Em palestra, Ramonet fala sobre mudanças na mídia

Publicado em 03 de novembro de 2011 às 09h39min

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O escritor e jornalista francês Ignacio Ramonet afirmou que os meios de comunicação vivem hoje a pior crise de sua história e frisou que o surgimento da Internet há duas décadas provocou uma mudança nesse sistema.
O ex-diretor do jornal francês Le Monde Diplomatique deu essas declarações durante a conferência “O papel dos meios de comunicação no âmbito da crise mundial”, no Memorial Darcy Ribeiro, da Universidade de Brasília (UnB), como parte do ciclo de atividades Vozes da Alba, desenvolvido na capital brasileira.
Na atividade, organizada pelas missões diplomáticas dos países membros da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), participaram diplomatas dessas nações, bem como alunos e professores da UnB, notadamente, da faculdade de comunicação social.
Ramonet assegurou que os efeitos da Internet se refletem no desaparecimento de alguns meios tradicionais. Embora esclarecendo que isso não significa sua extinção, indicou que nos últimos anos têm aparecido novas fontes como a informação instantânea, os blogueiros e as chamadas redes sociais.
Podemos afirmar que estes novas formas estão mudando totalmente o sistema informativo, o qual tem aspectos positivos e negativos, que chamou de luzes e sombras. Entre os reflexos positivos, Ramonet mencionou que o novo jornalismo não pode ser exercido hoje sem ter em conta os webutilizadores.
Outros são a perda do monopólio da informação por parte dos jornalistas, o desaparecimento do receptor puro da comunicação e o surgimento de um quinto poder (blogueiros e redes sociais) encarregado de denunciar os abusos e mentiras do que antes era o quarto poder, a imprensa -, que traiu sua missão.
O escritor francês citou que, ao mesmo tempo, a rapidez gera a transmissão de informações falsas, não verificadas, superficiais ou incompletas, pelo que vivemos em um estado de insegurança informativa.
Do mesmo modo, a possibilidade de utilizar a Internet e o aparecimento de novos meios de comunicação não significa uma democratização da informação, nem tem conseguido até agora uma diminuição do poder dos grandes monopólios midiáticos.
Por sua vez, o ex-ministro venezuelano de Comunicação e Informação e atual diretor do Centro de Pesquisas GIS XXI, Jesse Chacón, exemplificou com a experiência de seu país o papel golpista desses monopólios informativos.
Chacón revelou documentos que demonstram a participação dos grandes meios de comunicação venezuelanos, não apenas no apoio ou animação ao golpe de Estado de abril de 2002, mas que também foram os executores e perpetradores dessa ação inconstitucional.
Com referência a isso, mostrou vídeos em que jornalistas desses meios aparecem preparando os militares para a forma com que deviam falar e o que deviam dizer.
Para reduzir a influência desses monopólios, Chacón propõe um sistema de comunicação de informação plural, que a Venezuela está promovendo nos últimos anos e por isso – afirmou - hoje existe uma mistura de meios privados, públicos e comunitários que permitem ir na direção de conseguir essa pluralidade.
Fonte: Prensa Latina
 

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