Para presidente SBPC, decisão "imediatista" do Senado comprometerá o desenvolvimento do País

Publicado em 24 de outubro de 2011 às 10h23min

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Ao lamentar a postura do Senado Federal, de aprovar a proposta que não assegura uma parte de recursos para as áreas de Educação, Ciência, Tecnologia (C&T) na distribuição da receita do petróleo, a presidente da SBPC, Helena Nader, disse que a decisão dos senadores foi "imediatista" e que comprometerá o desenvolvimento do País e das futuras gerações.
A esperança de Helena é de que essa decisão seja revertida na Câmara dos Deputados quando o substitutivo do senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB) ao PLS 448/11 for colocado em votação. "Queremos a garantia de que uma parte das riquezas do petróleo será investida em Educação, Ciência e Tecnologia", defende ela.
Para Helena, sem a garantia de investimentos em Educação não existe Ciência e Tecnologia e, sem esses instrumentos, o País não conseguirá produzir inovação. Mantido o atual cenário, sem garantia de recursos para essas áreas, Helena avalia que o Brasil permanecerá um país "extrativista". Ou seja, um grande fornecedor de recursos naturais, como minerais, a países desenvolvidos.
Ao criticar a decisão dos senadores, Helena comparou o cenário atual com o início do descobrimento do Brasil, quando as atividades eram baseadas na exploração do Pau-Brasil e do ouro, igualmente é hoje com o petróleo que também é um bem finito. Ela concluiu que o País demonstra resistência ao desenvolvimento tecnológico e científico. "Aprendemos bem a lição. O extrativismo brasileiro começou com Portugal, explorando o Pau-Brasil e o ouro; e continuamos com a exploração da terra, fornecendo minério, por exemplo, para China que o converte em produtos, de quem compramos, com tecnologia com alto valor agregado", analisou a presidente da SBPC.
"Novamente, continua o extrativismo, pois o petróleo é um recurso finito e a destinação a que está sendo dada para esses recursos não terá impacto para transformar o País, com Educação que gerará Ciência e Tecnologia para o bem da sociedade brasileira", complementou.
Helena redimiu a atual geração da culpa da exploração do Pau-Brasil e do ouro no passado, mas destacou: "Agora é nossa a culpa de o Brasil continuar extrativista, pelo fato de não haver interesse de nvestir recursos de um bem finito em Educação, Ciência e desenvolvimento tecnológico".
Para Helena, a decisão do Senado está na contramão do atual "discurso" de colocar o Brasil na chamada economia do conhecimento. "O Brasil não pode perder essa oportunidade única de deixar de ser um país extrativista. O país precisa tirar a inovação do discurso", disse. A presidente da SBPC lembrou ainda dos cortes no orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) este ano, perdas que, parcialmente, não foram revertidas. Os valores atingiram R$ 1,7 bilhão.
Na opinião de Helena, a sociedade brasileira precisa ser ouvida no que se refere ao uso dos recursos do petróleo que pertence ao Estado brasileiro; e ter a garantia de uma educação de qualidade, de qualificação profissional e de um desenvolvimento sustentável.

Jornal da Ciência

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