O impacto do pré-sal na educação (*)

Publicado em 17 de outubro de 2011 às 10h10min

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Se aplicada na Educação, a "herança" bilionária do pré-sal pode assegurar o desenvolvimento sustentado do Brasil, avalia Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei)
Por Viviane Monteiro
As riquezas extraídas da camada de pré-sal representam "uma herança" bilionária da mãe natureza para a sociedade brasileira que, se investidas na área do conhecimento, em pesquisas, tecnologia e inovação, podem ajudar o Brasil a se posicionar como um novo "player" na economia mundial.
Essa é a opinião do secretário-executivo da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), Naldo Medeiros Dantas, ao defender a proposta da SBPC e ABC de criar um abaixo-assinado em defesa de um montante da partilha dos royalties do petróleo da camada de pré-sal vinculado ao fomento à Educação, ciência, tecnologia e inovação (C,T&I).
Para ele, o Brasil precisa aproveitar essa oportunidade, única, já que as riquezas da camada de pré-sal não são infinitas, e dar um salto na área de conhecimento, o principal valor agregado de uma economia desenvolvida. Ele parte do principio de que o investimento na Educação é o ingrediente que falta para o Brasil conquistar uma posição de destaque no mercado internacional.
Diante de tal cenário, Dantas menciona que o Brasil tem dois caminhos para aplicar, pelo menos uma parte expressiva, dos recursos do pré-sal. Pode investir na área do conhecimento, em pesquisas e na qualificação de capital humano para produzir produtos com mais valor agregado: em novas moléculas (patentes de medicamentos), na construção de soluções automobilísticas e em eficientes plataformas de distribuição de produtos. Ou pode aplicar o dinheiro em despesas de custeio, como "em construção de pontes, de jardins e de pracinhas" e manter-se como um grande produtor de commodities: produtos agrícolas, petróleo bruto, papel e celulose, cimento e remédios genéricos.
Além das riquezas da camada de pré-sal, Dantas, ex-gerente de inovação e gestão do conhecimento da Votorantim Celulose e Papel e líder da Equipe Temática VID de Inovação, menciona que o Brasil possui 13% da biodiversidade do planeta, riqueza que, se explorada com inteligência, seria "suficiente para tornar o País autosuficiente na produção de patentes de medicamentos e exportar para vários países”.
O Brasil, entretanto, é um grande dependente de fármacos importados, acumulando déficit comercial em torno de US$ 12 bilhões nessa área. Por enquanto, o Brasil possui apenas um remédio 100% nacional, produzido e testado no País, justamente por falta de estímulos à inovação na área de fármacos. Trata-se do Acheflan, um anti-inflamatório, do laboratório Aché.
Ao ilustrar suas avaliações, Dantas compara as riquezas da camada de pré-sal à uma herança da mãe natureza deixada à sociedade brasileira.
"Se minha filha de quinze anos recebe uma herança bilionária, onde essa fortuna poderia ser aplicada? Em roupas e em produtos de marcas? Ou seria investida na educação, num curso de qualificação no exterior para ela tornar-se uma empresária de sucesso em longo prazo?", indaga ele, ao fazer uma comparação com as riquezas exploradas na camada pré-sal. "Ou o Brasil gasta esse dinheiro em pracinhas, que não tem nada a ver com desenvolvimento sustentado. Ou investe em conhecimento, em fundos setoriais, para alavancar a inovação e o Brasil tornar-se um novo player na economia mundial".
Reiteradas vezes, a presidente da SBPC, Helena Nader, tem defendido a necessidade de se garantir na lei a vinculação de uma parte dos recursos do petróleo do pré-sal a investimentos em Educação (básica e técnica), ciência, tecnologia e inovação.
"O petróleo é do Estado, ele não deve ser usado como uma política de governo. Essas riquezas devem ser utilizadas para promover o crescimento do País. E nada melhor do que investir esses recursos na Educação básica e técnica e em ciência e tecnologia que geram inovação".
Hoje, o investimento em C,T&I no País representa apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB), a maioria é de responsabilidade do Estado.
(*) Título dado pelo Vermelho
Fonte: Jornal da Ciência
 

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