Estratégias para permanência no ensino superior

Publicado em 08 de novembro de 2012 às 11h42min

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 A 2ª Conferência Latino-Americana sobre o Abandono da Educação Superior (Clabes), na PUCRS, discute iniciativas para ajudar a melhorar os índices de permanência dos estudantes.

Pelo menos a metade dos latino-americanos não conclui o curso superior, segundo o engenheiro Luis Eduardo González Fiegehen, doutor em Planejamento Educacional pela Universidade de Harvard e o conferencista da abertura do evento. No Brasil, aponta o professor, a retenção de estudantes está melhor, chega a 60%, enquanto Cuba tem índice de 75%. O evento é promovido pelo Projeto Alfa Guia (Gestión Universitaria Integral del Abandono).

"O abandono tem um custo econômico alto, já que se perde um investimento importante no estudante que não completa sua carreira. Também há um custo emocional para a família e para ele próprio", aponta González, que atuou como consultor dos ministérios da Educação de vários países e universidades latino-americanas na área de políticas educacionais, além de assessor de organismos internacionais como Organização dos Estados Americanos, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento. Ele considera abandono os estudantes que não concluem o curso depois de quatro anos. As principais causas são de origem emocional, pois a maioria alega que não era a carreira que imaginava ou não recebeu boa orientação. Depois vêm razões financeiras e acadêmicas (como não estar preparado para o ritmo dos estudos).

Para o professor e doutor em Engenharia Jesús Arriaga García de Andoaín, coordenador do Projeto Alfa Guia, o abandono da educação superior é "uma manifestação do desajuste entre o sistema universitário e as aspirações dos jovens". Acredita que em geral o abandono se relaciona aos seguintes fatores: força das expectativas, compromisso acadêmico, resistência à pressão, novas situações ou compromissos externos e preparação prévia à entrada na universidade.

Ele exemplifica com a aplicação de testes que identificam potenciais desertores, permitindo que se dê mais atenção a eles. As tutorias e os apoios personalizados aos estudantes que demonstram baixo rendimento são outra estratégia apontada pelo professor.

Sobre as práticas para manter os alunos, Arriaga cita ações prévias ao seu acesso (informação, orientação e preparação). Em segundo lugar, diz que é importante pensar na integração ao ambiente universitário: "Os primeiros meses são os momentos mais sensíveis e complicados para o estudante". Depois, identifica boas práticas relacionadas ao planejamento de carreira. Por último, lembra iniciativas públicas que favorecem a permanência e o rendimento dos estudantes, como bolsas e sistemas de informação.
Arriaga destaca o Sistema de Prevenção e Análise do Abandono nas Instituições de Educação Superior (SPADIES), da Colômbia. "É uma ferramenta informática promovida pelo Ministério da Educação que permite integrar e analisar os dados sobre o abandono. Sua função é oferecer informação para que se desenhem, implementem e avaliem planos, programas e políticas de prevenção do fenômeno". Quanto ao Brasil, o professor lembra a expansão do sistema de cotas nas universidades públicas e iniciativas governamentais para incentivar a permanência e elevar o nível de qualidade da educação superior.

"Vivemos na sociedade do conhecimento em que a economia tem cada vez maior dependência do capital humano. Os países que não tiverem um sistema eficiente de educação superior perderão competitividade e seu crescimento não será sustentável. O abandono e o escasso rendimento acadêmico aparecem nesse cenário como um problema maior. Infelizmente, a solução não se alcança a curto prazo."

A atuação do projeto - O Projeto Alfa Guia reúne 20 Instituições de Educação Superior de vários países da América Latina e Europa, entre elas a PUCRS. Seu término está previsto dentro de um ano. O projeto trabalha em quatro linhas: Melhorar o conhecimento sobre os tipos, causas e custos do abandono universitário; Coletar, gerar e avaliar experiências e boas práticas para a redução do abandono; Implementar programas institucionais vinculados a sistemas internos de qualidade; e Estender os objetivos do projeto e socializar os resultados.

Mais informações: www.alfaguia.org

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