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Entrevista em 22 de abril de 2009
Kátia Castanho Scortecci é Bióloga, formada pela Universidade de São Paulo (USP). Durante a pós-graduação, trabalhou com a planta arabidopsis thaliana, considerada modelo para análises moleculares, por ser a primeira a ter o genoma seqüenciado. Nesta planta, a professora pesquisou elementos de DNA e RNA, que se movimentam dentro do material genético, e aumentam sua variabilidade.
A professora cursou mestrado e doutorado em Genética Molecular Vegetal, também na Universidade de São Paulo (USP), e após o doutorado foi para a Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, para estudar os genes responsáveis pela floração da arabidopsis thaliana. Ao voltar ao Brasil, em 2002, ingressou na UFRN como bolsista, para pesquisar a caracterização genômica funcional dos genes de reparo da cana-de-açúcar, trabalho ainda em atividade. “Esses genes são responsáveis pelas detecções e correções das lesões ocorridas no material genético, que acontecem naturalmente no organismo”, explica.
Em 2004, Kátia Castanho passou a dar aula no Departamento de Biologia Celular e Genética da UFRN, e iniciou o projeto para identificar os genes da cana-de-açúcar. Segundo ela, a cana plantada atualmente no nordeste apresenta uma floração precoce, o que prejudica a produção de açúcar e do álcool combustível.
“Quando trouxemos do Sudeste algumas variedades de cana e as plantamos aqui, nós identificamos que os fatores externos como a temperatura, o solo e a incidência de chuvas, contribuíam para esse problema. Entretanto, quando levamos as variedades daqui para aquela região a floração precoce persistiu, indicando a necessidade de pesquisarmos essas plantas internamente”, esclarece Kátia Castanho. Atualmente, o material genético extraído da cana está sendo implantado no tabaco e no arroz para que se possa entender como ele se comporta perante os fatores externos.
Mas as pesquisas da professora com a cana-de-açúcar não param por aí. A professora também desenvolve um trabalho em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), onde pretende avaliar os efeitos da exposição da planta a ambientes com gravidade zero. Ela explica que o projeto tem duas etapas: “Na primeira, a cana será levada por foguete e permanecerá no espaço por seis minutos para que possamos analisar quais genes são estimulados pela ausência da gravidade. Na segunda, a cana será enviada à Estação Espacial Internacional, onde ficará por sete dias para vermos como ela se adapta a esse novo ambiente”, concluí Kátia Castanho.