LNCC faz parceria com França e cria laboratório internacional de bioinformática "sem paredes"

Publicado em 01 de fevereiro de 2012 às 16h58min

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O Laboratório de Bioinformática (Labinfo) do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), coordenado pela pesquisadora e bióloga Ana Tereza Vasconcelos, acaba de aprovar o projeto Laboratório Internacional de Pesquisa em Bioinformática (LIRIO). A iniciativa será realizada em colaboração com o Laboratoire de Biométrie et Biologie Évolutive (LBBE) do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) de Lyon, na França.
A ideia de criar um Laboratório Internacional Associado (LIA) nasceu de uma antiga parceria entre Ana Tereza e a diretora de pesquisa do Inventeurs du Monde Numérique (Inria), Marie-France Sagot, coordenadora do LBBE/CNRS. O LIA é um laboratório "sem paredes" e não uma entidade legal.
Este tipo de laboratório, frequente no âmbito de trabalho do CNRS, reúne recursos humanos e materiais para um projeto comum, definido em conjunto, e pretende agregar experiências às atividades de pesquisas individuais. O acordo entre o LNCC e o CNRS teve início em 1º de janeiro e terá validade de quatro anos, renovável uma vez.
Intercâmbios - De acordo com Ana Tereza, é a primeira vez que o LNCC faz um laboratório nesse formato. "Mas existem outras instituições no Brasil que já fizeram, o próprio CNPq induzia a isso há algum tempo", conta, acrescentando que "haverá uma troca constante de alunos, pesquisadores e colaboradores dos dois países, em esquema de doutorados-sanduíche e pós-doutorados".
No Brasil, o grupo conta com 25 pessoas, e também terá a colaboração do instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - que enviarão alunos e professores. "Além disso, o Ciência sem Fronteiras [programa que busca incentivar o desenvolvimento de CT&I por meio de intercâmbios] vai facilitar o funcionamento desse laboratório", comemora.
O projeto, no campo de biologia de sistemas, utilizará a experiência dos dois grupos nas áreas de genômica, bioinformática, modelagem e no desenvolvimento de algoritmos e metodologias matemáticas para o estudo da bioinformática (uma das especialidades do grupo da professora Marie-France Sagot).
Parasito e hospedeiro - O tema principal será o estudo da interação parasito-hospedeiro. "Vamos desenvolver estudos de modelagem das vias metabólicas das interações entre parasito e hospedeiro e vamos tentar entender essa comunicação. Às vezes, há bactérias que vivem dentro de um parasito, que, por sua vez, vive dentro de um organismo, e queremos entender, por exemplo, de onde vem o nutriente de cada um deles", detalha.
Nesse processo de pesquisa, a primeira etapa é o sequenciamento do objeto de estudo. Em seguida, é realizado um estudo genômico do organismo e aí se começa a modelar a rede da via metabólica.
Para Ana Tereza, o Brasil "está muito bem e está evoluindo" no campo da bioinformática. "Já temos reconhecimento internacional e uma sociedade nacional, mas, como no mundo inteiro, existe uma carência muito grande de profissionais nessa área. Os cursos de doutorado começaram por volta de 2004 e alguns doutores estão saindo do País para fazer o pós-doc. Então, se a gente bobear, eles ficam lá fora, já que há carência no exterior também", alerta.
De acordo com a pesquisadora, a área da bioinformática exige um profissional de visão "transdisciplinar", pois é necessário conhecer áreas como biologia, física, matemática e computação. "Mas estamos formando ótimos profissionais. Em termos de [pesquisa de] genoma, por exemplo, continuamos como oitavo país do mundo na produção de dados e de análises. O cenário é bom", conclui.
O Labinfo do LNCC já teve outros colaboradores internacionais, como o Swiss-Prot (que tem o maior banco de dados de proteínas do mundo), o Ludwig Institute for Cancer Research, o MD Anderson Cancer Center e a Université Claude Bernard Lyon 1.

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