupo em momentos mais íntimos, sabia o repertório decorado. Era tiete e sempre achei que o legado merecia ser registrado. Foi a trilha sonora da geração que tinha curtido os anos setenta", lembra Artemilson.
Vale registrar que a apresentação no Dia da Poesia ainda contou com a presença de um quarto Gato Lúdico, o artista plástico Cláudio Damasceno, incorporado ao grupo ainda na década de noventa - mas o recente nascimento de sua filha impossibilitou maior dedicação ao grupo.
Ineditismo
Apesar do desejo latente de seus integrantes, o grande incentivo para a retomada definitiva do Gato Lúdico veio do público. "Depois dessa apresentação em março, percebemos que ainda temos um público fiel, cativo, que gosta do nosso trabalho, e não pararam de perguntar quando iríamos nos apresentar de novo. Também foi bem interessante notar a renovação do público", comemora Vitoriano.
Para Artemilson, por mais que o repertório seja antigo, "de certa forma é inédito para este novo público". Mas os fãs veteranos do grupo podem ir se animando, pois o show de domingo traz duas composições inéditas: "Vale Tudo" e "Good bye, Tola".
"Nossa pegada é rock, mas teremos um momento mela cueca no meio do show, com baladas, blues e boleros, antes do gás final", adianta Lima. Segundo ele, o Gato Lúdico faz referências ao glitter rock e transita mais para o lado dos Mutantes. "Temos aquela ironia do Premeditando o Breque, do Língua de Trapo e do Joelho de Porco, e fazemos questão de não termos qualquer filiação ideológica - apesar do auge ter acontecido no fim da ditadura Militar e do grupo ter participado do comício a favor das Diretas Já aqui em Natal", destacou Artemilson.
Sobre o nome, Vicente Vitoriano contou que Gato era o nome de um saxofonista, " e de um guitarrista do Roberto Carlos. E lúdico vem da teoria da arte como jogo, no sentido de diversão. Como na época estava trabalhando com a série de desenhos 'Homo Ludens', juntamos isso e surgiu Gato Lúdico - um nome bem de banda de rock", aposta o artista plástico e compositor.
Serviço
Show Gato Lúdico . Sexta-feira (2), às 20h30, no Cantando e Conversando - Zen Bar, em Pium. R$ 5.
Domingo (4), às 17h, na Casa da Ribeira. Entrada franca. Gravação do DVD na Casa da Ribeira
Da Tribuna do Norte com acréscimo de informações