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Entrevista em 07 de janeiro de 2009
Quando era estudante do ensino médio, o professor Antonio Eduardo Martinelli queria fazer sua faculdade na área de materiais, mais especificamente, em cerâmicas. Na capital paulista, onde morava, não havia esse curso, então, ele decidiu prestar vestibular para Física, na USP, em 1983. Martinelli sabia que assim, ele poderia seguir em uma pós-graduação na área que desejava.
No segundo ano de graduação, Martinelli iniciou um estágio de iniciação científica no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN. Lá, ele começou a trabalhar com cerâmicas com propriedades elétricas. Ao terminar a graduação, em 1988, o professor ingressou no mestrado em Tecnologia Nuclear Básica, também no IPEN, onde estudou as cerâmicas com supercondutividade.
Martinelli explica que materiais supercondutores possuem duas características importantes. A primeira é permitir a passagem de corrente sem oferecer resistência elétrica. A segunda é que, quando isso ocorre, ele expulsa de dentro dele as linhas do campo magnético, impedindo o atrito com outros materiais. Essa característica é chamada de Efeito Meissner.
Já o seu doutorado foi realizado na MCGill University, no Canadá, entre 1991 e 1996, em Engenharia de Materiais e Metalúrgica. Enquanto que na iniciação científica e no mestrado Martinelli trabalhou com a síntese da cerâmica, dessa vez o objeto do estudo foi a junção entre materiais metálicos e cerâmicos. Ao voltar para o Brasil, o professor recebeu uma bolsa de recém doutor do CNPq, para atuar na UFSC.
A vinda para a UFRN ocorreu em 1998, quando o pesquisador recebeu um convite para participar da criação do curso de Engenharia de Materiais. Assim, desde 1999, Martinelli tem desenvolvido seus trabalhos em solo potiguar.
Suas pesquisas atuais abordam duas linhas: cimentos e cerâmicas. Na primeira, o professor destaca o desenvolvimento de novos produtos, como cimentos e aditivos, para a utilização em poços de petróleo em terra e em alto mar. Além disso, sua equipe auxilia empresas e testa materiais produzidos por elas, para verificar se eles estão em conformidade com os padrões exigidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pela Petrobras.
Na segunda linha, o professor integra um grupo da UFRN que faz parte de uma rede de pesquisa chamada PaCOS (Pilha a Combustível de Óxido Sólido). A PaCOS foi idealizada para desenvolver, no Brasil, as primeiras células à combustível de óxido sólido, por meio da síntese de cerâmicas eletrônicas e sua supercondutividade iônica. Ou seja, ao invés delas utilizarem o elétron para o transporte de eletricidade, elas usam íons. Os trabalhos de Martinelli são voltados para o refinamento do processo de síntese e obtenção dos eletrólitos e dos catodos, duas das três partes que compõem a pilha.