'National Geographic' impressa pode entrar em extinção

Publicado em 09 de abril de 2012 às 08h10min

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Expansão digital se tornou a palavra de ordem para a tradicional publicação de bordas amarelas da National Geographic Society - uma instituição científica e educacional americana sem fins lucrativos de 124 anos -, há muito conhecida por seus mapas, fotografias fascinantes e tendência a ficar empilhada no porão.
A circulação em língua inglesa já caiu mais ou menos pela metade desde os anos 80, quando a revista chegou a seu auge, e hoje está em cerca de cinco milhões de exemplares, embora a companhia tenha ganhado 2,5 milhões de assinantes lançando mais de 30 edições em outros idiomas. A revista é distribuída em português, no Brasil, pela Editora Abril SA.
Fahey, que assumiu como diretor-presidente em 1998, tem dedicado suas energias para expandir o alcance da revista em diferentes plataformas, lançando um site, associando-se a redes de televisão - sua programação agora responde por 56% do faturamento total - e experimentando com o mercado de videogames.
Mesmo assim, Fahey diz que precisa continuar a reinventar o patrimônio mais antigo da Sociedade - suas reportagens e fotos - com blogs sobre notícias, um modelo de assinatura com vários níveis e ofertas para leitores eletrônicos como iPad, Kindle e Nook.
Fahey, de 60 anos, ex-diretor-presidente da Time Life Inc., falou ao The Wall Street Journal sobre seus esforços no campo digital, e sobre por que a revista impressa pode deixar de existir algum dia. Trechos editados:

WSJ: Qual é a sua visão para a revista?

John Fahey: A variedade de tipos de mídia será muito mais rica: mais fotógrafos, mais vídeos, melhores mapas. A revista era mensal, mas o que idealizamos é uma revista viva e orgânica no dia-a-dia. Assim, se você tiver uma assinatura para o iPad, todos os dias você pode descobrir algo novo e interessante que está acontecendo lá fora.

WSJ: Mas, de modo geral, parece que o senhor está se afastando das matérias longas da revista e se direcionando para os blogs.

Fahey: Sim, é exatamente isso. [...] Temos cerca de 1.500 funcionários em tempo integral, e centenas e centenas de profissionais contratados que estão em campo filmando, fotografando e até mesmo fazendo alguns trabalhos de produção. Os blogs seriam escritos por funcionários de tempo integral, profissionais contratados, e também pessoas que não trabalham para nós, amadores. Pense nos guarda-caças que levam turistas em safáris. Eles veem coisas incríveis todos os dias.

WSJ: Como o senhor pode monetizar tudo isso?

Fahey: Começamos a vender uma assinatura digital da revista chamada "Triple Play", que significa que a pessoa recebe a edição impressa, a edição digital e o acesso aos nossos arquivos. Daqui para frente, à medida que começarmos a oferecer mais coisas, vamos descobrir quais os conteúdos pelos quais podemos cobrar, ou não. Haverá muitas experiências relativas à definição de preços.

WSJ: Quem é o seu atual assinante?

Fahey: O assinante médio tem cerca de 56 anos, é branco e há uma pequena maioria do sexo masculino. O leitor médio - já que cada exemplar em geral é lido por mais de uma pessoa - é cerca de dez anos mais jovem. De modo geral nossos leitores são instruídos e têm renda familiar relativamente alta.

WSJ: Como o senhor gostaria que seu público leitor fosse daqui a cinco anos?

Fahey: Podemos migrar para uma faixa mais jovem. É difícil, porque a realidade é que há algumas décadas de intervalo entre a idade em que seus pais já não estão mais comprando a revista para você e a idade em que você já tem renda suficiente para comprar uma porção de coisas de que você gosta mas não precisa. Então, esperamos poder alcançar essa faixa à medida que as pessoas envelhecem e têm mais renda disponível.

WSJ: Será que a revista impressa deixará de existir em algum momento?

Fahey: Sim. E quando virá esse dia? Não tenho certeza. É difícil para mim até imaginar que isso acontecerá daqui a dez anos. Vamos tentar direcionar as pessoas para passar da revista impressa para a versão digital o mais rápido possível, pois julgamos que isso é mais ou menos inevitável.

WSJ: Qual é o seu modelo de negócios fora dos Estados Unidos?

Fahey: Em vários países, vendas em banca são muito mais altas do que aqui nos EUA, e em alguns casos até mais altas do que vendas por assinatura nesses países. Isso acontece em grande parte por causa de preferências locais em termos de como as pessoas compram revistas e também a força dos sistemas postais nesses países.

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