Neruda foi assassinado, reitera ex-ajudante do poeta

Publicado em 22 de novembro de 2011 às 10h51min

Tag(s): Direitos Humanos



"Pablo Neruda foi assassinado. Não estava para morrer, estava com boa saúde", reiterou, em Santiago do Chile, Manuel Araya, motorista, ajudante e amigo pessoal do poeta chileno.
Em declarações à Rádio Cooperativa do Chile, Araya disse que, depois do golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, a família e os amigos do Prêmio Nobel de Literatura (1971) decidiram levá-lo do seu lar até a Clínica Santa María de Santiago por segurança.
"Pensávamos que na clínica estaria mais seguro. Nunca pensamos que lhe iam dar uma injeção e ele ia morrer", relatou.
Araya informou que explicou tudo em detalhe às autoridades judiciais que pesquisam a morte do poeta e, em particular, ao ministro do caso, Mario Carroza: "Ficou muito contente com o que lhe contei; contei-lhe todo o que eu sabia".
Citado também por Rádio Bío Bío de Chile, Araya disse que, estando Neruda nessa clínica, lhe chamou por telefone para lhe dizer que tinham dado a ele uma injeção no estômago e que estava com muita febre.
Araya foi então à instituição médica e lá um doutor pediu-lhe que saísse para comprar um medicamento, informou em seu depoimento.
"Eu retiro uma toalha para molhar (a Neruda) e lhe baixar a febre, entro no banheiro para lavar meu rosto e molhar a toalha, entra um doutor e me manda comprar um medicamento, mas eu lhe digo que nós estamos pagando e o medicamento deve ser fornecido por eles".
"Tive que ir a uma farmácia de bairro e saí para comprar o medicamento, mas nunca imaginei que me seguiam automóveis e, na rua Vivaceta com Balmaceda, fui detido a muito poucas horas da morte de Neruda. Tinham tudo programado", sustenta.
"Esse maldito assasino matou-o. Ele estava doente de câncer, mas resistia muito bem. Nesse dia, ele estava pendente de sua viagem ao México que ocorreria dois dias depois. Ele não estava mau e não tinha por que ter morrido. O governo militar não queria que saísse do país e por isso o fez", enfatizou.
De acordo com a informação propalada pelo regime militar de Augusto Pinochet (1973-1990), Neruda faleceu em 23 de setembro de 1973 na Clínica Santa María devido a um câncer de próstata.
Dado o antagonismo das versões em torno da morte da ilustre figura das letras latino-americanas, o Partido Comunista do Chile apresentou em maio passado um pedido para esclarecer a causa e as circunstâncias da morte.
O presidente desse partido, Guillermo Teillier, considerou um dever moral da sigla exigir a verdade sobre o falecimiento de quem foi também militante comunista e destacado representante político do Governo da Unidade Popular de Salvador Allende (1970-1973).
Teillier ponderou também a pertinência desta querela em um contexto no que se investigam outros casos emblemáticos da história do Chile, como o de Allende e o de seu ministro de Defesa, José Tohá, e nos que surgiram dados contraditórios que põem em contradição a tese do suicídio que o regime militar divulgou sobre ambos.
Fonte: Prensa Latina

 

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