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Publicado em 30 de setembro de 2011 às 09h35min
Tag(s): Educação
Sábados, férias e primeiros meses de 2012 vão ser usados para a reposição de aulas para os alunos de escolas estaduais de Minas Gerais afetadas pela greve dos servidores da educação. A paralisação, que durou 112 dias, terminou nesta terça-feira (27) e comprometeu 72 dias do ano letivo, segundo a Secretaria de Estado de Educação.
Pais e estudantes dizem que não estão satisfeitos com o sistema de reposição proposto pelo governo. Mais de 2 milhões de alunos estudam nas 3.779 instituições de ensino do estado, de acordo com dados da secretaria.
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Os filhos de Mônica Reis estudam na Escola Estadual Três Poderes, na Região da Pampulha, e voltaram às aulas nesta quinta-feira (29). Segundo ela, grande parte dos funcionários aderiu à paralisação e a escola fechou as portas durante todos os dias da greve. Para os alunos desta escola, o calendário letivo vai ser mais extenso. “Até hoje, não informaram nada sobre a reposição. No ano passado, eles falaram que iam dar reposição aos sábados, mas não tinha nada. Os alunos iam para a escola pra poder brincar. Não valia a pena”, disse. “Duvido muito que seja reposto. A perda de conteúdo é total”, disse Mônica.
Ela relatou ainda que as aulas na escola começaram mais tarde por causa de uma reforma. “Estou planejando colocar meus meninos em escola particular porque não estou aguentando passar por isto. A gente tem o direito, mas não recebe”, completou.
De acordo com dados da secretaria, até esta terça-feira (27), havia 602 escolas do estado paralisadas parcialmente e oito fechadas por causa da greve. Cerca de oito mil professores participavam da paralisação até esta terça-feira (27).
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) informou que 50% da categoria estava em greve até o anúncio do fim do movimento, mas não soube dizer quantos professores estavam paralisados no último dia de greve.
As aulas vão ser repostas em todas as escolas afetadas pela paralisação até a integralização do ano letivo de 2011, que deve ter 200 dias previstos na legislação. Para a Secretaria de Estado de Educação, é necessária a presença de, pelo menos, 50% dos alunos para que um dia seja considerado como letivo. Para cumprir a legislação, o mês de janeiro e parte do mês de fevereiro do próximo ano vão ser utilizados.
Adriane de Souza tem filhos gêmeos que cursam o 7º ano na Escola Estadual Dr. Euzébio Dias Bicalho, no bairro Serrano, Região da Pampulha, na capital. Para ela, a reposição aos sábados prejudica os alunos que não têm condições de se deslocar até o colégio no fim de semana. “Fica meio a desejar. No dia que tiver uma coisa importante, eles vão. Mas todos os sábados não vai ter como ir”, falou.“O que eles perderam não tem como repor”, completou.
Um dos filhos de Adriane, Iago Gonzaga, de 14 anos, também reclamou das aulas aos sábados. “A gente teria o fim de semana pra descansar e vai ter que estudar”, falou. O estudante diz que as aulas voltaram em um ritmo mais lento do que o normal. “Acho que eles [os professores] não estão passando muitas matérias para a gente não ficar perdido. A gente perde um pouquinho de aprendizado, mas, aos poucos, está dando pra recuperar”, falou. Iago diz também que teme que a reposição prejudique o tempo que os alunos teriam para repousar. “É ruim pegar as férias também. A gente poderia viajar e vai ficar estudando”, disse.
Calendário
De acordo com informações da Secretaria de Estado de Educação, os estudantes vão poder descansar durante a semana que inclui o de Natal e Ano Novo. Os feriados de 12 de outubro e entre 2 e 15 de novembro poderão ser usados para aulas, já que, segundo a secretaria, cada escola tem autonomia para definir se vai ou não utilizá-los como dias letivos.
Segundo estimativa do governo, o calendário das escolas que começaram a reposição das aulas no dia 19 de setembro tem como data limite o dia 17 de fevereiro. Já os estudantes das instituições que voltam às aulas nesta quinta-feira (28), após o anúncio do fim da paralisação, devem permanecer nas escolas até o início de março de 2012. De acordo com o governo, por causa do novo calendário, o começo do ano letivo de 2013 pode ser adiado em algumas instituições. Ainda segundo a secretaria, cada escola pode criar um calendário alternativo com sexto horário ou outras opções de reposição para que os próximos anos letivos não sejam comprometidos.
Para os alunos do 3º ano do Ensino Médio, o calendário de reposição deve terminar na primeira quinzena de janeiro, segundo o governo, já que eles retornaram às aulas antes dos outros estudantes.
Simone Rodrigues é mãe de um aluno que cursa o 2º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Alisson Pereira Guimarães, localizada no bairro Alípio de Melo, Região Noroeste de Belo Horizonte. Ela diz que está apreensiva com a conclusão dos estudos do filho. “Eles estão preocupados muito com o 3º ano, né, mas e no ano que vem? Como é que vai ser o Enem?”, pergunta.
O filho dela, Alan Rodrigues, tem 16 anos. Ele relatou ao G1 que passava o dia inteiro em casa durante o tempo da paralisação. “A greve acabou prejudicando a gente por causa do tempo. Parece que não vai dar tempo de repor os dias perdidos”, disse.
Uma comissão formada por representantes dos servidores estaduais de educação, do governo e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) se reúne nesta quinta-feira (29) para definir se o calendário de reposição de aulas vai sofrer alguma alteração. O encontro ocorre no Salão Nobre do prédio.
Novos professores
No dia 8 de agosto, a secretaria publicou uma resolução autorizando a contratação de professores designados para substituir os professores grevistas dos alunos que cursam o 3º ano do Ensino Médio. Segundo o governo, a medida teve como objetivo diminuir a defasagem dos estudantes no Enem e nos vestibulares. Um total de 2.404 professores foram contratados para atender aos alunos do último ano do ensino básico.
No dia 15 de setembro, uma resolução publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) autorizou a contratação de professores para alunos de todas as séries. Segundo a secretaria, 2.993 profissionais foram contratados.
Ainda segundo a secretaria, os substitutos permanecem na escola até o fim do ano letivo, que inclui a reposição de aulas, e podem cumprir funções em outras atividades.