Trabalhadores estão firmes mesmo com ameaça de corte de ponto

Publicado em 22 de setembro de 2011 às 09h21min

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Trabalhadores em greve dos Correios permanecerem firmes em seu movimento mesmo com a ameaça de corte de ponto feita pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT). O ministro determinou ontem (20) ao presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, que não pague os dias parados aos grevistas, numa tentativa do governo de enfraquecer a greve que atinge todo o país.
“Greve é um direito, mas ninguém vai receber sem trabalhar”, disse o ministro.
Em protesto à ação de Paulo Bernardo, servidores de Brasília no Distrito Federal realizaram o enterro simbólico de Paulo Bernardo e do presidente dos Correios.
Os trabalhadores reivindicaram ainda a abertura das negociações, que já estavam atravancadas mesmo antes da greve ter sido decretada nacionalmente no último dia 14.
“Não podemos confundir greve com férias. Quem não trabalha não pode ser pago”, reiterou.
De acordo com a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares), os sindicatos devem aprovar moções de repúdio contra Paulo Bernardo, Wagner Pinheiro e o vice-presidente Larry Manoel Medeiros de Almeida, “que estão ameaçando os trabalhadores (as) na tentativa de intimidá-los em pleno exercício de seu direito constitucional, a greve”.
De acordo com a Fentect, a greve conta com o apoio 75% dos trabalhadores de todos os estados e do Distrito Federal, algo em torno de 70 mil funcionários da área administrativa e operacional. Segundo nota dos Correios, entretanto, a paralisação é de 23% dos servidores.
Os trabalhadores reivindicam aumento real de R$ 400, mais a reposição da inflação do IPCA (Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo) que acumula 7,33% em 12 meses. Eles querem também a implantação de um piso de R$ 1.635,00, 6 horas de jornada para atendentes, melhores condições de trabalho e mais contratações, além do aumento do valor do vale cesta básica, que hoje é de R$ 130,00.
Até o momento, o governo ofereceu reajuste de 6,87%, índice abaixo da inflação do IPCA, mais R$ 50 para janeiro de 2012.
Para um delegado sindical da base de São Paulo, que preferiu não se identificar por medo de represálias por parte da empresa, a proposta dos Correios é péssima.
“É tão péssima que o pessoal do administrativo de Brasília, que nunca entrou em greve, começou a entrar. Tomei conhecimento que a agência inteira de Osasco (SP), por exemplo, está em greve, só tem o gestor e a tesoureira que não estão”, afirma.
Segundo ele, o clima entre os trabalhadores é de firmeza e disposição para negociar uma proposta “decente”. “A mídia está falando que estamos sendo inflexíveis, mas a gente não está. Estamos esperando que a empresa faça uma proposta decente. Se os Correios não negociar e não propor nada de novo, a greve vai continuar. O pessoal está bem inflamado”, destaca.

Brasil de Fato

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