Para presidente do BNDES, Brasil tem hoje mais "confiança" para investimentos em inovação

Publicado em 09 de novembro de 2012 às 10h35min

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 O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Luciano Coutinho, reforçou nesta quarta-feira (7) que o BNDES está aberto para a ciência e tecnologia por meio de seu Fundo Tecnológico (Funtec). Indagado pelo presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis, a respeito da falta de laboratórios de grande porte no País para se desenvolver novos produtos, Coutinho se mostrou receptivo a propostas desse tipo durante o encontro 'Avanços e Perspectivas da Ciência no Brasil, América Latina e Caribe', que termina hoje (8) na sede da ABC, no Rio de Janeiro.

"Temos uma janela relativamente pequena, que é o Funtec, para apoio não reembolsável à ciência. Como é pequena, ela oscilou nos últimos anos entre pulverizar-se para atender a vários projetos ou concentrar-se em um grande, como o laboratório de luz síncrotron", declarou. O fundo destina-se a apoiar financeiramente projetos que tenham como objetivo estimular o desenvolvimento tecnológico e a inovação de interesse estratégico para o País.

Ele também recordou o Criatec, um fundo de investimentos de capital semente, destinado à aplicação em empresas emergentes inovadoras. "Temos certos instrumentos de crédito para pequenas empresas e outros para as grandes, que são em parte complementados pela Finep", ressalta.

Coutinho afirma que, historicamente, a alta instabilidade da economia brasileira, "volátil e sem horizontes para o planejamento público e empresarial", levou as empresas a "estratégias superconservadoras quando se tratava de correr riscos com inovação". Hoje, ele afirma haver mais "confiança". "É a situação propícia para que se possa recuperar a relativa fragilidade da ligação com a atividade privada", opina, lembrando que a participação dos investimentos privados em C,T&I é "pequena" em diversos países, "desenvolvidos ou não", ficando entre 0,5% e 0,6% do PIB.

Inovação - Na última terça-feira (6), em palestra durante o seminário 'Atração de Centros de P&D para o Brasil', na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Coutinho anunciou que o BNDES lançará linhas de financiamento para inovação, com programas voltados para áreas da produção que são intensivas em uso de conhecimentos de ponta insuficientes no País atualmente. Tais como saúde, telecomunicações, tecnologia da informação e aeronáutica.

Na ABC, ele lembrou a criação do Movimento Empresarial pela Inovação, concebido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que tem como compromisso dobrar a capacidade de P&D no setor privado. Coutinho ressalta que, além de o Brasil estar favorecido pela conjuntura econômica, "existe uma oportunidade objetiva nos setores onde a demanda por inovação é componente fundamental", dando como exemplo as áreas de saúde, petróleo e energia renovável.

O presidente do BNDES também ressaltou uma iniciativa da CNI, que "está em vias de duplicar a capacidade do sistema Senai". "Há um grande movimento do Ministério da Educação com o Pronatec que pretende corrigir o viés do ensino técnico brasileiro, antes muito mais acadêmico que profissionalizante", detalha. Ele conta que o processo de investimento vem sendo feito com base na experiência do instituto alemão Fraunhofer, "o modelo mais bem-sucedido de cooperação técnica entre institutos de pesquisa e indústria privada".

Reprimarização - O secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luiz Antonio Elias, também participou do seminário na ABC e destacou que o Brasil "ainda não superou o processo de 'commoditização'", alertando que outros países em desenvolvimento e mesmo os que estão em crise "não estão parados no setor de inovação". "Apesar da crise, tanto os Estados Unidos quanto a Europa continuaram investindo em C,T&I. E os países asiáticos também avançaram", lembra.

Diante de dados obtidos da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Elias observa que a economia brasileira "está crescendo, mas não na velocidade que deveria". E lembra que os investimentos estrangeiros "não estão trazendo o processo de conhecimento atrelado", o que o faz temer uma possível "reprimarização" da economia.

"A Cepal mostra que, embora tenhamos prosperado na capacidade técnica, o progresso técnico está distante. É necessário que a gente dê uma ênfase mais forte na capacitação e no comprometimento da diversificação produtiva e isso se dará com um elemento central que é a infraestrutura laboratorial", pontua.

Para Elias, a existência de grandes laboratórios e grandes infraestruturas, aliada a "uma realidade direta com o setor empresarial", é fundamental para poder progredir. "Mas isso não afasta a necessidade permanente da educação e da capacidade interna de a ciência se responder a si mesma", conclui.

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