Chico Buarque recebe prêmio cubano por livro “Leite Derramado”

Publicado em 05 de fevereiro de 2013 às 11h12min

Tag(s): Cultura



"Leite Derramado", de 2009, rendeu ao músico e escritor, Chico Buarque, o prêmio Literário Casa de Las Américas, um dos mais importantes para obras publicadas em espanhol. Chico recebeu o prêmio de honra em Narrativa. O escritor Luiz Ruffato também foi contemplado com a premiação e venceu a categoria literatura brasileira pelo romance “Domingos Sem Deus”.
Em “Leite Derramado”, vencedor do prêmio Jabuti, um idoso internado em um hospital narra suas memórias, percorrendo de modo desarticulado as várias gerações de sua família. Chico também é autor de “Budapeste” (2004), “Benjamin” (1995) e “Estorvo” (1981) e “Fazenda Modelo” (1974), entre outros.
Já “Domingos Sem Deus” foi descrito como uma “obra que retrata o dia a dia do proletariado brasileiro, realidade pouco visível nas narrativas contemporâneas”, o livro “leva ao limite os padrões da língua normativa e cria uma pontuação e ritmo próprios”, diz o texto no site do prêmio. “Domingos Sem Deus” encerra o projeto Inferno Provisório, composto por “Mamma, Son Tanto Felice” (2005), “O Mundo Inimigo” (2005), “Vista Parcial da Noite” (2006) e “O Livro das Impossibilidades” (2008).
O júri de literatura brasileiro foi composto por Marcelino Freire, Carola Saavedra e Suzana Vargas, que também concederam uma menção especial a “Carbono Pautado, Memória de um Auxiliar de Escritório”, de Rodrigo de Souza Leão. O romance “O Mendigo que Sabia de Cor os Adágios de Erasmo de Rotterdam”, de Evandro Affonso Ferreira, recebeu menção no prêmio.
Prêmio Casa de Las Américas
Criada em 1959 pelo governo cubano, a Casa de las Américas é uma entidade dedicada à promoção da literatura, artes músicas, música, teatro e ciências sociais no continente.
Nesta edição, concorreram ao prêmio 328 livros de poesia, 43 ensaios, 55 obras de literatura de testemunho e 158 representantes de literatura brasileira. Além disso, 20 trabalhos disputaram o prêmio extraordinário de estudos sobre as culturas originais da América. Também foram inscritos no concurso 172 romances, mas o júri decidiu que, apesar da qualidade dos livros apresentados, nenhum atendia às exigências do prêmio.
A Argentina, com 200 obras, foi o país com maior participação seguida de Brasil, Cuba, Colômbia, Chile e Peru. Houve 770 obras participantes, dos gêneros romance (172), poesia (328), literatura testemunhal (56), ensaio histórico-social (42) e literatura brasileira (158).
Veja abaixo a lista com os vencedores:
Poesia
“Pujato”, do argentino Gabriel Cortiñas, foi escolhido por unanimidade pelo júri, composto por Fernando Balseca (Equador), Arturo Carrera (Argentina), Rafael Courtoisie (Uruguai), Joserramón Melendes (Porto Rico) e Teresa Melo (Cuba).
Romance
Não houve vencedor. Segundo o júri, formado por Carlos Garayar de Lillo (Peru), Sergio Missana (Chile), Liza Josefina Porcelli Piussi (Argentina), Yazmín Ross (México) e Alberto Guerra Naranjo (Cuba) nenhum candidato alcançou o nível exigido para o prêmio.
Ensaio de tema histórico-social
“Cuba y los Cubanoamericanos. Un Análisis de la Emigración cubana”, do cubano Jesús Arboleya Cervera, foi eleito por unanimidade pelo júri, formado por Salim Lamrani (França), Renán Vega Cantor (Colômbia) e Sergio Guerra Vilaboy (Cuba).
Literatura de testemunho
“La Sombra del Tío”, do argentino Nicolás Doljanin, também conquistou a unanimidade do júri, formado por Edda Fabbri (Uruguai), Juan Carlos Volnovich (Argentina) e Félix Julio Alfonso López (Cuba).
Literatura brasileira
“Domingos Sem Deus”, de Luiz Ruffato.
Prêmio extraordinário de estudos sobre as culturais originais da América
“La Ciudad Ajena: Subjetividades de Origen Mapuche en el Espacio Urbano”, de Lucía Guerra, do Chile. A obra é uma contribuição importante aos emergentes estudos indígenas no continente americano, na avaliação do júri, composto por Ticio Escobar (Paraguai), Esteban Ticona Alejo (Bolívia) e Emilio del Valle Escalante (Guatemala). O trabalho também foi eleito por unanimidade.
Prêmios honorários
Prêmio de ensaio Ezequiel Martínez Estrada
“Lectores Insurgentes. La Formación de la Crítica Literaria Hispanoamericana (1810-1870)”, de Víctor Barrera Enderle, do México. O autor buscou “corrigir” lugares-comuns que a historiografia literária impôs como característicos da formação do discurso literário hispano-americano. Ensaísta e crítico literário, Enderle é autor de livros como “Literatura y globalización” (2008) e “El reino de lo posible” (2008), entre outros.
Prêmio de narrativa José María Arguedas
“Leite Derramado”, de Chico Buarque.
Prêmio de poesia José Lezama Lima
“Tiranos Temblad”, do uruguaio Rafael Courtoisie. Premiado em seu país, na Espanha e no México, é autor de antologias de poesia uruguaia e dominicana, de livros de poesia como “Poesía y Caracol” (2008), “Mirar de Ciego” (2009) e “Partes de Todo” (2012), além de três romances: “Santo remédio” (2006), “Goma de mascar” (2008) e “El Ombligo del Cielo” (2012).
Fonte: Portal vermelho com informações do Valor Econômico

 

 

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