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Publicado em 21 de setembro de 2011 às 10h04min
Tag(s): ONU
Cerca de mil pessoas acompanharam o ato que saiu da Praça Ramos e seguiu até a Câmara Municipal de São Paulo nesta terça-feira (20). O mesmo ocorreu em diversas capitais do mundo neste 20 de setembro, data de mobilizações em apoio ao reconhecimento do Estado da Palestina pela Organização das Nações Unidas (ONU). Por solicitação do presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, o organismo internacional vota o tema nesta quarta-feira (21).
“Uma vitória da admissão da Palestina como Estado-membro da ONU seria a maior derrota do imperialismo e do sionismo das últimas seis décadas. Por isso toda a diplomacia dos Estados Unidos e de Israel trabalham para impedir a concretização de tal possibilidade”, avalia Lejeune Mihan, um dos organizadores do ato deste dia 20.
A expectativa dos movimentos brasileiros é que a presidente Dilma Rousseff mantenha a postura assumida pela diplomacia brasileira e vote pelo reconhecimento da Palestina como Estado-membro da ONU. “A presidente Dilma vai levar este debate à ONU em nome dos brasileiros”, disse a representante da Central única dos Trabalhadores (CUT), Rosane Bertotti. O ato ocorreu nesta terça em diversos países do mundo justamente com o intuito de demonstrar o apoio popular e pressionar os representates dos Estados nacionais a assumirem postura pró-Palestina.
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, demonstrou confiança quanto a isso. Ele encerrou sua fala no ato agradecendo ao Brasil, ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma, afirmando estar certo do voto do Brasil favorável à Palestina na Assembleia Geral da ONU.
Reconhecimento pelo Estado brasileiro
Durante o governo Lula o Estado brasileiro oficializou seu reconhecimento ao Estado palestino, como lembrou o deputado estadual Simão Pedro (PT). No mesmo período, diversos países da América Latina fizeram o mesmo gesto, fortalecendo o movimento pró-Palestina.
Albenzen defendeu a coexistência pacífica entre os povos e pautou também a libertação do povo de Israel: “Este é o primeiro ato massivo em defesa do Estado da Palestina que ocorre no Brasil. O movmento aqui toma um novo rumo a partir de hoje, e seguirá mobilizado até o reconhecimento da Palestina pela ONU, com Jerusalém como capital, com os presos políticos livres, com coexistência pacífica e com a libertação do povo de Israel de seus governantes direitosos. O povo de Israel também precisa ser libertado”, clamou o embaixador, que ilustrou sua defesa dizendo que deseja ver seu filho jogando futebol com o filho do embaixador israelense.
Criação do Estado palestino
A luta pelo reconhecimento da Palestina remonta à década de 1940, como lembrou o presidente do PCdoB, Renato Rabelo. Ele relatou que a ONU criou dois Estados em 1947: Israel e Palestina e que, em 1948, foi estabelecido o Estado de Israel. “E até hoje não foi estabelecido o Estado da Palestina”, indigna-se o comunista. Para Rabelo, o pedido da Autoridade Nacional Palestina (ANP) à ONU caracteriza este momento como histórico. Convicto de que mais de dois terços da Assembleia Geral da ONU votarão pelo reconhecimento da Palestina nesta quarta, Renato Rabelo exalta: “é uma conquista histórica e política das forças avançadas e democráticas de todo o mundo. E é mais que isso, é um ato de humanidade. Mais de cinco mil pessoas estão agora cercadas pelo muro da vergonha, pelo Estado de Israel”, denunciou o presidente do PCdoB.
O vereador Jamil Murad (PCdoB) cedeu sua fala ao presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, José Pólice Neto (PSD), que valorizou a escolha da Câmara Municipal para o encerramento do at o: “esta é a função do Parlamento: buscar o consentimento do povo para a ação dos governantes. Por isso, a Câmara Municipal de São Paulo se envolve hoje, definitivamente, na luta pela Palestina Livre”, anunciou o presidente da Casa.
Representantes do PSB, do PT e do PPL também falaram no ato, que contou ainda com a presença dos deputados estaduais Adriano Diogo (PT), Marcos Martins (PT) e Leci Brandão (PCdoB), além dos vereadores Netinho de Paula (PCdoB) e Juliana Cardoso (PT).
Movimentos sociais brasileiros
Além de partidos políticos, o ato contou com o apoio também das seis centrais sindicais, da Coordenação dos Movimentos Sociais e de movimentos de juventude, estudantil, negro, de mulheres e comunitário, além do Centro Brasileiro de Luta pela Paz (Cebrapaz) e da Federação Sindical Mundial, entidades ligadas diretamente à luta internacionalista.
As falas defenderam a autodeterminação dos povos, a soberania do Estado Palestino, o fim da ocupação israelense, o combate ao imperialismo, os direitos humanos, a liberdade e a luta pela paz. Além de declarar a solidariedade da Marcha Mundial de Mulheres à causa, Sônia Coelho valorizou a resistência do povo palestino. O representante da União Geral dos Trabalhadores (UGT) completou que um Estado livre só pode existir com liberdade para eleger o seu próprio governo.
Miscigenação e solidariedade
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, procurou buscar na identidade do povo brasileiro a motivação para se solidarizar com a luta palestina: “somos filhos de uma terra de miscigenação, temos um povo uno. Este ato representa a consciência de um povo que luta por paz, representa a luta por uma nação mais justa, democrática, igualitária”.
Já o presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Edson França, comparou o sionismo praticado contra o povo palestino ao apartheid que maculou a África do Sul por décadas.
Assim como o representante o Partido Pátria Livre (PPL) no ato, Manuel Braia, muitas entidades defenderam também que a luta em defesa da Palestina deve inspirar e ser casada com a luta também pela libertação dos brasileiros: “a luta dos palestinos nos inspira a lutar pela libertação da nossa gente, pois no Brasil há recursos para juros e faltam para educação”, disse Braia.
Fonte: Portal Vermelho