Acesso de indígenas ao ensino superior ainda é limitado

Publicado em 10 de setembro de 2012 às 09h44min

Tag(s): Educação Superior



De acordo com o levantamento Características Gerais dos Indígenas, divulgado no início de agosto pelo IBGE, 78,3% dos indígenas da região são alfabetizados. Essa taxa de letramento é sutilmente maior que a brasileira, de 77,5%, mas ainda é inferior à estadual, de 84,5%. O índice é resultado da instalação de escolas específicas dentro das terras indígenas – o que não havia há dez anos. Apesar de o acesso à educação básica ter melhorado, ainda são poucos os índios que conseguem chegar ao ensino superior.
No Paraná, as universidades disponibilizam parte das suas vagas sociais aos indígenas, por meio do programa Cuia (Comissão Universidade para os Índios), da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. No entanto, estima-se que menos de 0,5% dos indígenas tenham acesso ao ensino superior no Estado, segundo a secretaria. Para incentivar esses grupos étnicos a buscar a formação superior, o governo até mesmo confere uma bolsa de um salário mínimo por mês aos estudantes indígenas, para que possam se manter longe da família, quando é o caso.
Alan Diego Veloso, 21 anos, é um dos poucos índios que cursam uma faculdade. Natural da terra indígena de Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, ele deixou a aldeia há muitos anos. Segundo ele, seus pais foram para a cidade em busca de trabalho e do acesso à educação para os filhos. “Hoje em dia já tem escola nas terras indígenas, mas quando eu era criança não havia. Mesmo que o município já disponibilizasse naquela época transporte escolar para levar os indígenas à escola, o acesso era mais complicado”, conta.
Filho de pai índio e mãe branca, atualmente ele está no terceiro ano de agronomia na Unicentro e estuda no campus Cedeteg, em Guarapuava. Em sua opinião, o sistema de cotas é essencial para incluir os indígenas nas universidades. “Muitos indígenas têm dificuldade de acesso ao ensino básico, quanto mais às universidades. Não são todas as terras indígenas que são tão organizadas quanto a Rio das Cobras, que recebe mais atenção pelo seu tamanho e importância”, ressaltou.
Mas Alan não é o único de sua família a cursar ensino superior. “Tenho dois irmãos por parte de pai. Um deles cursa ciências sociais na Unioeste, em Toledo, e a minha irmã faz medicina, também na Unioeste, só que em Cascavel. Sem contar o meu pai, que faz administração na Unicentro, em Laranjeiras do Sul. Todos eles entraram pelas cotas”, afirmou.
Para ele, o sistema de cotas e o incentivo financeiro dado aos indígenas é fundamental para incluir essa população nas universidades. “Facilita e muito. Isso é algo que só o Paraná tem, um regime de cotas para índios, e ainda por cima remunerado. Porque, como um índio vai se sustentar na cidade? Eu, por exemplo, moro longe de casa, então ajuda”, concluiu.
Fonte: Diario de Guarapuara
 

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