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Publicado em 24 de setembro de 2012 às 09h33min
Tag(s): Educação Superior
No início de setembro, um total de 81 representantes de universidades dos Estados Unidos percorreram três grandes capitais do Brasil no intuito de seduzir alunos brasileiros a ingressar em cursos de graduação e pós-graduação nos Estados Unidos. A 10ª Edição da EducationUSA Fair, organizada pela Alumni Advising - EducationUSA, órgão oficial do governo americano, aconteceu em Brasília, São Paulo e no Rio Janeiro. O Brasil figura no 14º lugar no ranking de países que mais enviam estudantes ao país norte-americano.
Hoje, de acordo com dados da EducationUSA, existem 8.777 brasileiros cursando graduação ou pós nos Estados Unidos, e o país busca aumentar esse número. "O crescimento da oferta de estudo nas universidades dos Estados Unidos é notório. Alguns alunos estão no segundo, terceiro ano do ensino médio, e já contemplam essa possibilidade", afirma o professor Álvaro Moreira Domingues Júnior, vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Distrito Federal (Sinepe-DF) e diretor de uma escola particular de Brasília.
"As instituições americanas estão facilitando a entrada dos alunos estrangeiros, inclusive em cursos de graduação", observa. Na feira, os estudantes puderam se informar a respeito de processos seletivos e bolsas, oferecidas por algumas universidades devido a mérito, necessidade financeira ou habilidade atlética.
Karen Fraser Colby de Mattos, coordenadora do programa bilíngue da rede de escolas particulares paulista Pueri Domus, conta que, além do período da feira, diversas universidades americanas visitam as escolas da rede em busca de alunos. "Essa assiduidade é comum em instituições com currículo internacional, como as nossas", afirma. Sobre as bolsas de estudo, Karen explica que as universidades não oferecerem o benefício direto aos alunos da escola, e sim pedem para que a própria coordenação do colégio nomeie um estudante para concorrer em um processo de seleção internacional.
Destino pode ser opção para brasileiro sem perfil de cotista
Para o professor Álvaro, o aumento de interesse por alunos brasileiros tem relação com mudanças no sistema de educação do Brasil. "Com a recente lei federal que reserva 50% das vagas das instituições federais para alunos da rede pública, muitos bons alunos ficarão de fora das grandes universidades brasileiras e poderão escolher completar os estudos no exterior", opina. Ele acredita que este excedente de alunos qualificados que "não terão oportunidades no Brasil", somado ao fato do país ser uma economia emergente e muito em voga internacionalmente, atraiu as universidades americanas.
Já a presidente do Sinepe-DF, a professora Fátima de Mello Franco, acredita que a nova lei de cotas ainda não tem ligação direta com a política dos Estados Unidos de buscar estudantes brasileiros, por ser uma questão muito recente. Porém, ela afirma que, a longo prazo, enxerga um aumento de brasileiros buscando a graduação no exterior devido à lei. "A concorrência para o aluno da rede particular ficou maior, então pode haver um aumento no número de estudantes que fazem essa escolha. Inclusive porque, muitas vezes, este grupo é o que possui os meios financeiros para tanto", afirma Fátima. "No futuro, estaremos exportando nossas melhores cabeças para o exterior", sentencia.
Thaís Burmeister Pires, gerente da Alumni Advising - EducationUSA, aponta os diversos motivos que, no seu entendimento, levam os Estados Unidos a buscar a presença de brasileiros em suas universidades: o fato de o Brasil ter uma economia emergente, e portanto a necessidade de fazer contato com futuros profissionais do País; o grande potencial de estudantes universitários no Brasil, devido à extensa população; e o desejo de criar um ambiente de diversidade cultural nos campi americanos.
A presidente do Sinepe-DF ressalta ainda as qualidades particulares do aluno brasileiro que chamam a atenção das universidades americanas. "São alunos que se destacam não apenas pelo alto nível de aprendizagem. O brasileiro tem muita habilidade cognitiva e de relações interpessoais, além de ser criativo, o que é muito valorizado lá fora", ressalta. Thaís, da EducationUSA, afirma que brasileiros são vistos como pessoas que se relacionam facilmente e "levam alegria ao campus", promovendo uma maior integração entre os estudantes internacionais e, portanto, contribuindo para o ambiente de diversidade cultural.
Ter apenas excelência acadêmica não é suficiente para criar um perfil adequado ao ensino americano, observa Karen, da rede Pueri Domus. "As universidades que vêm dar palestras na escola lembram os alunos de que é preciso estar emocionalmente preparado para lidar com várias culturas diferentes e ter autonomia para fazer as próprias escolhas, visto que nos Estados Unidos é o aluno que monta seu currículo de graduação", afirma. Lá, no terceiro ano de graduação, o aluno escolhe o curso no qual quer fazer bacharelado (o chamado Major) e pode escolher uma série de disciplinas eletivas para fazer simultaneamente, uma especialização relevante ao seu Major (o que é chamado de Minor).
Fonte: Portal Terra