Candotti destaca desafios da diplomacia brasileira no meio ambiente

Publicado em 06 de dezembro de 2012 às 11h02min

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 O principal desafio da diplomacia brasileira nos próximos anos é incluir nas negociações ambientais, ao lado do combate à pobreza e a sustentabilidade do desenvolvimento, a questão de uma equilibrada cooperação científica e técnica necessária para promover o conhecimento dos ecossistemas naturais e os ambientes geofísicos, e, principalmente, dos organismos do microcosmo das florestas e oceanos.
A declaração é do físico Ennio Candotti, diretor do Museu da Amazônia e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em sua palestra sobre o meio ambiente na Conferência sobre Relações Exteriores, realizada em Fortaleza, na última semana de novembro, de 29 a 30. O evento foi realizado pela Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), vinculada ao Ministério de Relações Exteriores (MRE).
Segundo Candotti, as negociações bilaterais devem ultrapassar os estreitos vínculos e interesses proprietários e corporativos "que contaminam" a cooperação científica internacional, responsável por "indiscutíveis" progressos no conhecimento do mundo físico e na criação de redes de compartilhamento de dados e informações.
Em sua palestra, o físico discorreu sobre os principais temas das três últimas conferências da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o meio ambiente: a de Estocolmo, em 1972; a ECO-92, no Rio de Janeiro, em 1992; e mais recente, a Rio +20, em junho deste ano.
Dentre outros temas, Candotti falou, também, sobre a atual legislação nacional de acesso ao patrimônio genético e da falta de pesquisadores na Amazônia. Segundo ele, a legislação nacional que visa a proteger o "patrimônio genético potencial" da biodiversidade "é muito restritiva e dificulta ao máximo a pesquisa científica". "Hoje, em nosso país, é muito mais fácil pescar e exportar um peixe do que coletar um exemplar para pesquisa em laboratório", declarou.
No caso da Amazônia, conforme Candotti, "contam-se nos dedos de uma mão" o número de grupos de pesquisa em biotecnologia e, principalmente, em microbiologia e micologia. "Há dez pesquisadores do mais alto nível, segundo a classificação do CNPq, em toda a Amazônia e, creio, um apenas nessas áreas de pesquisa".
O discurso do físico está disponível na íntegra em PDF no link: www.jornaldaciencia.org.br/links/EnnioCandottiFortaleza.pdf.

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