Poucos vão a cursos técnicos

Publicado em 10 de fevereiro de 2012 às 14h24min

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Graças à classe C, cresce no Brasil procura pela educação profissional, mas ainda há grande falta de interesse, revela pesquisa feita pela FGV, CNI e Senai.
Levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), mostra que 77,5% da população economicamente ativa no Brasil não frequentou cursos profissionalizantes e, desses, 68,8% declararam não o terem feito por falta de interesse. As conclusões são da pesquisa "As Razões da Educação Profissional", divulgada na manhã desta quarta-feira (8).
Apesar da baixa qualificação, entre 2002 e 2010, o número de pessoas que buscou educação profissional apresentou um salto de 83%. Os principais responsáveis por esse avanço foram os trabalhadores da Classe C, com idade entre 15 e 30 anos e moradores da periferia.
Na avaliação de Rafael Luchesi, diretor de educação e tecnologia da CNI, a matriz educacional brasileira é excessivamente voltada ao lado acadêmico, apesar de apenas 1,5% da população estudar nas universidades. "Depois de concluir os ensinos fundamental e médio, os estudantes têm de encarar o mercado sem ter dedicado um ano sequer à educação profissional", criticou Luchesi. O diretor da CNI apontou ainda a baixa qualidade do ensino como fator de desestímulo aos jovens.
Os dados da FGV mostram que a conclusão do ensino médio técnico representa um aumento, em média, de 15% na remuneração e na produtividade. Entre as classes sociais, a C é a que apresenta a maior proporção de trabalhadores com cursos técnicos (20%). "Nível médio de ensino e classe média (C) andam juntos", disse o pesquisador Marcelo Neri, da FGV. Ele explicou que o aumento da procura por profissionalizantes demonstra que a ascensão da classe média é sustentável e veio para ficar, fruto de mais trabalho e qualificação: "Não é só uma questão de acesso ao crédito ou apoio de programas como o Bolsa Família, da forma que algumas pessoas afirmam."
Por estado, Roraima é proporcionalmente o lugar onde há mais alunos frequentando cursos de educação profissional: 5,62% da população com 10 anos ou mais. Entre as capitais, Boa Vista é a campeã, com um índice de 6,48%. Já a maior falta de interesse entre os que não frequentam cursos profissionalizantes se dá no Rio de Janeiro: 83,6%.
As principais bases de dados usadas no levantamento foram a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007, a Gallup World Poll, que reúne dados de famílias de 132 países, e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Tanto a Pnad quanto a PME são feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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