Editorial da Semana: Em Defesa do Acordo de 2007: por uma questão de responsabilidade política

Publicado em 02 de junho de 2009 às 08h59min

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Um dos elementos constitutivos da democracia representativa é a concepção de que é necessário a legitimidade política dos agentes sociais, para que a interlocução entre os diversos atores se dê da forma minimamente aceitável. O fato de que, em determinado momento é necessário estabelecer um processo de negociação, pressupõe que, terminando o referido processo, as partes envolvidas, em caso de acordo, acatem o resultado. Essa é a lógica da racionalidade política.

O Movimento docente viveu, por muito tempo, enjaulado por um método de ação política pautada pela idéia de trabalhadores submetidos ao processo direto de exploração, chamado de “chão de fábrica”, a mobilização permanente da categoria como forma de impor sua visão política. Numa tática desse tipo o discurso da intransigência contempla o pensamento desse segmento.

Ocorre que, em dezembro de 2007, após anos no limbo político, o Movimento Docente conseguiu, após exaustivas negociações, um acordo com o Governo Federal, que contemplava algumas reivindicações históricas do movimento, e que estabelecia, pela primeira vez, um horizonte em termos de política salarial. O acordo que foi assinado pelo PROIFES, CUT e, posteriormente SINASEFE e implementado em 2008.

Em fevereiro de 2009, malgrado algumas distorções que estão sendo resolvidas, a segunda parcela do acordo foi cumprida. Entretanto, um ator que fi cou de fora da assinatura do acordo, por opção política e por incapacidade de compreender a complexidade do processo de negociação numa democracia representativa, vem à tona lançando a “sua” Campanha Salarial, extemporânea, populista e demagógica.

O ANDES-SN, descolado do Movimento Docente já há algum tempo, com essa atitude demonstra completo desapego aos interesses da categoria, dado que propõe, em síntese, rasgar um Acordo já implementado e volta à estaca zero no processo de negociação. Mais uma vez a natureza belicosa e intransigente dessa entidade ameaça os ganhos obtidos pela categoria.

A natureza anti-democrática dessa entidade revela a necessidade de que o Movimento Docente renove sua estratégia e tática política, estabelecendo uma relação política séria com os diversos agentes políticos e não se pautando pelos “humores” de uma casta dirigente completamente divorciada dos interesses da base.

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