MEC estuda processar "O Globo" e repórter por vazamento do tema da redação do Enem 2011

Publicado em 25 de outubro de 2011 às 10h00min

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O MEC (Ministério da Educação) disse nesta segunda-feira (24) que estuda tomar medidas judiciais contra o jornal “O Globo” e o repórter Lauro Neto, que divulgaram o tema da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2011 antes do tempo mínimo permitido para a saída de salas de aula.
O repórter afirmou, em reportagem publicada hoje, que enviou o tema para a sede do jornal por mensagem de texto, durante a prova.
“Bateu vontade de ir ao banheiro. Como não havia nenhum fiscal por perto, decidi testar a segurança da prova e mandei um SMS para a equipe de reportagem do Globo com o tema da redação: "Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado". Que ironia! Eu, em frente à privada, tornando pública uma informação através de comunicação em rede. Deu tempo até de mandar outro torpedo com os títulos e autores dos textos da coletânea”, contou o repórter na edição desta segunda-feira.
Segundo a editora do site de Educação e do Megazine, Valquíria Daher, com quem o UOL Educação conversou no domingo (23), o tema teria sido passado por um estudante. "Um aluno que estava dentro de um local de prova passou o tema", afirmou Daher. A jornalista contou que o estudante conseguiu se comunicar com a redação do jornal. Mas não quis explicar de que maneira, uma vez que os inscritos só podem sair da prova às 15h e não podem se comunicar com ninguém.
Às 16h50 do mesmo dia, Daher entrou em contato com a redação para "acrescentar" que o informante era um repórter "na condição" de candidato. O UOL tentou contato com o repórter, mas não teve sucesso.
Prova de 2010
Em 2010, um repórter do Jornal do Commércio, de Pernambuco, conseguiu fazer exatamente a mesma coisa: disse que iria ao banheiro e passou o tema, por telefone, para a redação.
Assim como em 2010, o MEC afirmou que o caso deste ano não configuraria uma falha de segurança pelo fato de o tema ter sido divulgado somente após o início das provas. No ano que vem, o ministério planeja divulgar o conteúdo da proposta de redação assim que os portões das salas de aplicação forem fechados.
Segurança
Apesar de o Ministério da Educação afirmar que o Enem tem uma equipe de fiscais cadastrados e previamente treinados, a realização do primeiro dia do exame contou com "voluntários" escolhidos sem critério, na porta do local do exame. Cerca de 30 pessoas foram selecionadas em uma repescagem em que o único critério foi apresentar o documento original de identificação. O repórter Paulo Saldaña, do jornal O Estado de S. Paulo, foi um dos que, com RG na mão, entrou na fila e garantiu uma vaga para a fiscalização. No local, havia 8 mil candidatos inscritos.
No primeiro dia, um fotógrafo contratado pelo UOL para fazer a cobertura do Enem 2011 em Fortaleza entrou em algumas salas de prova da Uece (Universidade Estadual do Ceará). O momento em que pediram para que ele se retirasse foi a chegada dos pacotes lacrados com a prova. Em instruções distribuídas pela assessoria de imprensa do MEC na sexta-feira, não seriam "autorizadas, por motivo de segurança, imagens internas dos locais de prova". Ainda alegando motivos de segurança, a assessoria de imprensa não divulgou os locais com maior número de inscritos para o UOL, como havia feito em anos anteriores.

UOL Educação

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