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Publicado em 19 de janeiro de 2012 às 10h43min
Tag(s): UFRN
O Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS), criado em março de 2011, tem como alicerce a combinação entre os saberes da Saúde, Engenharia e Tecnologias de Informação e Comunicação. O LAIS está instalado no terceiro subsolo do prédio ambulatorial do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) e constitui o primeiro laboratório instalado em hospital universitário brasileiro com a proposta de promover a inovação tecnológica em saúde.
O LAIS tem como tema a seguinte frase: “porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura”. Para o coordenador do projeto, professor Ricardo Valentim, o laboratório surgiu da necessidade de solucionar problemas relacionados à tecnologia detectados nos hospitais universitários.
Ele explica que a saúde é uma área em que os resultados têm um grande impacto na qualidade de vida das pessoas. Portanto, a promoção e o desenvolvimento de inovação tecnológica nos hospitais universitários faz com que esses deixem de ser apenas consumidores e se tornem produtores de novas tecnologias.
A redução de importações de equipamentos médicos, por exemplo, permitiria ao Brasil reduzir custos com os royalties pagos pelo governo. “Os recursos gastos com os royalties poderiam ser aplicados no Sistema Único de Saúde (SUS). São mais de R$ 300 bilhões gastos por ano só com importações e royalties”, revela Ricardo Valentim. Os grandes vilões, segundo a ANVISA, são os equipamentos e os suprimentos de hemodiálise.
Com o desenvolvimento de equipamentos genuinamente brasileiros, a população passaria a ter mais acesso à saúde, como está previsto na Constituição. É nesta perspectiva, de desenvolver tecnologia hospitalar, que o LAIS passa a atuar no HUOL. “Eu gosto de dizer que Saúde não é custo, é investimento. Quanto mais se investe em saúde, mais o povo se torna saudável e produtivo”, conclui o coordenador.
UFRN pode coordenar pós-graduação interinstitucional
A importância da inovação na área de Saúde se mostra como uma preocupação conjunta das autoridades de saúde no âmbito local, estadual e federal. O coordenador do LAIS, Ricardo Valentim, acredita que é possível avançar mais nessa área e tem buscado apoio através de encontros e eventos.
Um deles, o Workshop de Inovação Tecnológica em Saúde (WIT 2011), que aconteceu no ano passado no HUOL e reuniu várias autoridades brasileiras no âmbito da saúde, educação e tecnologia, teve dois objetivos: um mais genérico, o de difundir, disseminar e promover a inovação tecnológica em saúde na UFRN; e outro específico, o de discutir a implantação de um Programa de Pós-Graduação Interinstitucional de Inovação Tecnológica em Saúde (PPgIITS) entre a UFRN, UFPE e UFMG.
O PPgIITS irá possibilitar ao HUOL qualificar profissionais de Saúde, das Engenharias e da Computação por meio de mestrado e doutorado. “É o projeto de maior envergadura do LAIS, já que o programa terá uma grande capilaridade no cenário nacional”, diz Ricardo Valentim. A área de concentração do PPgIITS é a Inovação Tecnológica em Saúde. Os interessados deverão ser graduados em qualquer área da saúde, engenharia, computação ou administração.
O resultado da qualificação de profissionais na área de Inovação Tecnológica em Saúde poderá ser percebido de maneira direta e indireta.
Direta, quando forem desenvolvidos, por exemplo, componentes artificiais para melhorar a capacidade funcional do paciente ou para suprir as necessidades e as funções de indivíduos sequelados por amputações. De forma indireta, quando forem implantados sistemas para automação e gestão de hospitais, equipamentos médicos como monitores multiparâmetros, eletrocardiógrafos, eletroencefalógrafos, tomógrafos, entre outros.
Entrevista com Ricardo Valentim
Ricardo Valentim se diz apaixonado pela pesquisa em hospital, por ser esse um ambiente onde os resultados podem ser rapidamente absorvidos pela sociedade. Apesar da pouca idade, apenas 35 anos, Ricardo já tem um currículo significativo. Bacharel em Sistemas de Informação, o atual coordenador do LAIS é Mestre e Doutor em Engenharia da Computação. Ele falou sobre sua aproximação com a Saúde e a experiência como coordenador do LAIS.
Assessoria de imprensa do HUOL – Como se delineou a relação entre tecnologia e saúde?
Em 2006, fui aprovado em concurso público para trabalhar no Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) como técnico em informática. Nesse período, era mestrando em Engenharia da Computação. Trabalhar no HUAB para mim foi muito importante. A professora Claudia Rubin (da HUAB) foi uma grande apoiadora das iniciativas tomadas no sentido de modernizar o Hospital. Tínhamos muitas limitações, mas o ponto relevante era o apoio da gestão em tentar criar caminhos para a inclusão do HUAB em novo cenário: o da inovação.
Assessoria de imprensa do HUOL - Qual foi a sua primeira lição?
Observando as diversas demandas no HUAB, identifiquei que um dos maiores problemas no Brasil quando se trata de automação hospitalar é baixa integração entre os diversos sistemas. Com base nessa observação, propus desenvolver um protocolo para monitoramento de pacientes em tempo real, o PM-AH (Protocolo Multiciclos para Automação Hospitalar).
Assessoria de imprensa do HUOL - Como nasceu o LAIS?
Em 2010, tomei posse como professor adjunto do Departamento de Engenharia Biomédica da UFRN. A primeira coisa que fiz foi entrar em contato com o coordenador nacional da RUTE, professor Ary Messina. Esse contato eu digo que foi providencial, pois conheci duas pessoas excelentes: os professores José Diniz e Francis Tourinho, ambos profissionais de muito entusiasmo e grande sinergia. Esses elementos foram efetivamente os pontos relevantes para a criação do LAIS, um projeto arrojado e de vanguarda, o qual tem se alicerçado no apoio importantíssimo do diretor geral do HUOL, professor Ricardo Lagreca.